Carlos Chagas
Encenado pelos partidos da base
parlamentar do governo, espetáculo mais grotesco não poderia ser
programado para este mês de janeiro além da caça aos cargos de segundo
escalão dos ministérios. Diante da escalação do primeiro time da equipe,
o descontentamento do PMDB, PT, PP, PSD, PDT, PTB e penduricalhos
acirrou em todos a ambição de alargarem outros espaços de poder, não
tendo recebido os ministérios que esperavam. Utilizam a ameaça de
sempre: caso não consigam o maior número possível de dirigentes das
múltiplas empresas e dos departamentos encarregados de fazer funcionar a
máquina governamental, irão retirar o apoio parlamentar prometido ao
palácio do Planalto.
Aliás, é no segundo escalão que se localizam as
melhores e mais polpudas oportunidades de abastecer os caixas dos
partidos e as contas bancárias de seus líderes. Diretorias de toda
espécie assemelham-se a frutas maduras prestes a ser colhidas, daí o
conflito entre os partidos. Julgam-se no direito de ocupar espaços tidos
como herança, assim como de avançar em territórios ocupados por seus
concorrentes.
A confusão é geral, mas o pior nessa caça ao tesouro é
a postura da presidente Dilma. Ela e seu núcleo palaciano mais próximo
consideram a disputa normal. Suas dificuldades são apenas para contentar
a todos. Como aconteceu na definição do ministério, existem feudos e
capitanias hereditárias a atender, bem como novas ambições a contemplar.
A administração pública fica exposta num amplo balcão de negócios onde
oferta e procura celebram acordos abjetos, sem a mínima atenção à
eficiência da máquina administrativa e ao melhor funcionamento do poder
público.
Tudo se faz sob o signo da chantagem. Determinado
banco, departamento ou empresa estatal vai para esse ou aquele partido
na medida em que a nomeação assegure mais votos na Câmara ou no Senado.
Senão… Senão retiram o apoio a projetos de interesse do governo, quando
fevereiro chegar…
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