segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Dias piores virão



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Diálogo, palavra que Dilma repete à exaustão, dificilmente ocupará o lugar do divisionismo que o PT prega há tempos.

Da Mary Zaidan

Reajuste dos combustíveis e das tarifas de energia elétrica, alta de juros, suspensão de créditos subsidiados. Tudo feito de pronto. Até cortes em salvaguardas trabalhistas, que na campanha a presidente reeleita jurava de pés juntos que não faria e acusava seu adversário de querer fazer, estão por vir.
“A inflação sob controle”, ladainha repetida por ela nos debates eleitorais, foi substituída pela necessidade de fazer o “dever de casa” para impedir a fúria do dragão. Os sempre condenados cortes em benefícios sociais já não são imexíveis. Os gastos públicos recordes, agora, promete a presidente, serão administrados.
Nada disso combina com o país cor-de-rosa que o PT mostrou no horário eleitoral da TV. Mas Dilma Rousseff, que assim como o ex Lula nunca sabe de nada, sabia que tudo era de mentirinha. E boa parte ainda é. Costumeira, a prática do logro se mantém sem qualquer constrangimento.
Números do Ipea que apontam aumento dos miseráveis em 2013 são tratados pelo primeiro escalão do governo como “não oficiais” ou “margem de erro”. Dados oficiais do governo apontando o risco de racionamento de energia no Sudeste “não valem nada”.
Desfaçatez não falta. O Ibama chegou a dizer que não contou ao país que o desmatamento da Amazônia aumentou 122% em agosto e setembro para impedir a ação de bandidos. Posto assim, o órgão ambiental teria auxiliado continuamente a bandidagem e só deixou de fazê-lo nos meses pré-eleição. É de dar vergonha.
Se no plano econômico o governo Dilma tem tentado agir, ainda que timidamente, acenando com medidas adiadas há tempos, na política a presidente e os seus insistem no ludibrio.
Quanto à corrupção, a presidente se diz uma combatente implacável. Mas, finda a eleição, a indignação que mostrou dois dias antes com a revelação de que Lula e ela sabiam das negociatas na Petrobras deu lugar à mudez.
Isso sem responder a uma questão para lá de simples: sabia?
Diálogo, palavra que Dilma repete à exaustão, dificilmente ocupará o lugar do divisionismo que o PT prega há tempos. O partido da presidente confessa. Considera urgente construir a “hegemonia na sociedade”. Hegemonia, segundo o Aurélio, é a “preponderância de uma cidade ou de um povo sobre outras cidades e outros povos”. A definição fala por si.
Dilma não é lá muito afeita a conversas. Gosta do mando. E, ainda que se esforce, dificilmente conseguirá mudar, como bem disse a jornalista Eliane Cantanhêde em “Dilma adversária de Dilma”. Na economia e na política.
Dias piores virão.

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