quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

É golpe, viu, Lula?

Jorge Oliveira

Brasília – O que era uma manifestação discreta, agora está escancarada. Os petistas e os empresários lulistas estão enchendo a mídia com o “Volta, Lula” numa tentativa de desestabilizar o governo da Dilma e forçá-la a desistir da reeleição este ano. É golpe! Por trás dessa armação política, está o próprio ex-presidente que estimula a campanha quando recebe empresários no seu escritório em São Paulo e deixa vazar para a imprensa que eles estão insatisfeitos com o rumo da economia e com o tratamento grosseiro que recebem da presidente. Estão acrescentando mais vozes ao coro da conspiração. Lula, é bem verdade, está de plantão para voltar ao poder mas prefere que a Dilma entregue o bastão para disfarçar o golpe. Se isso ocorrer, quem apostou que o mandato da presidente era tampão acertou na mosca. Ela esquenta a cadeira para a volta do Lula.

O alvoroço na cúpula do PT começou depois das últimas pesquisas que não deixam a presidente numa posição confortável para a reeleição. Esqueça, por exemplo, as manchetes dos jornais baseadas em pesquisas encomendadas que dão a Dilma ganhando no primeiro turno. É pura fantasia, mágica dos institutos. Esqueceu? Agora, leia nas entrelinhas dessas pesquisas publicadas. Lá, você vai encontrar o que mais ameaça a reeleição da Dilma e o que fez acender a luz vermelha nas hostes petistas: a presidente lidera a rejeição entre os candidatos Aécio e Eduardo Campos. Não precisa ser um expert em marketing político para deduzir o perigo que ameaça a candidatura da presidente se esse percentual continuar aumentando.

Para não deixar a Dilma isolada como campeã da rejeição, os institutos de pesquisas encontraram uma fórmula milagrosa de aproximar os dois candidatos dela. A pergunta é: como Aécio e Eduardo estão próximos da rejeição da presidente se ainda não são candidatos oficiais? As pesquisas mostram que os dois prováveis candidatos são desconhecidos por mais de 80% da população, portanto, como eles podem estar quase empatados com a Dilma no quesito rejeição se ela é conhecida por mais de 90% da população? Conclua você mesmo. Mas antes que você dê a resposta, vou me antecipar: manipulação para continuar espalhando festivamente que a presidente ganha a eleição já no primeiro turno.

Agora, vamos voltar ao golpe do Lula. O PT, que adotou no país a doutrina bolivariana do chavismo e da ditadura dos irmãos Castro, quer se perpetuar no poder, portanto, vale tudo para subjugar o eleitor e se manter no pedestal. Indicar a Dilma já foi uma jogada do Lula. Um candidato carismático, independente e habilidoso politicamente não interessava ao ex-presidente quando pinçou a Dilma para substituí-lo. Ele preferia o que está aí: uma presidente incompetente, de mente fragmentada e despreparada para o cargo que permitisse lá na frente movimentos como esses de “Volta, Lula”.

Ora, o brasileiro sabe que a Dilma foi empurrada de goela adentro do eleitor por uma fábrica de marketing que a elegeu mãe do PAC, hoje transformada em madrasta depois da paralisação de quase todas as obras de infraestrutura no país. E mais:  que a economia nas mãos do Mantega está afundando a cada dia; que se gasta mais na Copa do Mundo do que em setores básicos como educação e saúde, o que está levando à população às ruas; que os escândalos se multiplicam agora com  as bênçãos da Comissão de Ética que absolve os malfeitores do governo; que o governo está prestes a ser desclassificado pelas agências internacionais porque não consegue sair do atoleiro das contas públicas; e que a presidente não tem e nunca teve um plano para governar o país. Mas tirá-la a força é golpe, viu Lula!

É por causa dessa deficiência administrativa e o risco de um desastre na reeleição que os petistas e empresários lulistas incentivam nos jornais e na rede social o “Volta, Lula” para forçar a Dilma a ceder o lugar a ele que, na verdade, nem precisava porque continua exercendo de fato o terceiro mandato.  Esse desapontamento do Lula, se você me permite, lembra muito o jargão de um esquete do Zorra Total, onde o ator Jorge Dória terminava o diálogo com o Alfredinho (Lucio Mauro Filho) e arrematava: “Mas onde foi que eu errei”?

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