terça-feira, 12 de outubro de 2010

ONDE ESTÁ WALLY?

Por Heródoto Barbeiro



Há uma procura intensa dos eleitores que votaram nas celebridades, modelos, artistas, jogadores de futebol, palhaços e outros representantes da realidade brasileira. Até agora não encontrei ninguém que assumisse publicamente o voto em qualquer desses candidatos regularmente registrados na Justiça Eleitoral e que exerceram o seu direito de concorrer a um cargo eletivo como qualquer cidadão brasileiro. Como ninguém se apresenta, parece uma daquelas traquinagem de sala de aula que alguém apronta alguma, o professor chega e ninguém se acusa. O voto é secreto, é um direito do cidadão não abrir, portanto se ele não assumir publicamente ninguém vai saber de onde vieram tantos votos para personagens que deixaram o horário eleitoral obrigatório da tevê mais alegre, polêmico, cômico e sensual.

É um engano criticar essas pessoas que exerceram um direito. Votou que queria votar, alguns até achando que estavam fazendo um gesto de protesto ao levar Tétrica para Brasília. Pelo menos ele é um profissional no local adequado, comentaram alguns com aquele sorriso amarelo dos que não têm nada a dizer. Sua Excelência o deputado Tiririca, deve ser dessa forma que ele vai ser chamado, com todo o respeito, uma vez que pouquíssimas pessoas sabem o seu verdadeiro nome. O palhaço-cavalo-de-Tróia cumpriu bem o seu papel arrastando votos para a legenda que o acolheu e provavelmente bancou a sua campanha eleitoral. Um fenômeno amplamente noticiado em todo mundo, ainda que a mídia internacional teve dificuldades de explicar quem era o clown e como traduzir o nome dele uma vez que a erva daninha tiririca não dá em qualquer lugar, só naqueles abençoados por Deus e bonitos por natureza, mas que beleza….

Os responsáveis pela eleição dos deputados federais e dos senadores é da sociedade brasileira. Ela deve ser cobrada pela falta de cidadania e desinteresse pelas coisas da política. Não é mais possível aceitar o argumento que as coisas não mudam e que são sempre os mesmos que ocupam as cadeiras no Congresso. A eleição é uma oportunidade a cada quatro anos para uma limpeza, uma renovação, uma troca dos malandros de toda espécie por cidadãos comprometidos com o interesse público e o bem estar de todos. Gente honesta, eleição e voto secreto existem. Então o que falta para mudar? Todos nós sabemos. Falta iniciativa, trabalho voluntário, envolvimento em ações de educação quer promovam o desenvolvimento do espírito crítico e postura política. Não se trata de cobrar do Estado só porque pagamos impostos. Ele é impotente, dominado pela letargia e conluio com os donos do poder. Resta o esforço, ainda que mínimo de todos nós, para educar apenas as pessoas que nos cercam, para que adquiram consciência cidadã. Ninguém conta que votou no palhaço, não assumimos isso e também não assumimos que não fazermos nada para que essas pessoas melhorem e não sejam usadas pelos malandros candidatos na próxima eleição de vereadores e prefeitos.

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