segunda-feira, 30 de junho de 2014

OS IMISCUÍDOS

Marli Gonçalves

Chegam de mansinho. Portanto, se imiscuem. Sorrateiros e lépidos, pé ante pé, igual chulé, vão se criando no interior das coisas como se natural fossem. Encontramos esses seres ou alguns que nem seres serão procriando em qualquer caldo de cultura. Não sei se é o calor brasileiro, a falta de água em alguns lugares ou o excesso em outros. Sei que isso aqui está virando mesmo o samba do crioulo doido, muito doido, doidíssimo


Foi decretado o fim de qualquer pureza, certo? Nem o mal anda só com o mal, nem o bem é mais imaculado. Claro que estou pensando em política, mas você pode levar ao pé da letra em todas as direções que quiser e vai ver que tenho razão. Andam urdindo com a nossa cara. Quando a gente nota, ih! Já era.
Drogas são malhadas, e tem gente cheirando até lâmpada moída e fumando esterco. Acabo de ler que acharam um lugar que vendia açaí misturado com papel higiênico, para engrossar. Fora outras coisas. Pelo preço que anda o papel, penso qual foi usado. Bem. Arroz tem pedra. Feijão tem pedra. Não, não são descontadas no peso. Leite com formol. Café com palha. Pão deve levar ainda muito bromato no trigo – faz tempo que não vejo fiscalização. Os uísques continuam sendo batizados, embora muitos já tenham nome. Algodão purinho – com poliéster. Grupos de manifestantes infestados por alcaguetes, X-9, e agora uns tipos mascarados. Organizações policiais que prendem policiais que são os bandidos. Jornais imparciais pululando de gente completamente parcial. Rezo para que o sabão não contenha cachorros, como reza a lenda. E que nem o churrasquinho nem o tamborim usem gatos.
Sabemos que a política é um reflexo da sociedade, mas precisavam ser tão radicais? Acaso, amados leitores, estão acompanhando a montagem de chapas para as eleições que se aproximam, digo até que perigosamente se aproximam? Bem, se a resposta foi negativa, melhor. Você está se poupando de ter uma longa indisposição estomacal, que só poderá ser resolvida, se o for, em outubro. Não há música ou marchinha que descreva essas fusões quase nucleares que, mais uma vez, certeza: gerarão bombas. É samba-rock, meu irmão.
Tem quem disfarce, como a Marina Silva, por exemplo, que fez ninho dentro de um partido, e de lá de dentro, do quentinho, todos os dias mina mais um pouquinho, que isso dá até rima. Lembra aqueles filmes Alien, onde monstros gosmentos se criam e saem de dentro dos personagens matando todos até que alguém tome a providência de exterminá-los, mas no fim, no The End, para dar continuidade à saga, o espectador percebe que em algum canto deixaram um rabinho ou um bebê monstrinho que certamente se recomporá, tal qual lagartixas, para se perpetuarem em franquias cinematográficas. Alien, Alien 1- Novamente, Alien 2 – A volta, até chegarem ao Alien sabe-se lá qual número – O Extermínio Final.
No caso, aqui, o título seria Os Infiltrados, seguido por novas produções: Apertem os cintos, e isso não é um regime, Os Bons Companheiros presos, Amigos até ali, Tudo por amor ao tempo de tevê, Traição: essa é a tua hora . São muitas as possibilidades criativas, e todas remetem ao terror do Frankenstein, criador e criatura, experimentos contaminados de política de laboratório.Esse filme já vimos.
Eu, você, nós? Somos espectadores, protagonistas e ao mesmo tempo produtores. Não há meia entrada, só inteira, e a escura sala de projeção já está passando o filme antes mesmo de chegarmos aos nossos assentos.
Enquanto assistimos ao futebol, o taxímetro está rodando. Mais: como a vergonha acabou, junto com a pureza, os caras têm coragem, cara dura o suficiente, para já estar puxando do fundo de seus propósitos o mais verde e amarelo dos ufanismos. Insinuar que os bons jogos que realmente vêm ocorrendo são a prova cabal que éramos, nós, os opositores, tenebrosos pessimistas e que a Copa, ah, a Copa! Não está vendo?Uma das maiores maravilhas e redenções que esse mundo já viu, uma Seleção de combatentes. A coisa mais importante. Mais que Papa argentino. Mais que bebê de proveta. Ouço murmúrios até de que a Dilma resolveu ser toureira e entrar na arena para entregar a Taça ao vencedor. Vai me fazer lembrar de uma parte roxa de um outro desgovernante. (Deverá aumentar o consumo de gengibre para as gargantas que estiverem no Maracanã exercerem seus momentos de, digamos, exprimir-se em uníssono).
Chiclete eu misturo com banana. Digam-me: como é que a gente vai sair dessa, agarrados a quais saias ou calças? É PMDB com PTB, sem PDT, que está com PSDB, PV, PSB, DEM, PC, PC do B, com PT, PSD que está com todos, PP, PR, PRB, PSC. Mais pissóis, nanicos, naniquinhos e outros com segundinhos que, num ato de desapego, entregam por alguns dobrões, Aezões, Lulões, Papudões. Eles se distribuem.
Na urna, quando aquele barulhinho de sininho soar, a cada vez, uma esperança vai morrer em algum canto do país. Creio que entenderemos finalmente porque até o Sarney resolveu se aposentar após mais de meio século de participação em qualquer beirada. Mais do que academia, ele já fez escola.
Já deixou o rabinho da lagartixa, o bebê monstrinho, junto com os marimbondos de fogo.
Brasil, SOS, São Paulo, SOS, Federação, SOS, 2014.


Marli Gonçalves é jornalista deseja sinceramente a todos um bom segundo semestre, uma outra virada e uma rodopiada. Que a gente aguente firme o enjoo até o nascimento de uma nova Nação.

