terça-feira, 19 de agosto de 2014

De Lula para Dilma, em 13 de junho de 2014: ‘Eles não sabem que nós seremos capazes de fazê, democraticamente, pra fazê com que você seja a nossa presidenta por mais quatro anos neste país’

Augusto Nunes



O animador de auditórios amestrados vai despejando frases sem pé nem cabeça enquanto zanza atrás da mesa no palco. Estaciona perto da nuca de Dilma Rousseff, põe a mão esquerda no ombro da afilhada e empunha com a direita o microfone . Então, mirando a cabeça da candidata, Lula rosna o que é simultaneamente uma palavra de ordem e uma ameaça.
“Eles não sabem que nós seremos capazes de fazê, democraticamente, pra fazê com que você seja nossa presidenta por mais quatro anos neste país”, diz o mestre a seus discípulos. “Democraticamente”, como ensina o Glossário da Novilíngua Lulopetista, quer dizer “sem camburão e sem jornalista por perto”. Se a polícia cumprisse o seu dever e a Justiça valesse para todos, o que fizeram de lá para cá o chefe supremo e seus devotos bastaria para que bancada da seita no presídio da Papuda se tornasse amplamente majoritária.
As anotações nos prontuários companheiros referentes aos últimos dois meses confirmam que, para o bando disfarçado de partido, só é proibido perder a eleição. O resto pode. A turma acredita que pode, por exemplo, estuprar a CPI da Petrobras, violar a internet para difamar jornalistas independentes, forçar também o TCU a inocentar culpados ou chantagear bancos que alertam os clientes para os fracassos da política econômica sem rumo nem juízo. Fora o resto.
Em nações civilizadas, pecados bem mais leves dão cadeia. No Brasil, os fora da lei fantasiados de pais da pátria seguem em liberdade, prontos para atravessar pelo menos mais dois meses fazendo coisas de que até Deus duvida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário