Por Carlos Chagas
Saída, tem. Bastam imaginação e vontade. Traduzindo os principais protestos levados às ruas por centenas de milhares de jovens, em todo o país, conclui-se que os gastos desmedidos com a Copa das Confederações e com a Copa do Mundo poderiam acoplar-se às queixas sobre profundas deficiências na educação e na saúde públicas. Por que não somar dois e dois? O Brasil carece de hospitais, de universidades e de centros de ensino médio e técnico. Que tal adaptar esses elefantes brancos construídos de modo a aumentar o lucro das empreiteiras para, durante a semana, servirem de hospitais e escolas? Seria o dinheiro mais bem gasto do mundo: sábados e domingos, atividades esportivas. De segunda a sexta, salas de aula e enfermarias, bastando encontrar arquitetos, educadores e médicos com suficiente capacidade de sonhar para realizar.
Nem a idéia é tão original assim, porque Leonel Brizola, governador do Rio, assessorado por Darcy Ribeiro, encomendou a Oscar Niemayer um projeto para transformar o Sambódromo em escola, durante a semana e nos períodos posteriores ao Carnaval. Dito e feito, coisa que daqui de Brasília ignoramos se ainda funciona, porque Sérgio Cabral não se chama Leonel Brizola.
Muitos ranzinzas e outro tanto de ingênuos argumentariam ser esse um projeto impossível, tamanha a soma de recursos que exigiriam as instalações para essas duplas funções. Mas o Sambódromo foi feito em poucos meses, doublé de escolas. Brasília erigiu-se no espaço de um mandato presidencial e até hoje desperta a admiração nacional. Por que os estádios de futebol não poderiam funcionar para redimir a educação pública deficiente, ou servir de refrigério para as carências na saúde da população?
Não se trata de trabalho para um só governo, ainda que se constitua numa tentação para o segundo mandato de Dilma Rousseff. A se completar sabe-se lá quando, mas pronto para ser iniciado assim que prevalecerem a imaginação e a vontade. Já pensaram no Maracanã renovado funcionando como um hospital modelo, sem prejuízo das competições esportivas nacionais e internacionais? Ou nessas múltiplas arenas construídas no Norte, Nordeste e Sul, servindo como universidades-modelo? Que tal esse faraônico Estádio Mané Garrincha, da capital federal, virar também um centro de ensino e atividades médicas, capaz de ombrear com o Sírio-Libanês ou o Albert Einstein?
Empregos seriam criados aos milhares, para atender carências seculares. E para quem alegar falta de dinheiro, aí estão o lucro dos bancos, as remessas olímpicas de dólares para o exterior e a fantástica fábrica de ilusões que continua sendo o Pré-Sal.
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