O âncora William Waack — sem dúvida um dos melhores entrevistadores do país, que conhece em profundidade os temas de que trata e não faz média com personalidades de qualquer tipo — anunciou, após o nóticiário diário das atividades dos três candidatos mais bem situados nas prévias, que a presidente “se recusou” a dar a entrevista, acrescentando: “Naturlamente, um direito dela”.
Explicou que, com as entrevistas — a de hoje será com Aécio Neves (PSDB) –, o telejornal pretende “ajudar os eleitores” em sua escolha.
Se fosse uma candidata à Presidência que tivesse efetivamente o que dizer aos brasileiros, sem os floreios, recursos técnicos e fantasias do horário eleitoral obrigatório, Dilma consideraria haver perdido 23 preciosos minutos — tempo que o JN dedicou a Marina Silva, na madrugada desta terça-feira — de exposição livre e sem rodeios ao eleitorado.
Como demonstrou no debate transmitido pelo SBT, porém, a presidente não consegue se dar bem com perguntas e precisa consultar papelada preparada para sua assessoria para não tropeçar.
Waack e sua colega de bancada mostraram ao público as perguntas que fariam à presidente, caso ela não houvesse fugido da raia. É claro que, como sempre ocorre, as respostas propiciariam novas perguntas e que o elenco, portanto, seria maior do que o de abaixo.
Mas vejam como havia temas difíceis para Dilma:
1. Os últimos índices oficiais de crescimento indicam que o país entrou em recessão técnica. A senhora ainda insiste em culpar a crise internacional, mesmo diante do fato de que muitos países comparáveis ao nosso estão crescendo mais?
2. A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel artificialmente, para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?
3. A forma como é feita a contabilidade dos gastos públicos no Brasil no seu governo tem sido criticada por economistas, dentro e fora do país, e apontada como fator de quebra de confiança. Como a senhora responde a isso?
4. A senhora prometeu investir R$ 34 bilhões em saneamento básico e abastecimento de água até o fim do mandato. No fim do ano passado, tinha investido menos da metade, segundo o Ministério das Cidades. O que deu errado?
5. Em 2002, o então candidato Lula prometeu erradicar o analfabetismo, mas não conseguiu. Em 2010, foi a vez da senhora, em campanha, fazer a mesma promessa. Mas foi durante o seu mandato que o índice aumentou pela primeira vez, depois de 15 anos. Por quê?
6. A senhora considera correto dar dentes postiços para uma cidadã pobre um pouco antes de ser feita com ela uma gravação do seu programa eleitoral de televisão?
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