Post do leitor Alexandre Barbosa Andrade, médico e professor da Universidade Federal de Ouro Preto
MÉDICO NO BRASIL, UM GUERREIRO ESCONDIDO E DEDICADO À POPULAÇÃO
Sou jovem, tenho 34 anos, oito anos de formado em medicina pela UFMG. Desde a emocionante data que me entregara meu diploma de medicina, sou crítico de nossa saúde pública e do SUS, mas a cada dia mais dedicado e apaixonado pelos nossos pacientes carentes de atenção.
Segundo a propaganda governamental temos a melhor infraestrutura do mundo. Contudo, qualquer brasileiro é capaz de entender como a medicina no Brasil já respira por aparelhos.
Geralmente, a grande maioria dos empregos médicos públicos esbarram na péssima infraestrutura. Em 2006, quando trabalhei como internista (em enfermaria de Clínica Médica) no Município de Contagem (MG), um dos cinco municípios com maior arrecadação no Estado, fiquei, acreditem, doze meses com idoso de 84 anos internado à espera de uma ressonância nuclear magnética.
Quantas vezes cuidei, por vários dias, de jovens – que vieram a perder as suas vidas – por falta de um único leito em CTI. Nessa mesma época, trabalhava em Unidade de Pronto Atendimento da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Por duas vezes, em um mesmo ano, bandidos invadiram a unidade e assassinaram seus opositores do tráfico na minha frente.
Nesta mesma unidade, não era raro encontrar quatro pacientes sedados, na sala vermelha de emergência, com necessidade de respirador, à espera da loteria de sua vaga no intensivismo.
Mesmo com todo este sofrimento, lutava, como nunca, por cada vida com o risco de se abreviar. Ser médico em nosso país nunca foi fácil, pois nosso exército de branco nunca cansa, mesmo nesta guerra chamada Brasil. Fui, enfim, fazer o que mais gosto, ensinar a boa medicina.
Tornei-me por concurso professor federal na Escola de Medicina de Ouro Preto. Apesar da conhecida carência profissional, nem tudo são flores na rede de ensino. Os alunos, provenientes de um vestibular acima de 150 candidatos por vaga, atendem em centros saúde sem pias nos consultórios, com iluminação precária, com macas improvisadas, sem lençol descartável, com restrita farmácia pública dotada às vezes com medicamentos em desuso, com instalações sem adaptação para idosos ou deficientes e o maior dos problemas: com demora excessiva para a realização dos exames.
Um hemograma demora trinta dias, uma tomografia de tórax seis meses e uma colonoscopia mais de um ano. Todas essas dificuldades protelam o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno.
Desde cedo, então, o jovem médico no serviço público convive com as migalhas dos impostos que sobram para o SUS. Mesmo com todas as adversidades, somos cuidadosos, carinhosos, comprometidos, dedicados, humanos e acima de tudo, guerreiros escondidos pela mídia, mas massacrados pela política governamental!!!
MÉDICO NO BRASIL, UM GUERREIRO ESCONDIDO E DEDICADO À POPULAÇÃO
Sou jovem, tenho 34 anos, oito anos de formado em medicina pela UFMG. Desde a emocionante data que me entregara meu diploma de medicina, sou crítico de nossa saúde pública e do SUS, mas a cada dia mais dedicado e apaixonado pelos nossos pacientes carentes de atenção.
Segundo a propaganda governamental temos a melhor infraestrutura do mundo. Contudo, qualquer brasileiro é capaz de entender como a medicina no Brasil já respira por aparelhos.
Geralmente, a grande maioria dos empregos médicos públicos esbarram na péssima infraestrutura. Em 2006, quando trabalhei como internista (em enfermaria de Clínica Médica) no Município de Contagem (MG), um dos cinco municípios com maior arrecadação no Estado, fiquei, acreditem, doze meses com idoso de 84 anos internado à espera de uma ressonância nuclear magnética.
Quantas vezes cuidei, por vários dias, de jovens – que vieram a perder as suas vidas – por falta de um único leito em CTI. Nessa mesma época, trabalhava em Unidade de Pronto Atendimento da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Por duas vezes, em um mesmo ano, bandidos invadiram a unidade e assassinaram seus opositores do tráfico na minha frente.
Nesta mesma unidade, não era raro encontrar quatro pacientes sedados, na sala vermelha de emergência, com necessidade de respirador, à espera da loteria de sua vaga no intensivismo.
Mesmo com todo este sofrimento, lutava, como nunca, por cada vida com o risco de se abreviar. Ser médico em nosso país nunca foi fácil, pois nosso exército de branco nunca cansa, mesmo nesta guerra chamada Brasil. Fui, enfim, fazer o que mais gosto, ensinar a boa medicina.
Tornei-me por concurso professor federal na Escola de Medicina de Ouro Preto. Apesar da conhecida carência profissional, nem tudo são flores na rede de ensino. Os alunos, provenientes de um vestibular acima de 150 candidatos por vaga, atendem em centros saúde sem pias nos consultórios, com iluminação precária, com macas improvisadas, sem lençol descartável, com restrita farmácia pública dotada às vezes com medicamentos em desuso, com instalações sem adaptação para idosos ou deficientes e o maior dos problemas: com demora excessiva para a realização dos exames.
Um hemograma demora trinta dias, uma tomografia de tórax seis meses e uma colonoscopia mais de um ano. Todas essas dificuldades protelam o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno.
Desde cedo, então, o jovem médico no serviço público convive com as migalhas dos impostos que sobram para o SUS. Mesmo com todas as adversidades, somos cuidadosos, carinhosos, comprometidos, dedicados, humanos e acima de tudo, guerreiros escondidos pela mídia, mas massacrados pela política governamental!!!
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