Voluntários se dizem frustrados com incompetência da Fifa


Alguns ainda não receberam credenciais para participar da Copa
Diário do Poder
Desde 2012, voluntários passaram por longo processo seletivo
Desde 2012, voluntários passaram por longo processo seletivo
O programa de voluntariado da Fifa para a Copa do Mundo é alvo de questionamentos desde que foi anunciado, em agosto de 2012. Afinal, com o Mundial proporcionando à entidade uma receita acima dos R$ 10 bilhões, e lucro superior a R$ 5 bilhões, a Fifa teria plenas condições de remunerar os cerca de 14 mil voluntários do programa. O Ministério Público do Trabalho do Rio (MPT-RJ) até chegou a entrar no começo do mês com ação civil pública – negada pela Justiça do Trabalho – pedindo a contratação e a assinatura da carteira de trabalho de todos os voluntários.
Agora, com o torneio já pela metade, mais um problema veio à tona: alguns participantes do programa ainda não conseguiram tirar as suas credenciais como voluntários, mesmo depois de participarem de todo o processo seletivo e serem aprovados. Sem a credencial, já houve quem perdesse cinco jogos de sua escala na Copa, incluindo a vitória holandesa sobre o México, neste domingo, em Fortaleza.
As complicações tiveram início no ato de retirada das credenciais, há algumas semanas. Alguns dos selecionados pelo programa, ao invés de receberem a credencial como voluntários da Fifa, foram registrados como prestadores de serviço para as empresas Aramark e CSM Brasil, concessionárias no fornecimento de comidas e bebidas na Copa. Ambas também recrutaram, por meio do programa “Quero Vestir a Camisa”, mão de obra para trabalhar no setor de bares e lanchonetes durante o torneio. Diferente do programa de voluntariado da Fifa, o trabalho dos 12 mil selecionados para as empresas é remunerado.
DEMORA – A situação não seria muito complicada se a correção do cadastro fosse feita de maneira rápida e eficiente. O problema é que, em meio a um grande desencontro de informações, muitos voluntários ainda não conseguiram regularizar a sua situação, como a professora Mayara Galdino, de 27 anos. Natural de Fortaleza, Mayara já perdeu os cinco jogos que a cidade sediou até o momento em virtude do problema.
Ela afirma que, apesar de ter se inscrito no “Quero Vestir a Camisa”, não participou de nenhuma seleção e nem assinou contrato algum com as duas empresas – o que foi feito para o programa de voluntários.
Mayara conta como tem sido o processo, que se arrasta desde o dia 30 de maio. “Primeiro, os coordenadores do programa de voluntariado aqui de Fortaleza me instruíram a procurar a CSM para fazer o meu descredenciamento. Depois de ter feito essa solicitação, consultei a empresa mais uma vez, para saber como andava o processo, obtendo a resposta de que os dados tinham sido enviados ao COL (Comitê Organizador Local), que era quem podia me cadastrar corretamente. Quando consultei o COL, me disseram que, no sistema, eu ainda aparecia como prestadora de serviço para a CSM. Depois de muitas ligações e e-mails enviados, recebi, no dia 19, a confirmação da empresa de que eu estava descredenciada desde o dia 13, e que agora só dependia do COL. Após várias ligações para eles sem ter o problema resolvido, fui avisada que não valeria mais a pena tirar a credencial, uma vez que a Copa já tinha começado”, afirmou. “É muita incompetência.”
Já Márcio Amaro, de 41 anos, apareceu como cadastrado na CSM mesmo sem ter se inscrito no “Quero Vestir a Camisa”. O carioca afirma que processará a CSM pelo fato de a empresa ter tido acesso aos seus dados sem a sua permissão. Apesar de ter conseguido tirar a sua credencial a tempo para trabalhar no Mundial, Márcio também entrará na Justiça contra a empresa por danos morais. “Sou professor de uma escolinha de futebol aqui no Rio, perdi tempo e atividades profissionais para participar do processo”, desabafou. “Foi um desgaste muito grande até ter conseguido tirar a credencial.”
Para o advogado Sandfredy Gurgel, especialista em Direito do Trabalho e Cível, é possível processar o Comitê Organizador Local por danos morais pela demora na confirmação do cadastro. “A Copa do Mundo é um evento muito importante. É criada grande expectativa nos voluntários pela aprovação após todo o processo seletivo”, disse.
Sandfredy também explicou os motivos que levaram o Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro a entrar com liminar na Justiça pedindo a contratação e a assinatura da carteira de trabalho de todos os voluntários da Copa. “Segundo a Lei 9.608, a entidade que promove o trabalho voluntário não pode ter fins lucrativos, o que, certamente, não é o caso da Fifa”, afirmou. “Também acredito que a lei está sendo deturpada.”
PELA FIFA – No Comitê Organizador Local, a posição é de que os incidentes são isolados e que, de uma forma geral, o programa tem sido um “sucesso”. Tanto a Fifa quanto o COL negam que esteja acontecendo uma debandada de voluntários e que o número de pessoas envolvidas no processo está “dentro do esperado”.
Quanto à questão trabalhista, a Fifa e o COL se defendem e apontam que todos os voluntários sabiam exatamente das condições do serviço. As regras estão esclarecidas na Lei Geral da Copa e cada um dos voluntários foi obrigado a assinar um termo de compromisso indicando que ele aceita as normas estabelecidas. (Jamil Chade e Pedro Hallack/Agência Estado)

Apareça no Mineirão, companheiro Lula

Augusto Nunes

Penúltimo a falar na convenção nacional do PT, Lula reservou um trecho da discurseira para fantasiar-se de doutor honoris causa em futebol, Copa do Mundo e derivados. Zanzando pelo palco feito apresentador de programa de auditório, o criador voltou-se para a criatura e deu por cumpridas todas as promessas que a dupla esqueceu no palanque: “Eu acho que o que o país tinha que mostrar já mostrou, ou seja, os estádios estão todos inaugurados, de melhor qualidade pra fazer qualquer inglês morrer de inveja”, começou o animador de picadeiro.
Lula deve achar que Wembley é marca de uísque americano. Nunca deu as caras num dos muitos estádios cinco estrelas da Grã-Bretanha. Mas faz de conta que os ingleses sonham com governantes que enterram em arenas superfaturadas (e condenadas a transformar-se em elefantes brancos) os bilhões de dólares que poderiam tirar da gaveta as “obras de mobilidade” urbana prometidas desde 2007. Se alguém fizesse por lá o que o padrinho e a afilhada fizeram aqui, perderia o emprego. E seria transferido do gabinete para um tribunal.
“É a primeira vez, presidenta Dilma, é a primeira vez que um time perde por excesso de qualidade do nosso estádio”, continuou a aula magna de vigarice. “A Inglaterra não estava habituada a jogar num campo daquela qualidade, como ela jogou aqui no país”. Lula descobriu que os inventores do futebol só ganham jogos em campos de várzea. E achou excelente a situação dos gramados que só viu na TV porque o medo de vaia o aconselhou a acompanhar a Copa sem sair de casa.
Há poucas horas, na entrevista ao Jornal do SBT, pareceu bem menos seguro: “Possivelmente a gente tenha culpa”, ressalvou no meio do falatório sobre a goleada sonora sofrida por Dilma Rousseff no Itaquerão. Por que o ex-presidente não aproveita o jogo do Brasil contra o Chile, neste sábado, para livrar-se de dúvidas. Basta interromper a prisão domiciliar voluntária, trocar a sala do apartamento em São Bernardo pela arena de Belo Horizonte e ouvir o que pensa a multidão.
Coragem, companheiro Lula. Apareça no Mineirão

