E não é exagero da mídia: deputada bem votada, ex-prefeita da maior cidade do país, senadora da República, é a figura de maior porte do partido que poderá abandoná-lo desde o episódio que culminou com a auto-defenestração da também ex-prefeita Luiza Erundina quando ela cometeu o crime tenebroso, para o radicalismo petista, de colaborar com o iniciante governo do presidente Itamar Franco, aceitando ser ministra da Administração, após o impeachment de Fernando Collor, que deixou atrás de si um país em colapso econômico e mergulhado em brutal crise política.
Marta Suplicy vem, desde novembro, distribuindo bordoada para todo lado: em seu sucessor, o atual ministro Juca Ferreira, na política econômica do governo Dilma, no governo Dilma, no chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, no presidente do PT, Rui Falcão… e por aí vai.
Até agora, porém, nada, nadinha, nem um cisquinho sobre o capo di tutti capi do PT — idealizador do partido, seu fundador e presidente de honra vitalício, ex-presidento da República e candidato permanente, Lula.
Nem um reparo, nem um cutucão, nem uma criticazinha — nada, nada, nada. Ela até chegou a ter várias conversas com o ex-presidento no ano passado no âmbito do “Volta, Lula”, que pretendia passar uma rasteira em Dilma e colocar o Deus supremo do lulalato disputando com Aécio Neves a Presidência.
Continua venerando o ex-presidento e obediente a ele.
De que adianta, então, “romper” barulhentamente com o PT sem levantar um dedinho contra Lula?
Pois vejam bem: em todas as maracutaias, todos os desvios éticos, todas as safadezas, todas as imoralidades e todas as roubalheiras cometidas por gente do PT desde sua fundação, em 1980 — começando com irregularidades municipais, nos primeiros anos, até galgar novos níveis, chegando ao bilionário petrolão — Lula teve um papel.
Ou ele autorizou, ou ele justificou, ou ele defendeu os envolvidos ou ele silenciou.
Então, continuo dizendo que a “ruptura” de Marta com o PT é puro oportunismo político: ela sabe que não ganha eleição alguma em São Paulo — Prefeitura, governo do Estado — se continuar no PT.
É isso aí.
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