segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

MPF revela como funcionava a intermediação das propinas na Petrobras



A partir do depoimento do ex-gerente de engenharia da estatal Pedro Barusco, que fechou acordo de delação premiada, o Ministério Público Federal conseguiu traçar o perfil detalhado de cada um dos 11 operadores do esquema revelado na nona fase da Operação Lava-Jato. Segundo os investigadores, eles tinham atuação bastante semelhante à movimentação do doleiro Alberto Youssef, preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, é descrito como o “responsável por operacionalizar o repasse de propinas ao PT, decorrentes de contratos no âmbito da Petrobras”. Barusco revelou que a legenda recebeu, no período de 2003 a 2013, entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões por intermédio do petista.
As informações e documentos probatórios apresentados por Barusco motivaram a Procuradoria da República no Paraná a pedir o bloqueio sem limite prévio das contas dos operadores, incluindo Vaccari. No entanto, o juiz federal Sérgio Moro, à frente dos processos relativos aos desvios na Petrobras, não acatou a solicitação.
O magistrado alegou que “a medida ainda é prematura”. O Ministério Público Federal assegurou que “os operadores financeiros movimentaram em seu nome e lavaram centenas de milhões de reais em detrimento da Petrobras, no Brasil e no exterior”.
A novidade revelada a partir do depoimento de Barusco é que o esquema de corrupção, até então restrito às diretorias de Serviços e Abastecimento e à Área Internacional, também tinha braços nas diretorias de Gás e Energia e Exploração e Produção. Na área de Gás e Energia, por exemplo, ele explicou que o percentual da propina variava normalmente entre 1% e 2%. “Desses 2%, metade era para o Partido dos Trabalhadores, representado por João Vaccari Neto, e a outra metade era para a ‘Casa’, representada neste caso por Renato Duque (ex-diretor de Serviços)”, afirmou.

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