O PAC do trem fantasma

O Estado de S.Paulo

Um trem fantasma circula entre Campinas e Rio de Janeiro, correndo nos trilhos imaginários do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Prometido inicialmente para este ano, o trem-bala nunca saiu da promessa, continua como um vago projeto e, assim mesmo, seu status aparece como "adequado" no 10.º balanço do PAC, apresentado na sexta-feira pela ministra do Planejamento, Míriam Belchior. Em agosto do ano passado o leilão do trem de alta velocidade, com percurso de 511 quilômetros e custo estimado de R$ 32 bilhões, foi adiado pela terceira vez. Mas oficialmente o projeto está em dia.
Bastaria essa classificação para minar a credibilidade de mais um balanço triunfal de realizações federais. Mas outros dados comprovam, mais uma vez, o baixo grau de sucesso de um programa destinado principalmente, como indica seu nome, a ampliar a capacidade de expansão da economia brasileira.
O novo relatório comprova, mais uma vez, a predominância dos gastos com habitação no mais vistoso programa do governo central. A execução orçamentária do PAC 2 até 30 de abril deste ano envolveu aplicações de R$ 871 bilhões, 84,6% do total previsto para o período 2011-2014. Os financiamentos habitacionais, R$ 285,3 bilhões, corresponderam a 32,7% do valor aplicado. Nem sequer se poderia classificar esse montante como investimento, até porque o dinheiro pode ter sido gasto, no todo ou em parte, em imóveis velhos.
Somando-se a isso as aplicações do programa Minha Casa, Minha Vida, R$ 78 bilhões, chega-se a R$ 361,6 bilhões, ou 41,7% dos R$ 871,4 bilhões comprometidos entre 2011 e o fim de abril. O resto é dividido entre os demais setores, com destaque para os de energia e de transportes.
Não há como desmentir: o PAC é essencialmente um conjunto de financiamentos e investimentos habitacionais. Os programas de moradia podem ser importantes socialmente, economicamente úteis e louváveis sob vários aspectos, mas a aceleração do crescimento, finalidade explícita do programa, depende muito mais de investimentos em infraestrutura.
Os dispêndios das estatais, R$ 231,4 bilhões desde o início do PAC 2 até 30 de abril, corresponderam a 26,6% das aplicações totais. Somados os gastos do Orçamento-Geral da União chega-se a R$ 324,2 bilhões, valor bem menor que o dedicado à habitação.
Como explicar o peso desproporcional dos gastos com habitação? A resposta provavelmente envolve a dificuldade muito maior de planejar, projetar e executar obras de estradas, ferrovias, portos, armazéns, aeroportos, centrais elétricas, sistemas de transmissão e de pesquisa, exploração e refino de petróleo.
A escassa competência do governo federal no tratamento dessas questões já foi comprovada muitas vezes, especialmente a partir do primeiro PAC. Muitos projetos emperram antes de sair do papel, ou já nas primeiras fases de execução, por descumprimento, por exemplo, dos padrões financeiros cobrados pelo Tribunal de Contas da União. Outros emperram por má administração ou mesmo por falhas escandalosas de planejamento, como, por exemplo, nos casos de centrais elétricas impedidas de funcionar por falta de linhas de transmissão.
O PAC nunca foi, de fato, mais que uma sigla usada para marketing político. Desde a primeira versão, esse nome serviu basicamente para designar uma colcha formada pela costura apenas formal de várias ações desenvolvidas, em nível federal, pela administração direta e pelas várias estatais.
Já existiam os grandes projetos do setor elétrico. O planejamento da Petrobrás, periodicamente revisto e atualizado, era parte da rotina da empresa. As necessidades do setor de transportes eram conhecidas e obras importantes estavam em execução. O PAC nada acrescentou a esse conjunto, além de um nome de fantasia e de uma bandeira de propaganda.
Esse programa - ou "programa" - teria algum valor prático se tivesse ao menos servido para introduzir maior racionalidade no planejamento federal. Nada semelhante ocorreu. Ao contrário: a qualidade gerencial decaiu, como ficou demonstrado com a desastrosa intervenção na política de tarifas de energia, com a manutenção do controle de preços da Petrobrás e com o uso das estatais para remendar as contas públicas. O resto é propaganda ruim, nem sequer enganadora.

Os exorcistas

Mary Zaidan

Combate à corrupção sempre fez parte das campanhas eleitorais de todos os candidatos em todos os tempos. Mas a cúpula petista escolheu uma forma peculiar de tratar o tema. Impossibilitado de esconder crimes cometido pelos seus, o ex Lula lançou um sinistro campeonato, uma Copa da corrupção, em que aqueles que antecederam o PT teriam sido ainda mais corruptos. Uma versão reciclada do “sou, mas quem não é?”.

Em Salvador, onde esteve na sexta-feira para o lançamento da candidatura do deputado Rui Costa ao governo do Estado, Lula citou números de inquéritos de seu antecessor, a quem acusou de ter comprado votos para aprovar a reeleição. Discurso semelhante foi feito pela manhã, no Rio, pelo ministro Gilberto Carvalho.
Em dobradinha, Lula e Carvalho buscam exorcizar os escândalos que baquearam e continuam a queimar o patrimônio eleitoral petista. E eles têm pressa. Precisam, como disse Lula, dar “argumentos de mesa de bar” para os militantes.
No rol, listam os casos da “Pasta Rosa” e do “Sivam”, que dizem ter sido engavetados pela Procuradoria-Geral da República. Ingredientes que parecem requentados e insossos diante do menu de descalabros acumulados nesta década.
Além de justificar os próprios pecados com os do alheio, o esconjuro petista inclui atribuir à mídia – porta-voz das elites – todos os males que os cercam. E, no avesso do avesso, querem fazer crer que não foi a corrupção que aumentou e sim os mecanismos de investigação. Para tal, constroem a história como lhes convém, a exemplo do que fez o ministro Carvalho ao atribuir ao PT a criação da Controladoria Geral da União (CGU), estabelecida em 2001 por Fernando Henrique Cardoso, pela Medida Provisória 2.143-31, alterada por Lula no primeiro dia de seu mandato.
Se hoje a CGU orgulha tanto o governo a ponto de roubar a sua autoria, à época ela foi duramente combatida pelo PT. O partido dizia que, com a CGU, Fernando Henrique queria impedir CPIs e abafar denúncias de corrupção.
Lula e o ministro Cardoso sabem que a tarefa de inverter os polos da história é árdua. Principalmente quando os adversários são os fatos. Mas não vislumbram outra alternativa frente ao farto cardápio de escândalos que, certamente, será servido ao público por seus opositores.
A atitude de ambos faz lembrar a lenda do político mineiro Murilo Badaró, que teria tentado aliviar a sua condição de senador sem votos batizando de Biônica a cachaça que produzia em sua fazenda. Por um tempo, pareceu dar certo. Mas, como não se pode brigar com os fatos, a excelente qualidade da caninha alambicada em sua terra natal, Minas Novas, no Alto Jequitinhonha, não deu conta de perdoar a sua bionicidade. Nem mesmo nas mesas de bar.
Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília, e na Agência Estado (SP).

