Augusto Nunes
Na discurseira diante do prédio da
Petrobras, Lula prorrogou o prazo de validade do Glossário da Novilíngua
Companheira, adotado pelo PT há 12 anos para substituir termos muito
chocantes por outros que podem ser pronunciados sem que antes se tire as
crianças da sala. Os bandidos de estimação do mestre, por exemplo,
jamais praticam crimes. Apenas cometem, de vez em quando, um ou outro
“erro”, palavrinha que parece reduzir a pecado venial até um matricídio
consumado a machadadas.
Nesta segunda-feira, durante a escala no centro do Rio, o palanque
ambulante ensinou que foi isso ─ na pior das hipóteses ─ o que aconteceu
na estatal transformada em sucursal de quadrilha. Se alguém errou,
concedeu, deve ser investigado. O que Lula não tolera é ver a Petrobras
alvejada por “ataques” que comprometem a excelente imagem da empresa.
“Ataque”, segundo o glossário dos linguistas de porta de cadeia, é
qualquer espécie de crítica a sacerdotes da seita lulopetista. Era,
portanto, um recado enviesado a Aécio Neves, Marina Silva e outros
inimigos da pátria.Em países civilizados, o criminoso só volta ao local do crime em romances policiais. No Brasil, o chefe do bando se enfia num uniforme usado pelos funcionários da vítima, aparece sem algemas no cenário das muitas delinquências e ameaça aos berros quem ousa espantar-se com um portentoso caso de polícia. Para Lula, atacantes são os defensores da lei e da empresa atacada desde 2004 pela turma que nomeou e a afilhada manteve. Desta vez, o palavrório não convenceu sequer os nacionalistas de galinheiro.
A Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário já sabem o suficiente para induzir a um acordo de delação premiada o ex-diretor Paulo Roberto Costa. Dilma garante que nunca teve intimidade com o amigo que fez questão de convidar para o casamento da filha. Lula logo estará jurando que não conhece nem de vista o companheiro que chamava de “Paulinho” nas frequentes conversas no Planalto. As revelações do ex-diretor estão longe do fim. É bom que os quadrilheiros se cuidem.
O juiz federal Sérgio Moro, que cuida do caso, é homem íntegro. Ao contrário do que ocorreu na última etapa do julgamento do mensalão, não pode ser substituído por algum magistrado que, em vez de cumprir a lei, cumpre ordens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário