segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O preço do populismo


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Diego Escosteguy
O Brasil está pifando – e a culpa não é da oposição, da imprensa ou do Papai Noel. Que não fique dúvida: deve-se o desgraçado estado de coisas do país à dobradinha Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que ocupa o Planalto há 13 anos. Foram tomadas por ambos, ou deixaram de ser tomadas por ambos, as decisões que nos conduziram à pior crise econômica das últimas décadas. Não há pedalada mental capaz de subtrair dos dois a responsabilidade pela inflação de dois dígitos, a queda acentuada na renda do trabalhador, o maior desemprego em 24 anos, a abilolada barafunda nas contas públicas – a lista de fatos que compõem a recessão econômica é tão extensa quanto lamentável.
A responsabilidade de Lula e Dilma pela irresponsabilidade econômica deu-se na opção constante pelo gasto, pudesse o país pagar ou não, e pela recusa igualmente constante em se empenhar pelas reformas que se anunciavam não somente fundamentais como urgentes, a exemplo da previdenciária, da tributária e da trabalhista. Os governos de Lula e de Dilma são responsáveis pelo que fizeram e, também, pelo que deixaram de fazer.
Convencionou-se chamar de “nova matriz econômica” a gasolina batizada que pifou o motor do país. O principal componente dela não é tão aparente. Trata-se do populismo que anima o pensamento e, consequentemente, muitas das decisões dos presidentes petistas. Confunde-se um governo popular, a serviço dos mais pobres, com um governo populista, a serviço de si mesmo sob pretexto de estar a serviço dos mais pobres. No campo econômico, essa mentalidade invariavelmente provoca inflação e dívidas públicas – afinal, o povo sempre precisa de mais, especialmente em tempos de eleição. A Petrobras sabe bem disso. Durante anos, a empresa foi obrigada pelo governo Dilma a não repassar à população os custos de importar um petróleo cada vez mais caro. É uma das principais razões para a derrocada da estatal. Não faltam exemplos semelhantes na gestão petista.
Lula e Dilma comemoram o que deveria ser a autossuficiência do Brasil no petróleo. Ilusões do populismo (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)
De Juan Perón, na Argentina, passando por Getúlio Vargas, no Brasil, a Hugo Chávez, na Venezuela, a história da América Latina é repleta de líderes que mitificaram o povo para, ao fim, mitificar a si mesmos. Entre um momento e outro, arruinavam seu país, econômica, social e politicamente. A Venezuela de Nicolás Maduro, que consegue fazer o Brasil parecer uma democracia nórdica, é apenas o caso mais recente do estrago que o populismo pode causar a um país. Nos Estados Unidos, o bufão Donald Trump e sua retórica biliosa nos lembram que o populismo se apresenta em todos os sabores possíveis, à esquerda e à direita.
Um líder populista, ou um governo populista, sempre precisa de um inimigo, real ou imaginário, para mobilizar os sentimentos da massa em torno de seus interesses – sobretudo nas eleições e nas crises. Por definição, essa postura divide um país entre aqueles que estão do lado certo, por apoiá-lo, e aqueles que estão do lado errado, por não apoiá-lo. Lula e Dilma, cada um a seu tempo, discurso após discurso, desqualificaram aqueles que julgavam ser seus adversários. Eram os inimigos do Brasil e do povo – no mínimo, no mínimo, “pessimildos”. Para defender suas ideias, precisavam atacar pessoas. Intoxicaram o debate político e a opinião pública. Não é fortuito, portanto, que Dilma não consiga dialogar com o Congresso, condição elementar para tocar o país – condição elementar também para que se forje alguma solução para a crise.
Eis, assim, a questão que ora se impõe: como Dilma, herdeira do populismo lulista, pode tirar o Brasil do buraco em que o meteu? Pode Dilma romper com a mentalidade lulista, reconhecer verdadeiramente os erros de seu primeiro mandato, deixando para trás o populismo a fim de unir o país que ajudou a partir?
Apenas a presidente tem a resposta. Dela depende o futuro de um país que está pifando

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