segunda-feira, 2 de junho de 2014

UMA NAÇÃO EM FRANGALHOS

CARLOS CHAGAS

Provas, não há. Provavelmente, nem haverá. Eles são espertos e malandros. Mas é impossível que alguém não de preocupe, na imprensa, nas universidades, na Polícia Federal ou na Agência Brasileira de Inteligência, em juntar os fios desse enigma que nos assola desde junho do ano passado, quando se multiplicaram ao infinito as manifestações de protesto e de violência perpetradas por  sucessivas parcelas da sociedade contra as sofríveis e abomináveis estruturas institucionais do país. Não que motivos inexistissem, até fartos,  justificando  a indignação geral diante da falência do poder público.  Mas dá para desconfiar das origens dessa crescente onda de protestos, depredações, greves, paralisações e desordens repetidas entre nós. Teria a sofrida massa popular apenas despertado da letargia de décadas diante de governos e de entidades variadas da sociedade civil, nas quais inutilmente continuamos a depositar queixas e esperanças? Na Física, nenhum efeito registra-se sem causa. Na Sociologia e na Política também. A conclusão inicial é de que estímulos devem ser detectados para acelerar essa evidência de desagregação nacional. Internos e externos.
De um ano para cá tem ganhado as ruas montes de  categorias e grupos sociais protestando contra falhas, omissões e excessos do poder público, exigindo no espaço de doze meses iniciativas há décadas descuidadas  pelo estado nacional e por seus supostos beneficiários, importando menos a que partidos,ideologias ou filiados pertençam uns e outros.De graça, esses fenômenos não costumam acontecer.
Tem azeitona nessa empada, sem que se atenuem ou desculpem  as cobranças, de um lado, e de outro a inação, a incompetência ou a corrupção de quantos esperam e de quantos se propõem a livrar o país e nossas agruras, pois apenas despencamos cada vez mais para as profundezas, sejam do PT, do PSDB, do PMDB ou estejam fardados, de terno ou macacão.Sempre foi assim, dirão  os céticos, mas o problema é que de um ano para cá inflou-se o germe dos protestos, do inconformismo  e da insurgência do Brasil Real contra o Brasil Formal. A confusão e a  desordem podem explicar-se por nossas deficiências seculares. Só que  não dá para entender porque, de repente, caracteriza-se o caos em nosso dia a dia.  Todos os setores da sociedade insurgem-se a um só tempo, numa ação eivada de reclamos naturais,mas, também, de excessos injustificáveis.
Quem nos despertou? Que força estranha vem despertando tamanha rebelião na placidez a que estávamos acostumados faz tempo? Parece bobagem argumentar que recebendo mais do que recebia,  a população exige mais ainda. Haverá motivo para que, da noite para o dia, a acomodação tenha virado indignação incontrolável, não havendo sinais de arrefecer  tão cedo.
É bom tomar cuidado. Podem estar vindo de fora os estímulos  para que a ordem canhestra do passado se tenha transformado em  desordem desordenada de hoje. A quem interessa a confusão que só nos prejudica?
Traduzindo todas essas inúteis considerações: existem nações de organizações internacionais interessadas em manter ou mesmo em fazer retroceder o Brasil à condição de colônia destinada a servi-las sem o sonho da libertação. Basta verificar que cada vez mais  nos tornamos, como no passado, exportadores matérias primas e importadores do que a industria produz lá fora. Claro que auxiliados por parte de nossas elites econômicas e políticas. Para isso, nada melhor do que estimularem a desintegração aqui dentro. Quanto mais para eles nos transformarem numa nação em frangalhos, melhor…

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