Morderam Dilma




Do Ricardo Noblat:
Na última sexta-feira, em Salvador, ao participar da convenção que lançou o candidato do PT ao governo do Estado, Lula afirmou que a política vive um momento de descrédito e que é preciso moralizá-la.
E completou: “Aos olhos do povo parece uma coisa vergonhosa”. E não é? Ora, Lula e o PT, mas não somente eles, contribuem para que boa parcela dos brasileiros sinta nojo da política e dos políticos.
Um dia antes, em Brasília, a presidente Dilma Rousseff havia dado posse a Paulo Sérgio Passos, o novo ministro dos Transportes.
Ministro costuma ser empossado em uma das amplas salas do segundo andar do Palácio do Planalto. As cadeiras, ali, jamais são suficientes para o número pessoas interessadas em prestigiar o novo ministro.
Pois a cerimônia ocorreu numa sala menor do terceiro andar. Durou menos de 20 minutos. E foi quase clandestina. Políticos de peso não compareceram. O discurso de Dilma não passou de uma peça chocha e cínica.
Ela disse que a ocasião se prestava para uma “pequena reorganização do time que toca a infraestrutura e logística do governo”. E concluiu: “Estou realocando as melhores pessoas em funções diferentes”.
Referia-se à transferência de Paulo Sérgio, presidente da Empresa de Planejamento e Logística, para o lugar de César Borges, até então ministro dos Transportes.
Borges foi rebaixado à condição de ministro da Secretaria Especial dos Portos em substituição a Antônio Henrique Silveira, que doravante responderá pela secretaria-executiva do ministério de Borges. Por que esse troca troca?
A implacável faxineira ética do início do governo, a dura executiva que não perdoa falhas dos seus auxiliares, a mulher valente que se orgulha de manter distância dos políticos por considerá-los desprezíveis, enfim essa senhora antipática e refratária a salamaleques rendeu-se à pressão de uma agremiação inexpressiva chamada Partido da República (PR).
Piscou primeiro. E ofereceu o ombro para ser mordido. Arrancaram-lhe uma fatia de autoridade.
Preocupada em assegurar o apoio do PR à sua reeleição e, por tabela, pouco mais de um minuto de propaganda eleitoral na televisão e no rádio, Dilma demitiu do Ministério dos Transportes quem mais de uma vez apontara como um dos seus melhores ministros.
Borges é filiado ao PR – assim como Paulo Sérgio. Mas o PR se queixava de que Borges não atendia aos pedidos dos seus parlamentares.
A escolha de Paulo Sérgio desagradou ao PR, que o considera resistente à ideia de facilitar negócios inconfessáveis. Por isso, nenhum nome do partido foi visto na posse dele.
O anúncio oficial do apoio do PR a Dilma está marcado para esta segunda-feira. É improvável algum recuo. Salvo se o inquilino de uma das celas da Penitenciária da Papuda, em Brasília, acordar de mau humor.
Valdemar da Costa Neto é o nome dele. Envolvido com o mensalão do PT, acabou condenado por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. É ele que manda no PR.
A República sabe disso. Como sabe que foi de uma cela do presídio Ary Franco, no Rio, a do ex-deputado Roberto Jefferson, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, que partiu a ordem para o PTB abandonar Dilma e aderir à candidatura a presidente de Aécio Neves (PSDB).
A propósito: Fernandinho Beira-Mar não movimenta milhões de reais de dentro de cadeias de segurança máxima?
Por que tenebrosas transações políticas não podem aproximar da Praça dos Três Poderes outro gênero de bandido

sexta-feira, 27 de junho de 2014

PSDB vai ao MP contra retorno dos ‘aloprados’

  •  
     
    Diário do Poder
     
    O PSDB entrou com ação no Ministério Público Federal do DF pedindo a investigação do ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) e do assessor Cássio Parrode Pires, por monitoramento e policiamento de prefeitos do Rio que aderiram ao movimento “Aezão” (apoiantes de Aécio e Pezão). “Berzoini não pode reeditar os aloprados”, alerta o deputado Carlos Sampaio, que foi sub-relator na CPMI Sanguessugas.
  • Para Sampaio, Berzoini, acusado quando coordenador de campanha de Lula, “mostrou não medir consequências em prol do projeto político”.
  • O PSDB também entrou com ação no TSE contra Cássio Parrode, que pediu ao PMDB do Rio de Janeiro a lista dos prefeitos “traidores”.
  • A dobradinha dos aloprados Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini na articulação do Planalto deixou tucanato de cabelos em pé.

Receita fechou os olhos para os milhões de Gana

  • Diário do Poder

  • Está cada vez mais enrolada a operação vapt-vupt de internar no Brasil US$ 3 milhões para molhar a mão dos jogadores da seleção de Gana, que ameaçavam não jogar contra Portugal. A Receita Federal do Brasil, de forma arrogante, recusou-se a “comentar assunto específico”, para não ter de explicar por que fechou os olhos ao ingresso da dinheirama no País sem recolhimento de tributos, e com direito a escolta policial.
  • Suspeita-se que o dinheiro no jatinho era da Fifa, que tem isenção fiscal e quis evitar o cancelamento do jogo Portugal x Gana.
  • Foi digno de filme dos Irmãos Marx o jatinho noturno de Gana com US$ 3 milhões cash. Só faltou a trilha sonora “Yes, nós temos bananas”.

Sancionada lei que torna óleo e gordura resíduo especial


O prefeito Gustavo Fruet sancionou a lei municipal 14.473, de autoria do vereador Aladim Luciano (PV), que inclui óleos e gorduras de origem vegetal e animal no rol de resíduos especiais. A norma, aprovada no mês maio e publicada no Diário Oficial Eletrônico do Município do dia 24 de junho, tem 365 dias para entrar em vigor. A relação de resíduos especiais consta na lei municipal 13.509/2010.

Durante a discussão do projeto em plenário, Aladim Luciano alertou sobre os danos causados ao meio ambiente por conta da destinação inadequada dos óleos e gorduras. “Eles são insolúveis, não se misturam com a água. Quando despejados no ralo da pia ou descartados de forma inadequada, os danos vão do entupimento da tubulação na própria casa até o entupimento das galerias e redes de esgoto”, afirmou.

De acordo com o texto, os óleos e gorduras são considerados resíduos especiais, ou seja, com potencial poluidor, e por isso terão regras para o descarte, com a aplicação de multas ao consumidor final, fabricantes, importadores e revendedores que descumpri-las. A legislação já contempla os pneumáticos, as pilhas e baterias, as lâmpadas, as embalagens de tintas, solventes ou óleos lubrificantes e os equipamentos e componentes eletroeletrônicos.

Dessa forma, os fabricantes nacionais, importadores, distribuidores e revendedores dos produtos geradores dos resíduos especiais previstos na presente lei são responsáveis pela coleta nos pontos de revenda, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final ambientalmente adequados dos resíduos, bem como pelo passivo ambiental e pela recuperação ambiental de áreas degradadas quando causados por sua disposição inadequada.

A norma determina ainda que os revendedores dos produtos, que dão origem aos resíduos especiais previstos nesta lei, são obrigados a disponibilizar aos consumidores o serviço de recebimento dos referidos resíduos no próprio estabelecimento, em local ambientalmente adequado e sinalizado, onde poderão permanecer armazenados até sua coleta pelo fabricante ou importad

Projeto inclui bitucas de cigarros na lei da logística reversa



Bitucas, filtros de cigarros e outros produtos fumígenos podem ser acrescentados à “lei da logística reversa” (lei municipal 13.509/2010), que especifica os itens cujo descarte adequado deve ser responsabilidade das empresas produtoras e revendedoras, sob pena de multa por descumprimento da obrigação. É o que pretende o projeto de lei protocolado no dia 9 de junho pela vereadora Noemia Rocha (PMDB), que já começou a tramitar na Câmara de Curitiba (005.00148.2014).

A proposta já havia sido apresentada por Noemia Rocha em 2009 (005.00227.2009) e, conforme esclarece a vereadora, “se agora for integralmente aprovada,  confirmaria a vocação de nosso município no pioneirismo em grandes soluções ambientais, alçando nossa cidade ao 'primeiro time' das grandes cidades mundiais em qualidade de vida e desenvolvimento sustentável, com uma política ambiental clara, humana, moderna e de vanguarda”.

