Carlos Chagas
Continua dando o que falar a ausência
da presidente Dilma, no fim de semana, na convenção do PT paulista que
formalizou a candidatura de Alexandre Padilha a governador de São Paulo.
Fica difícil aceitar o argumento de que ela deixou de comparecer para
não ofender Paulo Skaf, no mesmo período sagrado em convenção do PMDB. O
ex-presidente da Fiesp já havia recusado o apoio dos companheiros e da
própria Dilma.
Também parece impossível aceitar a alegação de que a
presidente não foi a São Paulo por encontrar-se gripada. Nada que uma
aspirina não resolvesse, ainda mais porque na mesma noite recebeu para
demorado jantar a primeira-ministra da Alemanha.
Sobra então a explicação de que Dilma pulou fora
tendo em vista a ridícula performance de seu ex-ministro da Saúde nas
pesquisas, mais o envolvimento dele com o já quase ex-deputado André
Vargas e o doleiro Youssef.
De qualquer forma, o Lula foi e não gostou de a
sucessora não ter ido. O ex-presidente ainda confia numa reversão das
expectativas, imaginando que o candidato ganhará músculos quando do
início da propaganda eleitoral gratuita pelo rádio e a televisão.
Há um derradeiro raciocínio a justificar a ausência
presidencial: havia sido combinado que o Lula compareceria junto com ela
na inauguração da copa do mundo, no Itaquerão. Sua presença,
imaginava-se, diminuiria o ritmo das vaias já previstas para Dilma, em
especial se aparecessem juntos. Só que o Lula faltou, mesmo estando a
poucos quarteirões do estádio que ainda por cima leva o nome de sua
paixão: Arena-Corintians. Por conta disso é que a presidente teria dado o
troco, ficando em Brasília.
Tanto faz o motivo, pois a verdade é que as relações
entre o criador e a criatura não andam bem. Lula, pela milésima vez,
repetiu que a candidata é a Dilma e que estará com ela para o que der e
vier, ou seja, ganhar ou perder. O problema é que se continuar caindo
nas pesquisas, como atualmente, logo crescerá o coro já razoável de
petistas empenhados no “volta Lula”. E como o primeiro-companheiro
sempre ressalva, hipóteses não podem ser rejeitadas.
ACUSAÇÃO REQUENTADA
É requentada essa história de que as oposições, as
elites e a imprensa dedicam ódio ao PT. O ex-presidente Lula voltou a se
manifestar assim, na esperança de unir o companheiros em torno de
inimigos comuns, injetando-lhes novo ânimo para inflar o balão de
Alexandre Padilha. Está tentando reviver o episódio de Fernando Haddad
na disputa pela prefeitura de São Paulo.
Só que agora é diferente, menos pela vantagem do
governador Geraldo Alckmin, mais pela fragilidade do candidato petista. O
que não dá é aceitar a acusação de que o ódio domina o processo
eleitoral. As oposições preocupam-se mais em melhorar a performance de
seus candidatos do que em denegrir o adversário. As elites, poucos
duvidam, tem sido as maiores beneficiadas da política desenvolvida pelo
PT desde a posse do Lula. E a imprensa, convenhamos, apenas reflete os
fatos, mesmo podendo omiti-los ou multiplicá-los, de acordo com o
interesse de seus controladores.
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