Não resisto e preciso comentar o impacto que teve na cúpula do PT um relatório enviado pela consultoria econômica Rosenberg Associados a clientes — repito, a CLIENTES — em que, mirando o cenário da eleição presidencial antes da morte de Eduardo Campos, a empresa chegava à conclusão que, “visto de hoje”, o cenário mais provável seria a reeleição de Dilma.
E a eventual reeleição foi classificada como “a continuidade da mediocridade, do descompromisso com a Lógica, do mau humor prepotente do poste que se transformou em porrete contra o senso comum”.
Grotescamente, figuras do PT “acusaram” a Rosenberg Associados de se “alinhar à oposição”. O vice-presidente do partido, deputado José Guimarães (CE) — aquele do assessor dos dólares na cueca — chegou a proferir a estupidez segundo a qual a empresa, dirigida pelo economista Luís Paulo Rosenberg, ex-assessor econômico da Presidência durante o governo Sarney (1985-1990) e ex-vice-presidente de marketing do Corinthians, “é mais uma das empresas de consultoria que estão a serviço das teses neoliberais encabeçadas pelo PSDB”.
O que é que gente do PT tem a ver com que uma consultoria escreve para seus clientes — bancos, grandes empresas do setor alimentício, empresas petroquímicas e outros gigantes?
Esse espernear é patético, ridículo e… medíocre.
A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, responsável pela análise, compartilhada por três outros colegas, respondeu com simplicidade à Folha de S. Paulo, dizendo o óbvio: o texto foi feito para clientes, que “pagam pela nossa independência”.
Ou seja, a linguagem eventualmente desabrida que possa ser utilizada pela consultoria, embora baseada em dados concretos (como as pesquisas de intenção de voto e os números do desempenho econômico do governo) é um exercício da plena liberdade de opinião assegurado pela Constituição — e pelo jeito agrada aos clientes. Caso contrário, já teria sido alterada.
E não custa lembrar que quem criou o termo “poste” para candidatos que ele jura que elege foi o próprio Lula.
Os petistas certamente implicaram com outro trecho do documento em que, analisando o quadro eleitoral em São Paulo — onde o candidato do partido, Alexandre Padilha, está atolado em 5% dos votos e mendiga à Rede Globo mais cobertura de suas andanças à cata de eleitores –, diz, a certa altura, que o Estado “tem tudo para continuar sendo o bastião da resistência ao bolivarianismo, com uma provável vitória convincente do tucano [Geraldo] Alckmin”.
A respeito do titular do Palácio dos Bandeirantes, o texto diz ser “muito profunda a admiração do povo pelo seu governador discreto”.
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