quinta-feira, 11 de setembro de 2014

As “medidas cabíveis” de Dilma a respeito do Petrolão


(Foto: Agência Brasil)
Diante da explosão do escândalo do Petrolão, a presidente Dilma Rousseff pretende ainda aguardar a divulgação de “dados oficiais” para tomar “medidas cabíveis”. O problema é que as principais providências não estão a seu alcance, mas da Polícia, do Ministério Público e da Justiça (Foto: Agência Brasil)
SOB NOVA DIREÇÃO
Artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo

À presidente Dilma Rousseff não restava outra saída a não ser dizer o que disse no primeiro momento a respeito do que transpirou de parte dos depoimentos do acordo de delação premiada feito pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Descontada a (remota) hipótese de ocorrerem novos vazamentos até o fim dos interrogatórios e a conclusão do inquérito pela Polícia Federal, será preciso mesmo aguardar a divulgação do que ela chamou de “dados oficiais”.
A saber, os depoimentos propriamente ditos com todos os autores e as provas dos crimes que Costa precisa entregar para livrar não só a si de longa estada na cadeia, mas também os familiares de punições criminais.
A impropriedade, talvez decorrente da necessidade de uma reação qualquer no calor dos fatos, está na segunda parte da declaração de Dilma. A presidente afirmou que só depois de conhecer os referidos dados tomaria as “medidas cabíveis”.
Ora, ora, quais medidas? A não ser a demissão de um ou outro atual ocupante de cargo no Executivo, tais providências estão fora do alcance da presidente. Nessa altura, encon­tram-se sob a jurisdição da polícia, do Ministério Público (MP) e da Justiça.
Pedir mediante ofício acesso às informações é objetivamente inútil porque elas não podem ser oficialmente fornecidas. O governo sabe perfeitamente disso. Pede, não leva e com esse movimento de pura cenografia pretende dar ao que foi até agora publicado o caráter de mero boato e ganhar tempo até as eleições, contando que os prazos não levem o MP a se pronunciar sobre o conteúdo do material fornecido por Paulo Roberto Costa antes de divulgados os resultados do pleito.
A presidente não pode demitir senadores, deputados, ex-ministros, governadores, ex-governadores. Ao mesmo tempo não pode negar nem se livrar do fato de que os até agora citados são todos seus aliados e que o esquema denunciado funcionou ao tempo em que ela foi ministra das Minas e Energia, ministra da Casa Civil.

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