Em país sério, líder que anuncia adotar e principalmente líder que põe em prática medidas impopulares — pensando no bem do país, em consertar erros, em colocá-lo no rumo e não, como gênios do mal, esfregando as mãos de prazer em prejudicar “o povo” –, independentemente de sofrer prejuízos eleitorais, é candidato certo a estadista.
No manequeísmo primário que vivemos no Brasil, porém, quem toma medidas pensando em futuras gerações, e não em futuras eleições, é apedrejado demagogicamente pelos adversários — e o pior de tudo é que eles sabem que, uma vez no poder, terão que fazer muito, ou tudo, do que criticavam no outro.
O caso da presidente Dilma já está se tornando clássico. No afã de obter votos, ela atribuiu a Aécio até iniciativas que ele não chegou a prometer — as “medidas impopulares”, que certamente precisariam ser levadas a efeito para fazer frente à herança maldita dilmista, foram referidas pelo economista e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que seria o ministro da Fazenda de Aécio.
Pois foi só passar a eleição, e foi aquilo que vimos, e estamos vendo: subida nos juros, depois uma paulada em meia dúzia de benefícios da Previdência Social que não excluiu nem viúvas, um brutal corte de despesas etc etc… Agora, como jornalistas independentes cansaram de repetir durante a campanha eleitoral, chega a vez de começar pagar a conta da demagogia de empurrar para debaixo do tapete custos enormes, que tornariam ainda pior a inflação da herança maldita que Dilma acabaria deixando para si própria.
No caso, da energia elétrica, com preços artificialmente controlados pelo governo anterior de Dilma, o que levou as empresas geradoras e distribuidoras a um monumental déficit, coberto aqui e ali por empréstimos favorecidos pelo governo para que as empresas não quebrassem. Mas a brincadeira está acabando, e, para compensar o arrocho artificial na eletricidade, vem aí — preparem-se, todos! — uma paulada considerável nas contas de energia elétrica. A coisa pode chegar a… 40% EM MÉDIA, ou seja, haverá muitos casos em que estará acima deste patamar — isso num país em que, jurava a presidente-candidata, a inflação “está sob controle”.
A estimativa de que as contas de energia
elétrica devem subir, em média, 40% em 2015 vêm de uma estimativa
da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que foi apresentada na
segunda-feira à presidente Dilma Rousseff e aos novos ministros da
Fazenda, Joaquim Levy, e de Minas e Energia, Eduardo Braga.
O aumento é bem maior do que o que consta no
relatório de inflação do Banco Central, que previa alta de 17% e pode
representar um acréscimo de 1,2 ponto porcentual no índice de inflação
(IPCA) deste ano.
Segundo o jornal Valor Econômico, referido em matéria de VEJA.com, na estimativa da Aneel já está previsto o fim da ajuda do Tesouro às elétricas.
Diz ainda VEJA.com que “em ano de corte de gastos, o governo disse na segunda-feira que não bancará mais o rombo financeiro, deixando para trás a política tão defendida pela presidente em 2012, baseada em subsídios ao setor”.
Só em 2014 as elétricas precisaram tomar emprestados colossais 17,8 bilhões de reais.
Agora, quem começará a pagar a conta somos nós, consumidores
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