sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Ativistas resgatam cães de laboratório de testes em São Roque (SP)


 
MARTHA ALVES
DE SÃO PAULO

Um grupo de ao menos cem ativistas invadiu e resgatou cães da raça beagle do Instituto Royal, no Jardim Cardoso, em São Roque (59 km de São Paulo), por volta das 2h desta sexta-feira. Os ativistas protestam contra o uso de cães da raça em testes feitos pelo instituto que trabalha para farmacêuticas.
Os ativistas arrombaram gaiolas e resgataram cerca de 200 cachorros da raça beagle, que foram levados em carros a clínicas veterinárias particulares da região. Segundo a ativista Giuliana Stefanini, seis destes cachorros tinham tumores e estavam mutilados. " O que mais chocou o grupo foi um beagle sem os olhos", disse Giuliana.
No laboratório, os manifestantes também encontraram vários fetos de ratos e um cachorro congelado em nitrogênio líquido.

Ativistas resgatam cães em São Roque (SP)

 
Avener Prado/Folhapress
Grupo de ao menos cem ativistas invadiu e resgatou cães da raça beagle do Instituto Royal, no Jardim Cardoso, em São Roque (SP)
O protesto começou por volta das 16h de ontem (17) com cerca de 35 pessoas. Segundo a Guarda Civil Municipal, no período da noite o número de manifestantes começou a aumentar. Por volta das 2h, a GCM contabilizava ao menos 150 pessoas no local, divididas em grupos em frente as duas entradas da clínica.
Os manifestantes alegam que tentaram na tarde de ontem uma reunião com o instituto, que desmarcou em cima da hora. O grupo foi para a frente do laboratório protestar e disse ter ouvido gemidos de animais.

Antes da invasão do instituto, alguns ativistas foram à delegacia de São Roque para tentar registrar um boletim de ocorrência de maus tratos contra os animais, mas o delegado não estava no local. Segundo Giuliana, outro grupo foi à casa do juiz de São Roque, que atendeu aos ativistas e chamou a polícia.
Os manifestantes reclamaram que também pediram ajuda a Guardas Municipais e policiais militares, que estavam em frente ao instituto, mas eles não fizeram nada.
Segundo a Guarda Civil Municipal de São Roque, nenhum ativista foi preso. A Polícia Civil de Sorocaba deve fazer a perícia no prédio do instituto nesta sexta-feira.
PROTESTOS
Em agosto, manifestantes de diversas ONGs de proteção aos animais foram a São Roque (SP) protestar contra o instituto.
O "comboio" saiu da avenida Paulista, no centro da capital, para percorrer 70 km até São Roque, onde se encontraram com ativistas locais.
Percorreram o centro da cidade com carro de som, empunhando cartazes e bandeiras com críticas ao instituto e aos testes em animais (vivissecções).
Após a passeata, o grupo, de cerca de 200 pessoas, foi até o portão da empresa, onde quatro seguranças estacionaram o carro em frente ao portão de entrada para evitar arrombamentos.
PESQUISAS
Os cães são usados em pesquisas de medicamentos que serão lançados. O objetivo é verificar a existência de possíveis reações adversas, como vômito, diarreia, perda de coordenação e até convulsões.
Em muitas das pesquisas, os cães acabam sacrificados antes mesmo de completarem um ano, para que se possa avaliar os efeitos dos remédios nos órgãos dos bichos.
Quando isso não é necessário, os cães são colocados para adoção, diz a empresa.
O Instituto Royal, alvo da manifestação, passou a ser investigado pelo Ministério Público de São Paulo, que recebeu denúncias de maus-tratos aos animais.
Ao menos 66 beagles são mantidos em canis. A maior parte deles é reprodutora dos filhotes que serão testados.
O Royal diz que, em breve, fornecerá animais para testes em outros institutos.
"Recebemos a denúncia de que esses animais são acondicionados em condições irregulares", afirma Wilson Velasco Jr., promotor do Meio Ambiente em São Roque.
QUESTÃO POLÊMICA
O uso de cães em pesquisas é permitido e regulado por normas internacionais.
Protetores de animais, no entanto, questionam as normas. "As indústrias sequestram a vida dos animais, que nunca mais terão um comportamento normal", diz Vanice Teixeira Orlandi, presidente da União Internacional Protetora dos Animais.
Segundo o vice-diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, Francisco Javier Hernandez Blazquez, os cães da raça beagle são os mais utilizados para experimentos no exterior, pois são animais de médio porte e já criados para a pesquisa.
No Brasil, ratos e camundongos são os bichos mais usados em pesquisas feitas em laboratórios.
"Todo e qualquer experimento realizado por docentes e pesquisadores em animais deve passar por uma comissão de ética para analisar se o animal sofrerá e qual a finalidade do projeto", diz.
O protesto, organizado pelo Facebook, já tem cerca de 300 pessoas confirmadas. Um comboio sairá de São Paulo às 9h, do Masp, na avenida Paulista, região central.

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