O projeto de 2009, que previa logística reversa para bitucas, chegou a ser aprovado pelos vereadores dois anos atrás, gerando a lei municipal 14.152/2012. Só que o texto original de Noemia Rocha recebeu um veto parcial do então prefeito Luciano Ducci (PSB), que foi mantido pelos parlamentares.

Com a mudança do Executivo, foi retirado da norma o artigo que responsabilizava os fabricantes e os distribuidores de cigarro pela coleta, transporte, reciclagem e disposição final dos resíduos foi integralmente vetado. Contudo, foi mantida a proibição de jogar os filtros de cigarro em vias, praças, parques e outros locais públicos.

Ao reapresentar a iniciativa, Noemia Rocha não deseja alterar a lei que foi criada pelo projeto anterior, mas incluir na outra norma (lei municipal 13.509/2010), que estabelece regras para o descarte de pilhas, lâmpadas, solventes, tintas e eletrônicos. Diferente da norma do cigarro, a outra já tem aprovadas multas que variam de R$ 100 a R$ 10 mil para quem descumprir o manejo do descarte.

Para a vereadora, “a inclusão das bitucas de cigarro entre os chamados resíduos especiais (passíveis de reciclagem), não tem o intuito de proibir e punir, mas sim, educar e conscientizar nossa população. A reciclagem deste material além de simples é extremamente proveitosa”, defendeu Noemia. “Curitiba tem 18,2% de fumantes entre a população, o que gera diariamente 1,5 toneladas de bitucas de cigarro”, reclama.

Tramitação
Após o protocolo e a leitura no pequeno expediente de uma sessão plenária, o novo projeto de lei começa a tramitar na Câmara de Curitiba. Primeiro a matéria recebe uma instrução técnica da Procuradoria Jurídica e depois segue para as comissões temáticas do Legislativo. Durante a análise dos colegiados, podem ser solicitados estudos adicionais, juntada de documentos faltantes, revisões no texto ou o posicionamento de outros órgãos públicos afetados pelo teor do projeto.

Se não houver empecilhos durante a análise das comissões temáticas (arquivamento pela Comissão de Legislação ou retirada a pedido do próprio autor), o projeto segue para o plenário. Segundo o regimento interno, é responsabilidade do presidente da Casa estipular o que será votado nas sessões (artigo 39, inciso VII, alínea “j”). Para serem consideradas “aprovadas”, as proposições passam por duas votações em plenário.

A entrada em vigor da lei depende do aval do prefeito, chefe do Executivo, e da publicação no Diário Oficial do Município (simultaneamente ou num prazo pré-definido no projeto de lei). Contudo, o prefeito pode se opor a trechos da matéria (“veto parcial”) ou a todo o conteúdo (“veto total” ou “veto integral”). Nestes casos, o projeto volta para a Câmara de Curitiba e os vereadores decidem, votando em plenário, se querem “derrubar os vetos” (recuperando o texto original) ou mantê-los, concordando com o Executivo.

No ano eleitoral, governo dispensa licitação e reforça caixa com R$ 2 bilhões da Petrobras

No ano eleitoral, governo dispensa licitação e reforça caixa com R$ 2 bilhões da Petrobras

O governo decidiu queimar etapas e concedeu diretamente à Petrobras, sem licitação, quatro campos do pré-sal. Com a operação, a estatal ganhará reservas adicionais entre 10 bilhões e 15 bilhões de barris e terá de desembolsar R$ 15 bilhões em bônus e antecipações. Neste ano eleitoral, a medida colocará R$ 2 bilhões no caixa do governo. A decisão ajudará o Tesouro Nacional a fechar as contas de 2014 e a elevar a economia para pagar os juros da dívida, o chamado superávit primário.
O mercado reagiu mal à concessão dos campos à Petrobras, porque esta parcela de R$ 2 bi não estava prevista no caixa da empresa. O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, classificou como “estranha” a decisão do governo. “Muito estranho que a decisão tenha sido tomada no apagar das luzes da corrida eleitoral”, afirmou.

Pedido do governo Dilma para perdoar dívidas de países africanos pode voltar à pauta no Senado

Pedido do governo Dilma para perdoar dívidas de países africanos pode voltar à pauta no Senado

A Comissão de Assuntos Econômicos deve realizar reunião na próxima terça-feira (1º) para análise de requerimentos e projetos. Segundo matéria da Agência Senado, há a chance de serem colocados em apreciação, extrapauta, quatro pedidos da presidente da República, Dilma Rousseff, que solicitam autorização do Senado para que o governo assine acordos de reestruturação de dívidas de países africanos. Esses projetos, embora estejam prontos para entrar na pauta, enfrentam obstáculos políticos na CAE. De um total de cinco pedidos, só um deles, em benefício da República do Congo (conhecida como Congo-Brazzaville), foi aprovado pela CAE e pelo Plenário do Senado. De uma dívida de US$ 352,6 milhões, após o perdão de parcelas referentes a mora e outras taxas, o Congo-Brazzaville foi autorizado a pagar ao Brasil US$ 68,4 milhões.
As dívidas de países africanos cujo reescalonamento foi proposto pelo governo somam US$ 709,1 milhões. Essas dívidas têm origem em operações de financiamento às exportações brasileiras nas décadas de 1970 e 1980. Além do Congo-Brazzaville, são beneficiários Congo-Kinshasa (US$ 4,7 milhões), Zâmbia (US$ 113,4 milhões), Tanzânia (US$ 236,9 milhões) e Costa do Marfim (US$ 1,2 milhão).
O assunto vem rendendo muita polêmica, tanto na CAE como no Plenário do Senado. O senador Alvaro Dias, desde o ano passado, tem sido um dos mais veementes opositores à autorização para o perdão dessas dívidas. Na CAE e no Plenário, o senador Alvaro Dias criticou duramente as iniciativas do governo Dilma, e se opôs à votação dos pedidos para que sejam perdoadas as dívidas dos países africanos. Na época, o senador observou que o Brasil está concedendo perdão de US$ 352 milhões à República do Congo, “onde reina Denis Sassou-Nguesso, autocrata bilionário que tem 156 imóveis riquíssimos em Nova York”. Junto com Pedro Taques e outros senadores, Alvaro Dias conseguiu da CAE a suspensão da deliberação sobre os pedidos de perdão até que o Ministério da Fazenda preste os esclarecimentos solicitados, com a aprovação da Resolução 5/2014. com novas regras para a renegociação de dívidas de alguns países com o Brasil. De acordo com essa norma, os pedidos devem ser acompanhados de informações de risco político.
“Perdoar as dívidas dos países africanos é esbofetear a pobreza e as dificuldades do nosso povo. É ignorar os problemas que têm levado milhares às ruas para protestar. Não podemos aqui pedir o perdão da dívida dos estados, mas vamos conceder o perdão de uma dívida de US$ 352 milhões para um país onde reina um ditador?”, questionou o senador Alvaro Dias por diversas vezes.

