segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Doleiro acusa Lula e Gabrielli de pagarem empresa suspeita


O doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ordenou, em 2010, ao então presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, que fizesse um pagamento a uma empresa de publicidade suspeita de envolvimento com o esquema de pagamento de propina na estatal. “O Lula ligou para o Gabrielli e falou que tinha que resolver”, disse Youssef, em um dos depoimentos prestados no acordo de delação premiada firmado com a Justiça Federal. Apesar da acusação de ser um dos coordenadores do esquema, Youssef não deu detalhes sobre a suposta ordem de Lula nem sobre como teria ficado sabendo do fato.
Ainda de acordo com o doleiro, Gabrielli teria acionado o diretor de Abastecimento da Petrobras à época, Paulo Roberto Costa, e ordenado a ele que transferisse o dinheiro para a Muranno Marketing/Brasil. A empresa teria débitos a receber e chegou a ameaçar os integrantes do esquema de expor a corrupção na estatal. O dinheiro teria chegado à empresa de publicidade por meio de pagamentos feitos pelas empresas MO Consultoria, pertencente a Youssef, e pela construtora Sanko Sider, também suspeita de fazer parte do esquema. A Polícia Federal identificou pagamentos das duas empresas à Muranno, no valor total de R$ 2,2 milhões, entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Gabrielli teria ordenado a Costa que pegasse “o dinheiro das empreiteiras e passasse para a agência”. A Operação Lava-Jato apontou o envolvimento das maiores empresas brasileiras da área de construção civil como parte do suposto esquema. Elas fariam parte de um cartel criado para fraudar licitações de obras contratadas pela Petrobras. Uma parte do dinheiro era entregue na forma de propina a políticos do PT, do PMDB e do PP.
Na delação, Youssef afirmou ainda que Lula era “refém” do esquema, que teria sido montado na estatal a partir de 2004, no segundo ano de governo do ex-presidente. “Era impossível o Lula governar se não tivesse esse esquema. O Lula era refém desse esquema”, disse. Youssef, que, segundo a Polícia Federal, foi um dos principais operadores das fraudes, afirmou ainda que o grupo foi responsável pela eleição do ex-deputado Severino Cavalcanti (PP) para a presidência da Câmara dos Deputados, em 2005, por influência do ex-deputado José Janene (PP-PR). Morto em 2010, Janene é apontado pela PF como o principal operador do esquema dentro do Congresso Nacional.

Petista nega

Por meio da assessoria, o ex-presidente Lula informou que não comentará vazamentos parciais da delação premiada “e nem depoimentos aos quais não teve acesso”. Gabrielli, que hoje é secretário estadual de Planejamento do governo baiano, também negou as acusações.
O ex-presidente da Petrobras disse ainda que “não conhece o senhor Alberto Youssef” e que “nunca teve qualquer tipo de contato” com o doleiro. Ele também atribuiu a divulgação das informações a uma tentativa de tumultuar o segundo turno da eleição presidencial. O coordenador da defesa de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, disse que não comentará o depoimento do cliente, que está formalmente protegido por segredo de Justiça.


Do Correio Braziliense

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