Carlos Chagas
Jamais o Dia do Juízo Final, mas hoje
é um dia importante para o PT. Estarão reunidos em São Paulo os
cardeais e bispos do partido, com direito à presença do Papa, ou seja, o
Lula. Os companheiros estão dispostos a examinar em detalhes os
mecanismos capazes de virar o jogo sucessório, atualmente vencido por
Marina Silva. Falta um mês para o primeiro turno e quase dois para o
segundo, de cuja realização ninguém mais duvida. A palavra de ordem será
“delenda Marina”, ou seja, todos os esforços devem ser feitos para
desconstruir a candidata que, fossem neste domingo as eleições entre ela
e Dilma, marcaria o reingresso do PT na oposição.
Claro que a campanha da reeleição continuará
apresentando as realizações do governo petista, mas ficará evidente na
reunião de hoje que não basta alinhar o que foi construído. Muito menos
só prometer o que virá. É preciso, para o Lula e seus seguidores, bater
firme na candidata do PSB.
Fácil não será, porque Marina, afinal, foi fundadora
do PT, ministra do Lula, na pasta do Meio Ambiente por mais de cinco
anos, mantendo até agora um viés de esquerda, não obstante suas recentes
concessões ao conservadorismo. Como mostrar que não serve para hoje
aquilo que serviu para ontem?
Vicentinho, atual líder do PT na Câmara, é dos poucos
que continua raciocinando com lucidez. Por certo que acredita na
virada, mas entende que por mais heróicas que sejam as retiradas, elas
não ganham a guerra. Reconhecer que Marina está na frente e que seria
presidente da República caso as eleições fossem hoje, constitui fato
indiscutível. Mas é preciso contra-atacar. Recuperar o espaço perdido,
ainda mais confirmado que está o Lula como comandante em chefe. Apesar
de muita gente no partido defender a substituição de Dilma pelo
primeiro-companheiro, não há mais condições para a troca.
A solução, assim, como ficará óbvio dos debates de hoje, em São Paulo, será bombardear a adversária. Mesmo com respeito.
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