O real, 20 anos depois


Gilmar Mendes Lourenço

A moeda brasileira, o real, nascida em 1.º de julho de 1994, completa 20 anos de existência absolutamente carente da viga mestra representada por uma abrangente e consistente orientação macroeconômica e apoiada apenas em retórica e prática populistas, represadoras de um conjunto apreciável de problemas que, por certo, emitirá a fatura maior depois das eleições.
Não é segredo para ninguém que a aliança hegemônica de poder que administra a nação desde 2003, ao surfar nas ondas radicais produzidas pelas altas cotações das commodities em escala global, foi gradativamente abandonando o tripé da estabilização, aplicado a partir de 1999, formado por câmbio flutuante, superávits fiscais primários e metas de inflação, e, o que é pior, apostando todas as fichas na dupla CC (crédito e consumo do governo e das famílias), especialmente com o auge do pânico da crise internacional, em setembro de 2008.
De 2011 para cá o governo Dilma Rousseff alardeia o emprego de uma nova matriz econômica, amparada em crédito oficial subsidiado e incentivos tributários para os “eleitos do senhor” e pronunciado intervencionismo nas regras de operação e precificação de importantes atividades públicas e privadas, ensejando estrondosas perdas corporativas e sacrificando investimentos.
De esforços estruturantes sobraram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que está mais para um empreendimento imobiliário, por causa da destinação de 55% dos recursos para o Minha Casa, Minha Vida; o Plano Brasil Maior, que em vez de política industrial horizontal é um festival de desonerações fiscais para ramos escolhidos por critérios vagos; e as privatizações (ou concessões, como quer o governo), que esbarram em toda a sorte de interferências públicas.
Como resultado, o Brasil colhe o retorno de embaraços considerados superados, como déficits externos recordes; elevação dos desequilíbrios nas finanças públicas; inflação próxima do teto da meta de 6,5% ao ano, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), apesar do represamento dos reajustes dos preços dos combustíveis, energia elétrica e transporte coletivo; estagnação dos níveis de atividade econômica, causada, sobretudo, pela desidratação da indústria; dentre outros.
As trapalhadas com os elementos conjunturais têm sido ladeadas pela ausência de um projeto de expansão econômica sustentada, baseado na negociação política da segunda geração das reformas institucionais, incluindo a tributária, a fiscal, a trabalhista, a previdenciária, a patrimonial, a financeira e o pacto federativo, redefinindo receitas e responsabilidades entre União, estados e municípios.
Lembre-se de que o primeiro estágio de mudanças concentrou-se nos anos 1990 e começo da década de 2000, com a abertura comercial, a desestatização, a regulamentação das concessões dos serviços públicos, a flexibilização dos monopólios e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), sendo timidamente ampliado, nos tempos recentes, com o crédito consignado, o cadastro positivo e a Lei de Falências.
Aos 20 anos, o real está debilitado. O revigoramento e os muitos anos de vida saudável da moeda brasileira dependem da ação de um verdadeiro estadista transformador, menos ocupado com as demandas eleitorais e mais preocupado com o futuro do país. Uma revisita ao princípio do governo Itamar Franco, em 1992-1993, seria um belo começo.
Gilmar Mendes Lourenço, economista, é diretor-presidente do Ipardes e professor da FAE.

Livros didáticos do MEC não chegam as escolas

  por Fernando Tupan
O programa jornalístico “Bom Dia Brasil” apresentou matéria nesta quinta-feira apontando que o Ministério da Educação está deixando estudantes sem livros em diversos estados brasileiros. Em Minas Gerais, 700,5 mil não receberam os livros didáticos para acompanharem as lições em sala de aula. Em São Paulo, 500 mil, no Rio Grande do Sul, 411 mil, em Santa Catarina, 307 mil, e no Paraná, 238 mil. A situação é crítica, mesmo após 4 meses do início das aulas. A denúncia da Rede Globo mostra que o governo Dilma Rousseff vem tratando com desprezo a educação em todo o Brasil.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Reunião pública debate os direitos dos animais



Na tarde desta quarta-feira (25), a Câmara Municipal promoveu uma reunião pública para debater as formas de controle social das condições de vida dos animais. O evento, que teve a iniciativa do vereador Jorge Bernardi (PDT), foi realizado nas dependências do Hotel Nacional Inn Curitiba e contou com a presença de representantes do poder público, ONG's, entidades da sociedade civil organizada e protetores independentes.

Para Jorge Bernardi, o objetivo do encontro foi agregar  ideias, relatos de experiências e proposições que possam subsidiar políticas públicas para o atendimento da população animal no município. “Esse encontro se deve, principalmente, ao Rafael Curi, da ONG Galileu Galilei, que há algum tempo promove ações em prol dos animais e participa do debate público sobre o tema”, ressaltou o vereador.

Rafael Curi participou do evento e destacou que uma das principais metas da ONG Galileu Galilei é desenvolver o projeto Proani (pró animal), cuja estrutura seria constituída aos moldes do Prouni. “Incentivos fiscais sempre são um atrativo para aqueles que pretendem e têm condições de colaborar de alguma forma”, afirmou. Para ele, ações como o agravamento das penas contra aqueles que maltratam animais poderiam popularizar o debate, “levá-lo para o resto da população e, não apenas para os envolvidos com a causa dos direitos animais”, reforçou.

Para a professora Kátia Dietrich (a “Kátia dos animais”), o escândalo que envolveu o Instituto Royal ajudou a divulgar a questão animal junto à opinião pública. “Mas foi apenas um caso isolado. Os problemas nesta área, em todo o país, são constantes e devem ter toda a atenção do poder público”, frisou.

Juliano Ribeiro, coordenador do Controle de Zoonoses da secretaria municipal do Meio Ambiente destacou que nos últimos anos as políticas públicas voltadas à preservação do bem-estar animal passaram por visíveis evoluções. “Recentemente o Ministério da Saúde editou a portaria 1138/2014, que regulamenta as atividades desenvolvidas por centros de zoonoses, o que tornou o trabalho mais claro e objetivo”, disse. Ainda para ele, um aspecto importante da portaria é a regulamentação do procedimento da eutanásia animal nos casos em que haja perigo à saúde pública.

O presidente do Sindicato dos Veterinários do Paraná (Sindivet-PR), César Pasqualini, acredita que o debate é benéfico e pode abrir novas possibilidades de ação por parte dos envolvidos. “Buscamos propósitos comuns no sentido de oferecer melhores condições de vida para os animais. Opções como hospital veterinário público, cota social e medicina veterinária preventiva devem ser debatidas inclusive com a participação do Conselho Regional de Medicina Veterinária”, defendeu.

Questão de direitos
Rosana Gnippe, coordenadora da Rede Estadual de Direitos Animais (REDA) e ativista da causa há 15 anos, lembrou que o um dos fundamentos que move os protetores é compreender o animal como um indivíduo, um ser de direitos. Para ela, “nem toda proposta de preservação dos direitos animais possui de fato esse objetivo. Interesses humanos muitas vezes se sobrepõem”, disse.

“Participei da ONG SOS Bicho e agora atuo na Associação Ambiental Ecoforça. Nesta trajetória, conseguimos o fim do chamado 'aluguel de cães' e chegamos a promover uma manifestação aqui em Curitiba contra a vivissecção de animais. São fatos isolados, mas que representaram momentos na busca de políticas públicas mais efetivas”, afirmou Rosana, que também destacou a inclusão dos direitos animais nas discussões do Fórum Permanente da Agenda 21, criado em 1992.

