quarta-feira, 27 de agosto de 2014

José Jorge vai manter voto por bloqueio de bens de Graça Foster


Ministro manterá bloqueio de bens, após confirmar transferência suspeita
Diário do Poder
graca foster
Diligências confirmaram notícia sobre doação dos bens

Brasília - O Tribunal de Contas da União (TCU) irá retomar nesta quarta-feira, 27, o processo sobre a aquisição da refinaria de Pasadena pela Petrobras e definir enfim se a presidente da estatal, Graça Foster, terá seus bens bloqueados. A decisão sobre a indisponibilidade de bens de Graça foi adiada duas vezes pelo plenário da corte. Na última semana, o relator, ministro José Jorge, pediu a retirada do caso de pauta para apurar suposta doação de bens feita pela presidente da estatal e pelo ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró.
Nesta terça-feira, 26, o ministro José Jorge afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que as diligências realizadas confirmam a notícia sobre a doação dos bens. Em seu relatório, o ministro não fará qualquer juízo de valor sobre a doação de bens, apenas irá relatar o apurado e manter seu voto inicial que pede o bloqueio patrimonial de todos os envolvidos, inclusive da presidente da estatal.
Nos bastidores, a expectativa é de que José Jorge fique vencido e a Corte de Contas libere a presidente da Petrobras do bloqueio patrimonial. Ao menos quatro votos serão divergentes e irão pedir para que Graça fique fora do grupo que terá decretada a indisponibilidade de bens, confirmou uma fonte. Resta dúvida ainda sobre o posicionamento do recém-chegado na corte, ministro Bruno Dantas.
A Petrobras entregou documentos ao tribunal sobre a doação, realizada em nome dos filhos da presidente da estatal antes da inclusão do nome da presidente no processo. No caso de Cerveró, o TCU realizou uma análise nos cartórios do Rio de Janeiro. A apuração ficou restrita às notícias divulgadas, sem ampliação sobre os demais bens de Graça e Cerveró ou sobre o patrimônio dos demais envolvidos.
Na quarta-feira, 20, o relator chegou a dizer que, dependendo da extensão da doação de bens, a operação poderia ser considerada uma tentativa de burla ao processo. Isso não será avaliado amanhã pelo plenário da Corte, disse o ministro. A natureza da doação de bens, contudo, pode ser objeto de discussão no novo processo que irá investigar a culpa dos dirigentes envolvidos na operação de compra de Pasadena. A chamada Tomada de Contas Especial (TCE) terá início após o encerramento do processo atual, considerado uma fase preliminar. Se forem considerados culpados, os dirigentes e ex-dirigentes podem ter de ressarcir um total de US$ 792 milhões.
Na última semana, o ministro Walton Alencar Rodrigues já pediu que ficassem excluídos do bloqueio patrimonial os diretores que participaram apenas do adiamento do cumprimento da decisão arbitral nos EUA sobre a disputa contra a Astra Oil, antiga proprietária da refinaria. É neste item que a atual presidente da estatal, Graça Foster, é incluída no processo, bem como o ex-diretor Jorge Zelada.
Se os ministros seguirem o voto de Rodrigues, os 11 ex-dirigentes e dirigentes envolvidos no caso, entre eles José Sérgio Gabrielli, Paulo Roberto da Costa, Cerveró e Almir Barbassa continuarão com a definição do bloqueio patrimonial, apenas Graça e Zelada estariam fora do grupo que teria os bens afetados.
Governo
O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, realizou novo périplo pelos gabinetes dos ministros do TCU na última semana para reforçar o posicionamento do governo. O ministro defende que o bloqueio de bens seja individualizado e que dele fique excluída a presidente da Petrobras. Amanhã, Adams irá se reunir com José Jorge mais uma vez antes da sessão.
O primeiro adiamento da decisão sobre Graça Foster foi realizado após sustentação oral feita por Adams em plenário. Foi a primeira vez que um advogado-geral da União usou a tribuna do TCU. (Beatriz Bulla/Agência Estado)

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