Por Pedro Luiz Rodrigues
Tenho uma ideia que me parece muito boa para dar aos nossos queridos deputados e senadores, todos, tenho certeza, muito sensibilizados pela intensidade das manifestações de rua por maior transparência e por melhor uso das verbas públicas, cuja origem é, evidentemente, o bolso de todos nós.
Nos últimos anos tornou-se hábito, péssimo por sinal, o de se governar pela propaganda. Governo federal, governos estaduais, o GDF, as estatais, o poder Legislativo o poder Judiciário, passaram a gastar fortunas com marqueteiros, consultores e filmes de propaganda e publicidade que fazem veicular nos horários ou páginas mais nobres e caras de nossos meios de comunicação.
Às vezes somos, leitores, ouvintes, telespectadores, alvo de uma verdadeira lavagem cerebral. A Caixa, agora, coloca dez vezes seguidas a propaganda do cartão da bolsa-móveis, para estimular as já endividadíssimas famílias recentemente chegadas à casse média a gastar cinco mil reais comprando geladeiras, torradeiras, micro-ondas, cafeteiras, chaleiras, fornos e fogões, televisores, cadeiras, mesas, bancos, sofás, tudo a juros muitíssimo camaradas.
A Petrobras, estatal que conta com minha simpatia desde menino, é outra. É anúncio atrás de anúncio, falando de sua gente competente, feliz, sorridente. Acho muito bonito, mas cá entre nós, diante da situação não muito espetacular das finanças e da produção da empresa nos últimos tempos, melhor seria botar a dinheirama toda gasta com anúncios para melhorar seu próprio desempenho.
Bom, voltemos à ideia original.
Em nome da transparência e para saber o quanto gasta o governo para enfeitar suas (in)ações, o parlamentar ousado poderá apresentar um projeto que obriga, no final de cada anúncio, anunciar o quanto custou a campanha como um todo e, em particular, a inserção. Pode tudo ser muito discreto, no canto da página ou da tela. O problema seria com os anúncios e o merchandising (aquilo que o locutor fala como se fosse de sua autoria, mas que é pago pelos cofres públicos) nas rádios, que teriam de ser ditos em voz alta.
Assim, o cidadão paciente, num domingo, poderia tentar calcular a fortuna que é gasta para o governo nos convencer de que ele é o máximo.
Eu, na verdade, preferiria que em vez de anúncios todo o tempo sorridentes, visse nossa infraestrutura modernizada, os alunos aprendendo e todos bem atendidos nos hospitais e todas as demais repartições do serviço público.
Além do mais, o Tribunal de Contas da União, verdadeiro São Jorge defensor da correção e do bom uso do dinheiro da viúva, poderia atuar para limitar os óbvios excessos nessa área. Uma boa medida, que poderia ser determinada hoje mesmo, seria a de publicar semanal ou mensalmente o quanto cada órgão do governo ou empresa estatal (ou de economia mista) gasta, e em muitos casos, desperdiça, com tanta propaganda.
Além do mais, entupir a imprensa com dinheiro de anúncios do Estados pode parecer uma tentativa de silenciar as críticas.
Outra idéia: transferir pelo menos metade do que se gasta nessa área para assegurar o passe livre do transporte dos estudantes. Outra parte poderia ser destinada para o programa de compra de livros didáticos.
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