quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Lula e seus Serafins


Por Pedro Luiz Rodrigues

É..., a medir pela vigorosa e uníssona reação dos amigos e aliados do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva - numa espécie de coro de anjos alçados em defesa do líder alcançado por denúncias de mal-feitorias - Marcos Valério (criminoso recentemente sentenciado, juntamente com políticos do PT e da base aliada) ou é um grande mentiroso ou aproximou-se perigosamente da verdade.
Os anjos do PT são todos graúdos, muitos integram a classe dos Serafins, os mais destacados na hierarquia celestial, também conhecidos como ardentes ou de serpentes de fogo. São os mais próximos a Deus e emanam a essência divina no mais alto grau. 
A proximidade com o poder máximo fazem dos Serafins entes especiais. A iconografia os representam como guerreiros, nunca como anjos comuns, aqueles de auréola, inocentes e virtuosos.
Os Serafins exibem seis asas e “inflamam os anjos inferiores no cumprimento dos desígnios divinos, purificando-os com seu fogo e iluminando suas inteligências, destruindo toda sombra”(Wikipedia).
Primeiro Serafim a reagir foi o presidente do Instituto Lula e ex-metalúrgico Paulo Okamotto, acusado por Valério de ameaçá-lo de morte. Negou tudo e acusou o Estadão de ter obtido as informações de forma ilícita. 
A referência aos métodos jornalísticos não é nova. Os líderes do Partido Republica também não gostaram da forma como os repórteres do Washington Post obtiveram as informações que culminariam com o afastamento do presidente Richard Nixon, nos EUA.
Okamotto tem um currículo respeitável: foi diretor financeiro e jurídico do sindicato dos metalúrgicos do ABC e coordenou com José Dirceu, Cesar Alvarez e Ruy Falcão a primeira campanha eleitoral de Lula à Presidência, em 1989. Por seus méritos passou todo o período de 2003 a 2010 como presidente nacional do Sebrae.
Aos jornalistas, ontem, declarou , serafínicamente, que os resultados do julgamento do mensalão tornam possível concluir “que os que buscaram recursos para pagar campanha, que usaram esses recursos e não sabiam, acabaram pagando pela aproximação com Valério”. Tadinhos, pobres inocentes.
Outro Serafinzão que apareceu ontem na mídia, foi o condenado José Dirceu, que se percebe pobre vítima inocente de um malévolo  julgamento que , acredita, será apagado da história. Triste ilusão.
 Em cartão de Natal enviado a muitos, Dirceu lembrou de sua luta pela liberdade do País. Ora José, não me venha de borzeguins ao leito. Muitos se bateram contra o regime militar na busca pelo retorno das liberdades democráticas. Desculpe-me, mas não foi propriamente seu caso. Nós jornalistas, assim como seus colegas de partido, sabemos de seu acérrimo pendor autoritário, e que a liberdade que aspirava era, na melhor das hipóteses,  à la cubana.
E por fim, fecha a cena, o cordão dos governadores indo ontem fazer seu preito de vassalagem a Deus na Terra. Aí, a bem da verdade, poucos Serafins, a maioria menos graduados, das ordens dos Tronos, Virtudes ou meros Arcanjos.
É bom nomeá-los: Tião Viana (PT-AC), Jaques Wagner (PT-BA), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Agnelo Queiroz (PT-DF), Camilo Capiberibe (PSB-AP), Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), Cid Gomes (PSB-CE) e Silval Barbosa (PMDB-MT). Também esteve presente Luiz Fernando Pezão, vice-governador do Rio de Janeiro. 
Esses acreditam que a Justiça deva ter limites. Que a imprensa deva ter limites. Que o Ministério Público deva ter limites. Que tudo tenha limites para não afetar os detentores do poder, lá alçados pelo voto popular. Como gostariam que o Brasil fosse a Venezuela, o Equador, a Argentina...
 
Claudio Humberto
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