Ricardo Setti
Sem deixar muito claro que tipo de providência concreta tomou até agora desde que VEJA revelou nomes de parlamentares, governadores e um ministro citados como beneficiários do balcão de negócios montado na Petrobras, a presidente-candidata Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira que solicitou à Polícia Federal e ao Ministério Público a íntegra do depoimento à Polícia Federal do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Preso em Curitiba, o delator do esquema de desvios na estatal aceitou acordo de delação premiada. “Se houve alguma coisa, e tudo indica que houve, eu posso garantir que todas as sangrias estão estancadas”, disse a petista em sabatina do jornal O Estado de S. Paulo, no Palácio da Alvorada, em Brasília.
Dilma disse que “não tinha a menor ideia” das irregularidades que aconteciam dentro da empresa, reveladas na edição desta semana de VEJA – mas não negou as denúncias.
E pergunto: como é possível que um presidente da República e pessoas e organismos diretamente ignorem um caso dessas proporções ocorrido DURANTE OITO ANOS (de 2004 a 2012) na maior empresa do país e uma das maiores empresas do mundo, que o governo controla e que é VITAL para uma série de programas e projetos do lulopetismo?
PERGUNTO MAIS:
1. O que fazia nesse tempo todo a presidente da Petrobras, Graça Foster, há dois anos e meio no cargo por direta decisão de Dilma, que não notou nada de estranho nos números da empresa?
2. O que fizeram nesse tempo todo os diversos órgãos da Petrobras destinados a supervisionar o correto funcionamento e a lisura dos procedimentos da empresa — os muitíssimo bem remunerados encarregados de áreas como, entre outras, a Ouvidoria-Geral e a Auditoria Interna? (Vejam aqui o organograma básico da empresa.)
3. Como se explica a catatonia e a inação da diretoria da Petrobras, que não dispõe ou não utiliza mecanismos mínimos de controle e de informação sobre o que se passa nos meandros da empresa?
4. Para que serve, afinal, a Controladoria-Geral da República? Ela é, exatamente, “o órgão do Governo Federal responsável por assistir direta e imediatamente ao Presidente da República quanto aos assuntos que, no âmbito do Poder Executivo, sejam relativos à defesa do patrimônio público e ao incremento da transparência da gestão, por meio das atividades de controle interno, auditoria pública, correição, prevenção e combate à corrupção e ouvidoria”. (Visitem aqui o site da Controladoria.)
5. De que adianta o governo ter uma Agência Brasileira de Informações (Abin), sucessora do famigerado SNI, se não conseguiu saber NADA sobre um esquema que envolve dezenas de pessoas graúdas, milhões de dólares, movimentações financeiras e o diabo a quatro?
E a Abin destina-se, justamente, a, entre outras providências, prestar “assessoramento à Presidência da República assegurando-lhe o conhecimento de fatos e situações relacionados ao bem-estar da sociedade e ao desenvolvimento e segurança do país”. (Cliquem aqui para visitar o site da Abin).
6. O que anda fazendo o tão decantado Serviço de Informações da Polícia Federal, que terá deixado passar essa bandalheira toda ao largo de seus agentes?
7. Diante do monumental esquema de lavagem de dinheiro que o Petrolão incluiu, que raios fez o Conselho de Controle das Atividades Financeiras (COAF), órgão do Ministério da Fazenda que tem como missão, justamente, “prevenir a utilização dos setores econômicos para a lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, promovendo a cooperação e o intercâmbio de informações entre os setores público e privado” e como visão “ser um órgão de Estado moderno, eficiente e eficaz, com pessoal qualificado e bem treinado, utilizando tecnologia de ponta”. (Se quiserem, confiram neste link os objetivos do COAF e naveguem pelo site.)
Diante de tudo isso, é inexorável que se conclua pela velha norma: se Dilma sabia — e Deus queira que não –, é conivente com o crime; se não sabia, é incompetente para gerir o país.
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