*por Marcelo Araújo*
Em meados de 2011 o então órgão municipal de trânsito Urbs/Diretran
recebeu do Ministério Público, Promotoria do Consumidor, (e todos órgãos
municipais do estado também) ofício com a finalidade de recomendar a
retirada das ‘calotas’ (popularmente ‘tartarugas’) ou tachões, colocados
nas transversais dos cruzamentos. Tal conclusão foi decorrente de
consulta feita ao Denatran, o qual informou que tais obstáculos não se
prestam a serem utilizados como redutores de velocidade, e que deveriam
ser retiradas. Assim foi feito em diversos cruzamentos da cidade.
Em 2012, à frente da Secretaria de Trânsito, essa providência passou a
mostrar os efeitos nocivos de acidentes em cruzamentos sinalizados com
parada obrigatória.
Assista ao vídeo:
O problema é que durante décadas as pessoas se acostumaram a dar mais
atenção ao obstáculo físico do que à placa R-1 (Parada Obrigatória).
Cruzamentos como Princesa Isabel e Pres. Taunay eram tinham hora marcada
para acidentes: toda hora! Tentou-se aumentar colocar placas maiores,
faixas sobre a via, pintura em alto relevo como se fosse sonorizador,
todas frustrantes.
Antes de instalar nos cruzamentos uma cancela igual a shopping
Center, que precisa apertar botão para passar, resolvi resgatar a
discussão e sustentar a tese que tais elementos não estariam se
prestando à redução de velocidade, e sim o desejo de parar, causar
desconforto mesmo.
Foi requerido ao MP a oportunidade de provar a eficiência do resgate
da situação anterior, mediante a instalação em alguns cruzamentos. A
tese foi suportada num belíssimo trabalho realizado pelos engenheiros da
Setran, que pode ser assistida no vídeo. Demonstrado o resultado
positivo, foi autorizada a instalação, que se deveu muito à
sensibilidade e compreensão dos Promotores Dr. Maximiliano Deliberador e
Cristina Corso Ruaro.
Muitas pessoas querem instalação de semáforos nos cruzamentos, que só
se justifica quando há concorrência intensa no fluxo das transversais,
mas a instalação indiscriminada só trava o trânsito.
Com um conjunto semafórico num cruzamento é possível instalar
‘tartarugas’ em uma centena de cruzamentos (R$ 100.000,00 contra R$
1.000,00). Ainda que não tivesse feito mais nada à frente da Secretaria,
(como por vezes leio pacientemente nos comentários) se essa singela
providência evitou ao menos um acidente, uma vida, teria valido a pena
todo o desgaste que precisei passar para amadurecer.
De multa eu entendo!
*Marcelo Araújo é advogado, presidente da
Comissão de Trânsito, Transporte e Mobilidade da OAB/PR. Escreve nas
segundas-feiras para o Blog do Esmael.
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