No entendimento de Elza Maria Galvão, diretora do Sindicato dos Veterinários do Paraná e atuante na causa animal há 30 anos, perde-se muito tempo em se discutir questões que já possuem previsão legal. “Muitos aspectos da questão já possuem previsão legal, mas, na prática, isso nem sempre significa um resultado concreto”, argumentou. Ainda segundo ela, “escândalos envolvendo maus-tratos a animais domésticos muitas vezes conduzem o debate para um clima passional. Os direitos animais devem ser discutidos com racionalidade”, destacou.

Jean Felipe Sirigate, representando o vereador Professor Galdino (PSDB), lembrou que uma das principais metas desse parlamentar em sua gestão é a de concretizar um hospital veterinário público em Curitiba. “Em recente encontro, o prefeito Gustavo Fruet se mostrou simpático à ideia, mas há questões orçamentárias que impedem sua efetivação imediata”, afirmou Jean. Para ele, é necessário que o município pense em convênios com universidades e hospitais universitários a fim de viabilizar a implantação do hospital.

Sueli Sasaoka, da Divisão de Proteção Animal da secretaria municipal de Meio Ambiente, exaltou a participação dos ativistas e dos protetores independentes. “Toda colaboração é bem-vinda e as ONG's e entidades independentes têm promovido um trabalho excepcional”, afirmou.

Protetores e as políticas públicas
Fabiane Rosa, do coletivo de proteção animal Salva Bicho, estranhou o fato de que as mais de seis mil castrações não realizadas, que foram herdadas da gestão anterior, ainda não aconteceram. “São procedimentos com prazo. Não faz sentido que sejam prorrogados indefinidamente, ainda mais quando todos sabem que o dinheiro para sua execução existe”, reclamou ela, ressaltando ainda que, “as ONG's e associações independentes têm feito o trabalho do setor de zoonoses público há anos”.

Leyla Conceição Cardoso Orilio, do Instituto de Proteção Animal e Exercício de Cidadania, entende que os convênios podem ser importantes, mas não têm caráter definitivo. “As políticas públicas devem ser permanentes e não episódicas”, destacou. Para ela, “a realização desta audiência, por iniciativa do vereador Bernardi, constitui uma exceção. O diálogo com o poder público, no que diz respeito aos direitos animais é, na maioria das vezes, lento e frustrante. O que não cabe é a população ter de cumprir uma obrigação que é atribuição do poder público”, enfatizou.

Jorge Bernardi e os participantes do evento ficaram de elaborar uma carta pró-vida animal, com a síntese das propostas e ideias debatidas na reunião. “Devemos lembrar que há dez ou quinze anos, a única política pública vigente sobre animais era o extermínio puro e simples. Reuniões como essa servirão para sedimentar novas abordagens e metodologias para a preservação dos direitos animais”, afirmou o vereador.

Sancionada proibição de bloqueios de rua em horários de pico


Entrou em vigor nesta terça-feira (24) a lei municipal 14.471/2014, que proíbe o bloqueio de vias públicas, das 8h às 9h e entre 17h e 19h, por obras civis e arquitetônicas ou atividades de carga e descarga. A regra é uma iniciativa do vereador Colpani (PSB) e foi aprovada em plenário pelos parlamentares da Câmara Municipal no dia 26 de maio.

Válida de segunda a sexta-feira (exceto feriados), a restrição é prevista às vias do Centro e seus bairros periféricos. No restante da cidade, vale para as vias expressas. A lei municipal, criada a partir do projeto 005.00267.2013, não contempla os bloqueios realizados por veículos de atividades consideradas essenciais e de emergência, como ambulâncias, viaturas policiais, Corpo de Bombeiros, serviço funerário, Correios, coleta de lixo, entrega de gás, imprensa e transporte de valores (a relação completa está no artigo 2º da norma).

“As interrupções de vias levam à lentidão desnecessária, ao famoso afunilamento. A medida não eliminará os congestionamentos, mas vai contribuir para melhorar a fluidez e evitar um colapso”, defendeu, durante a aprovação do projeto em plenário, o vereador Colpani. “Segundo dados do Detran, Curitiba é a cidade com mais veículos por habitante. O projeto não traz custos ao município e ainda vai contribuir com a mobilidade urbana”, afirmou o parlamentar.

A votação na Câmara Municipal havia sido adiada, no dia 6 de maio, a pedido da secretária municipal de Trânsito, Luiza Simonelli. Após o debate com a pasta, foi apresentada uma emenda ao texto (034.00026.2014), que prevê sua regulamentação pelo “órgão competente da administração pública”. A lei sancionada foi publicada na edição 117 do Diário Oficial Eletrônico, na seção Atos do Município de Curitiba.

Pensando bem…



Claudio Humberto

…estranha, a doença de José Genoino. Só melhora quando toma remédios em casa, para onde espera ir logo com ajuda do Supremo.

Torcida sob censura

Claudio Humberto

Torcedores foram obrigados a mostrar faixas e cartazes que levavam ao jogo Brasil x Camarões, no estádio Mané Garrincha. “Deixa ver se tem alguma coisa contra Dilma!”, ordenava o policial. Uma torcedora se irritou, desfraldando sua bandeira: “Tem só ‘Ordem e Progresso’…”

Tempos muito estranhos

Claudio Humberto

Em atitude de inspiração fascista, o MST invadiu a rádio Xodó FM, em N.S. das Graças (Sergipe), tiraram o locutor Anselmo Tavares e discursaram ao microfone, fazendo elogios rasgados ao PT.


A OMISSÃO DO LULA

Carlos Chagas 
 
O Lula não foi ao  jogo de inauguração da copa do  mundo, mesmo a poucos quarteirões de seu apartamento, mas apenas para não dividir cm Dilma a metade das vaias lá verificadas? Dilma não foi  à convenção estadual do PT que formalizou a candidatura de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo, por não fazer fé na sorte desse novo poste inventado pelo antecessor?
A verdade é que o ex-presidente permanece à margem da campanha da sucessora, enquanto essa aproveita, sem ele,  os últimos dias que a lei eleitoral permite para inaugurar   obras e distribuir benesses pelo país. Apesar de terem estado juntos na convenção nacional do PT que oficializou Dilma como candidata à reeleição, tratou-se de um relacionamento frio entre criador e criatura.  Fica difícil supor que não se encontrem em divergência, porque não se trata, propriamente, de uma dupla integrada na campanha pelo segundo mandato,  ainda que os otimistas expliquem como  razão do distanciamento   estarem  as atenções nacionais   voltadas para a copa do mundo de futebol.  Depois de 13 de julho tudo poderá mudar, alegam.    Como também pode ser que  não mudem.  O resultado, até agora, tem sido uma Dilma isolada, meio órfã de apoio do Lula, ao contrário de 2010.
O mesmo clima gelado estende-se entre o  PT e a presidente. Quando ela entrega casas próprias ou tratores pelo interior, o que menos se escuta são aplausos dos companheiros.  A menos que o marqueteiro João Santana tenha armado essa impressão de fraqueza para depois dar ampla volta por cima, prejudicada fica a campanha de Dilma. Jogar todas as fichas no horário eleitoral gratuito é temerário. A rejeição de mais de 50% que a presidente colheu nas pesquisas mais recentes leva para as telinhas o mesmo sentimento de abandono,  bem como desperta  previsões não apenas para a realização do  segundo turno, mas abre perspectivas para Aécio Neves, na decisão final.
Ainda que não existam  milagres em política, a verdade é que além de outros  fatores vem pesando na disputa atual   a omissão do Lula. Se não houver uma virada no jogo, o empate poderá  significar a derrota. Se consciente ou inconsciente,  a postura do primeiro-companheiro    conduz à perda do poder  pelo PT e penduricalhos.   Será esse desfecho  desejado pelo ex-presidente?  Ou, no mínimo, desconsiderado?
Sem falar nos negócios escusos e no assalto às estruturas do poder público,  importa registrar que pelo menos 32 mil cargos federais em comissão fazem a felicidade dos atuais detentores do poder. Seria uma contradição imaginar que o Lula não se importasse, a ponto de levar a esse extremo suas divergências com Dilma. O problema é que falta identificar a azeitona  no meio dessa empada. Por que o ex-presidente fechou-se como uma ostra, não apenas deixando  de viajar pelo país, como havia prometido, mas isolando-se em São Bernardo, sem entrevistas, exortações e pronunciamentos em favor da presidente?  Estaria dando o troco por  nos últimos meses  não ter sido  obedecido como esperava? Seu conceito de madre superiora do convento deveria esgotar-se antes.    Não se trata de estar preparando 2018, porque voltaria em muito  melhores condições caso sucedesse Dilma.  Ou não?

