segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O papel de Dilma


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Por Mary Zaidan
Petrobras, Correios, IBGE. Maltratadas pela ingerência do governo, instituições que até pouco tempo eram sinônimos de orgulho, confiança e credibilidade, foram postas na berlinda. Roubadas, abusadas e desrespeitadas, elas sofrem as consequências do perverso modus operandi do PT que, em seu benefício, se apossa do patrimônio do país.
Vítima de contratos escandalosos de bilhares de dólares, a maior estatal brasileira agoniza desde que vieram à tona as esquisitices da compra da refinaria de Pasadena (EUA) e o superfaturamento das obras de Abreu e Lima. Agora, com o ex-diretor Paulo Roberto Costa entregando operadores e políticos envolvidos na roubalheira, a petroleira está no olho do furacão.

Hoje, a mesma Petrobras que o ex Lula usou para derrotar os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, deixa o governo e aliados com nervos à flor da pele. Causa arrepios na campanha petista e tira do eixo a candidata-presidente Dilma Rousseff.
Na sexta-feira, acossada pelos jornalistas sobre o tema, ela lançou-se ao desvario: “O papel da imprensa não é o de investigar e sim divulgar informações”. Uma frase para enrubescer até a mais dedicada imprensa chapa branca.
Os Correios, serviço respeitadíssimo desde o Primeiro Império, devem estar cansados de tanto abuso. Depois de ser o embrião do mensalão, é flagrado agora praticando gentilezas ao postar 4,8 milhões de panfletos de Dilma sem a chancela obrigatória.
Ainda que a remessa tenha sido paga pela campanha, Dilma tergiversa ao insistir nesse argumento. Sabe, mas faz de conta que não, que o cerne da questão não é o pagamento, mas a excepcionalidade conferida.
O governo pode se lixar para os Correios, mas os carteiros, não. Indignados com a regalia, foram eles os denunciantes.
O octogenário IBGE, que há poucos meses perdeu diretores-pesquisadores depois da tentativa petista de adiar a divulgação do Pnad trimestral, enredou-se em novo vendaval: erros graves na síntese anual de 2013. O Instituto acertou ao corrigir e admitir o erro, mas arranhou a sua credibilidade.
Embora faça fita de que quer investigar o caso, o governo não tem demonstrado qualquer interesse na excelência do IBGE. Vem, sistematicamente, cortando verbas do Instituto, impedindo pesquisas. Aconteceu em 2005, quando o corte adiou para 2007 a contagem da população. E, novamente, no orçamento enviado ao Congresso para 2015.
Em vez do papelão de ditar ridículas regras para o exercício do jornalismo, Dilma deveria centrar-se no papel do presidente da República, que é eleito para governar e não para usar e abusar do Estado em nome de um projeto de poder

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