Jorge Oliveira
Rio – O brasileiro até tentou acreditar na seleção, mesmo sabendo desde o início da Copa que não tinha uma equipe capaz de enfrentar um time forte como o da Alemanha. Por pouco já não ficamos no meio do caminho contra o Chile. A seleção, na verdade, é o reflexo da mixórdia do país que usa os jovens jogadores para esconder as mais sórdidas negociatas do futebol. Se você analisar sem muita paixão vai verificar que nos últimos vinte anos, sucessivos escândalos no mundo envolveram cartolas do futebol brasileiro. Muitos deles, até bem pouco tempo admirados, hoje amargam o dissabor dos seus atos indecorosos.
A Seleção Brasileira é o reflexo de um país em decomposição moral. Usa-se a seleção invariavelmente para esconder negociatas milionários, para comprar e alienar cronistas esportivos e entorpecer a torcida que vai aos estádios influenciada pela mídia especializada formada por empresas e empresários que enriquecem sonegando impostos, a exemplo do que ocorreu com a venda do Neymar. A “pátria das chuteiras”, como definiu Nelson Rodrigues, um dos maiores reacionários que o país já produziu, não passa de um paraíso fiscal para negócios escusos.
Ora, enquanto as seleções entravam em campo, a polícia descobria que o sobrinho do presidente da FIFA participava de uma quadrilha que caminhava para um golpe de 200 milhões de reais vendendo ingressos legais da própria organização. O arrastão envolveu uma dúzia de cambistas oficiais da FIFA que tentaram transformar o Brasil numa terra sem lei, onde os negócios paralelos da entidade eram feitos nos salões nobres dos hotéis de luxo do Rio de Janeiro.
A corrupção contaminou um dos esportes mais populares do país, enquanto a bola rolava nos estádios, pois o futebol hoje é manipulado por gangsteres . Dois deles, por exemplo, são daqui: João Havelange, ex-presidente de Honra da FIFA, até então um senhor com pinta de lorde acima de qualquer suspeita, fez acordo internacional para não ser preso. O outro, Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, seu ex-genro, fugiu para Miami.
A CBF é administrada por José Maria Marin, político com DNA malufista, que roubou medalha de atletas na premiação da Copinha de 2012 antes de assumir a confederação, um órgão protegido pela TV Globo que é compensada com a exclusividade dos campeonatos brasileiros e outros eventos esportivos. A Globo até tentou limpar o passado de Marin, mas não conseguiu rasgar a sua folha corrida.
Essa é a cartolagem que manipula o nosso futebol. E a parceria desse pessoal com os petistas para trazer a Copa pra cá foi a pitada de sal que faltava na sopa. Com o país varrido pela corrupção, logo abriram-se as portas para as negociatas . Não à toa, países africanos, normalmente governados por déspotas sanguinários, alguns financiados com dinheiro do BNDES, aproveitaram-se da Casa da Mãe Joana para transportar milhões de dólares para o Brasil sob pretexto de pagar jogadores. Os brasileiros assistiram incrédulos pela TV os aviões descendo nos aeroportos com os malotes estufados de dinheiro. Carros fortes, à noite, foram protegidos por um aparato policial, a caminho dos hotéis, tudo observado pela Receita Federal que não movimentou um músculo sequer para impedir a bandalheira na República das Bananas.
Esses fatos são apenas aperitivos do que aconteceu nos bastidores sujo do futebol durante e antes da Copa do Mundo no Brasil, sem contar, é claro, com as obras superfaturadas, outras inacabadas e o bacanal das empreiteiras com o dinheiro público, tudo em nome da Seleção Brasileira. A torcida até que tentou superar o trauma dos escândalos, mas caiu de quatro, aliás de sete, para a Alemanha. Não era apenas o emocional dos jogadores que estava abalado. Os torcedores também tentaram, mas não conseguiram sair da letargia imposta pela imoralidade que impera no Brasil.
Agora, chegou a hora de pagar a conta
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