quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Uma Marina Silva incomoda muita gente

Carlos Chagas

Longe de nós a suposição de influência política no Tribunal Superior Eleitoral, palco da presença de mestres do Direito. Fica difícil entender, porém, como dois modestos partidos receberam certificado de criação ao tempo em que um terceiro ficou de fora, cuja organizadora conquistou 20 milhões de votos nas eleições presidenciais passadas. Fala-se da Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, que corre o perigo de não conseguir entrar na disputa do ano que vem, se até o próximo dia 5 o tribunal não se pronunciar a respeito.
Não há maior representatividade no Solidariedade, liderado pelo deputado Paulo Pereira da Silva, e no Pros, Partido Republicano da Ordem Social, chefiado por Eurípedes Macedo, um ex-vereador do interior de Goiás. Serão nitidamente legendas de aluguel, daquelas aparecem para abrigar deputados desgarrados de seus partidos de origem. Servirão para que alguns parlamentares não percam o mandato ao trocar de legenda, podendo candidatar-se à reeleição daqui a um ano. Mas carecem de presença no meio do cipoal que agora passa a contar com 32 partidos políticos autorizados a funcionar. Se outros podem, por que não eles?
O problema é que em matéria de partidos, a Rede, apesar de sua histriônica sigla, teria condições de ombrear-se com outros de razoável peso popular. Uma evidência a mais de que pessoas influem muito acima de programas, tornando-se inegável registrar que Marina é uma liderança. Por isso estava pronta para mais uma vez disputar o palácio do Planalto, iniciativa que tomará se conseguir o registro.
Estaria aqui o cerne da questão? A ex-senadora e ex-ministra incomoda muita gente. Tornou-se a expressão mais chegada às esquerdas intelectualizadas. Tiraria votos de quem, se inserida na disputa? Não seria de Aécio Neves nem de Eduardo Campos.
O PT não gostou da perspectiva da candidatura de Marina Silva. Muito menos quando os companheiros viram que em três meses ela conseguiu as assinaturas de mais de 650 mil eleitores. Os outros dois novos partidos estavam nessa coleta desde 2010.
Há quem suponha a realização do segundo turno das eleições presidenciais caso Marina se anteponha à presidente Dilma. Para dirigentes do PT, aqui moraria o perigo. As assinaturas em favor da Rede passaram e ainda passam por meticuloso pente fino, nos cartórios eleitorais dos estados. O mesmo terá acontecido, por exemplo, com o já criado PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab, desaguadouro para deputados ávidos de aderir ao governo Dilma?
Convém esperar. Até o dia 5 o Tribunal Superior Eleitoral ainda realizará três sessões. É possível que as assinaturas cheguem e tempo, depois de examinadas na instância inferior.

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