terça-feira, 3 de junho de 2014

A afilhada de Dom Pedro III está ficando parecida com a mãe de Dom João VI


Augusto Nunes

dilma maria
Deslumbrado com a vitória do PT na eleição de 2010, o marqueteiro João Santana resolveu transformar o gabinete presidencial em sala do trono e promover Dilma Rousseff a rainha. “Ela tem tudo para ocupar esse espaço que só foi parcialmente ocupado pela princesa Isabel”, caprichou no chute o vidente baiano. A bola de cristal bateu na trave.
Não há semelhanças entre a afilhada de Lula (que se nomeou Dom Pedro III ao decretar a transposição das águas do São Francisco) e a princesa que aboliu a escravidão. Cartas escritas ao pai e outros documentos históricos mostram que Isabel sempre teve a cabeça no lugar. Mas o falatório de Santana faria algum sentido se, em vez da filha de Dom Pedro II, tivesse evocado a mãe de Dom João VI. Como notou nosso Reynaldo-BH, quem tem muito a ver com Dilma é dona Maria I de Portugal, a primeira rainha do Brasil.
Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana de Bragança já se tornara conhecida como Maria, a Louca quando chegou ao Brasil em 1808. Até morrer oito anos depois, justificou diariamente o cruel cognome. Ela acordava no meio da madrugada, por exemplo, para ordenar que todos ficassem longe do Pão de Açúcar:  era ali a morada do diabo, advertia aos berros.
Dilma Rousseff, faça-se justiça, ainda não enxerga demônios a serviço da oposição pendurados nas encostas do Corcovado. Mas a safra de sandices em dilmês colhida nos últimos dias deixaria assustada a mais antiga mucama de Maria I. Dois exemplos:
“Nesses dez anos nós lutamos para quê? Nós lutamos para que a saúde bucal, os nossos dentes, todo o tratamento bucal, que, como disse o Chioro, é a porta de entrada daquilo que nos alimenta e faz com que nós continuamos vivendo, daquela água que nós bebemos e faz com que nós sobrevivamos, que faz também que nós sejamos humanos, porque uma coisa que nos diferencia de qualquer outra espécie, nós nos comunicamos pela fala, e ainda mais humano do que tudo, nós somos aquela espécie que sorri e também chora, mas sorri, que acha graça, que ri”.
“A gente ia de helicóptero e eu olhei para as propriedades, era em plena região do semiárido. E o que a gente via? A gente via uma porção de pontos brancos, alguns cinzas, via cinza também, porque cinza é mais difícil de ver de lá cima, mas você via isso. E o que me parecia? Eu falei, olha é a quantidade de estrelas no céu é a quantidade de cisternas no chão. As cisternas era uma espécie das estrelas no chão. Isso porque, de fato, ela permite que as pessoas tenham acesso à água”
Neste sábado, a presidente que enxerga um cachorro oculto por trás de cada criança baixou no Rio para festejar a incorporação ao “legado da Copa” de uma das raríssimas “obras de mobilidade urbana” visíveis a olho nu. Segundo o Portal do Planalto, ficou tão emocionada que disse o seguinte:
“E aí eu chego aqui no Transcarioca. O quê que é, eu vou dizer para vocês o quê que é, de fato, absolutamente fantástico nesse BRT Transcarioca. Quê que é?”
Alucinações verbais de calibre semelhante precipitaram a interdição de Maria I, obrigada a repassar ao filho regente o efetivo comando do reino. Embora viva dizendo coisas sem pé nem cabeça há muito tempo, Dilma Rousseff quer continuar no trono pelo menos até 2018.

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