Nós, os patetas, é que pagamos o pato

Jorge Oliveira

Rio – A idéia em princípio parecia boa. O bolivariano Hugo Chávez participaria da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e a Venezuela, que ele governava com mão de ferro, dividiria os investimentos de US$ 2,3 bilhões com o Brasil. Chávez morreu sem nunca o seu país ter desembolsado um tostão sequer para tocar o empreendimento, Lula deixou o poder e, hoje, a Petrobrás arca com os custos da refinaria que já beiram os US$ 20,1 bilhões. A obra, que começou em 2003, já é considerada a mais cara do mundo, com custo médio US$ 87 mil por barril de óleo, o dobro da média no mercado internacional.
Não, não se espante.  A Petrobrás, antes a empresa símbolo do país em eficiência e produtividade, nas mãos dos petistas virou uma empresinha de fundo de quintal. Emprega milhares de militantes terceirizados, faz compra de refinarias superfaturadas no exterior e não aguenta uma análise minuciosa do Tribunal de Contas da União que já identificou dezenas de contratos ilegais. Seus ex-diretores são lobistas da própria empresa e um deles está preso por lavagem de dinheiro, envolvido com a máfia dos doleiros.
Agora o Brasil entende porque o PT se alvorou em defender com unhas e dentes a estatal. Chegou a inventar que os tucanos iriam privatizar a empresa se ganhassem as eleições em 2010. É que eles transformaram a Petrobrás em patrimônio do partido, dividiram a diretoria entre os apaniguados e de lá tiravam o suprimento das campanhas. Milhões de reais em contratos ilegais e superfaturados iam parar nas mãos dos doleiros. Estes, limpavam o dinheiro e o depositavam na conta do partido através de empresas de fachadas.
Defender a Petrobrás, portanto, era defender os interesses dos diretores gatunos e manter a quadrilha operando na maior empresa do Brasil. Não era e nunca foi um gesto patriótico nem um ato heroico do PT contra as privatizações.  Era, na verdade, um ato de vandalismo aos cofres da empresa e ao bolso do contribuinte que, com cara de pateta, assiste o dinheiro público sumir pelo ralo nos órgãos estatais dirigidos por sindicalistas incompetentes e despreparados.
A operação bolivariana entre Lula e Chávez para construir a Refinaria Abreu e Lima foi uma das mais danosas ao país. A Petrobrás gastou 770% mais que o previsto com as 141 alterações contratuais até agora. Em qualquer lugar do mundo, os responsáveis por esse desperdício já estariam na cadeia. Veja, por exemplo, esses números: 478 milhões de dólares é o valor a que pode chegar o sobrepreço apenas em quatro contratos, segundo o TCU, e 78 milhões de dólares foram gastos para corrigir um erro no projeto que comprometeu as fundações.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás que está preso é fichinha diante do que outros diretores petista fazem na Petrobrás. Trataram a empresa como o boteco do português de Madureira, sem desmerecer, é claro, a administração dos lusitanos nessa área. À frente do Conselho da empresa, a Dilma não sabia nem o que aprovava, por isso, a Petrobrás também foi lesada na compra da refinaria do Texas. Mesmo assim, a presidente foi vendida ao país como grande administradora apenas por ter apresentado um laptop ao Lula quando era presidente. Esqueceram de lembrar durante a campanha que ela faliu uma loja de R$ 1,99 que montou em Porto Alegre na época das vacas magras. O Lula é outro. Nunca soube administrar nada porque há décadas, desde que deixou de ser metalúrgico, sempre foi sustentado por sindicatos e partido político.
Infelizmente, é nas mãos dessas pessoas que está o destino do país. Portanto, não se engane: a crise econômica apenas começou.

Supremo autoriza Dirceu a trabalhar e apenas passar a noite na prisão

Com saída de Barbosa, as raposas fazem a festa


Supremo autoriza trabalho externo para José Dirceu
Diário do Poder
José-Dirceu
Por maioria dos votos, ex-ministro da Casa Civil consegue direito de trabalhar durante o dia

Por maioria de votos, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou hoje (25) o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu a trabalhar durante o dia em um escritório de advocacia em Brasília. Dirceu vai prestar serviços no escritório do advogado José Gerardo Grossi, em Brasília. Ele vai ajudar na pesquisa de jurisprudência de processos e na parte administrativa com salário de R$ 2,1 mil. A jornada é das 8h às 18h, com uma hora de almoço.
Os ministros aceitaram recurso da defesa contra decisão do presidente da Corte, Joaquim Barbosa, que rejeitou a autorização em maio, por entender que Dirceu e os demais apenados não cumpriram o mínimo de um sexto da pena para terem direito benefício. O ex-ministro foi condenado a sete anos e 11 meses de prisão em regime semiaberto. Com base no entendimento, José Dirceu nem chegou a ter o benefício autorizado.
Ao divergir de Barbosa, a maioria do plenário concordou com o voto do relator das execuções penais dos condenados, ministro Luís Roberto Barroso. Para o ministro, não é necessária a exigência de um sexto da pena para que o condenado em regime semiaberto possa deixar a prisão durante o dia para trabalhar.
Segundo Barroso, a jurisprudência sobre o assunto é antiga no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o entendimento contrário não pode ser alterado somente para os condenados no processo do mensalão. “A negação ao direito ao trabalho externo para reintroduzir a exigência do prévio cumprimento da um sexto da pena vai ao desencontro das circunstâncias do sistema carcerário de hoje.”
No caso específico de Dirceu, o relator afirmou que o trabalho externo em um escritório de advocacia é inconveniente, no entanto, a questão não impede que a autorização seja concedida. Na decisão, o presidente da Corte avaliou que a proposta de emprego era “uma ação entre amigos”.
Com o recesso no Judiciário , que começará na terça-feira (1º), os recursos do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares,  do ex-deputado federal Romeu Queiroz e advogado Rogério Tolentino,  ligado ao publicitário Marcos Valério,  poderão ser decididos individualmente por Barroso. Todos tiveram o benefício cassado por Barbosa, com os mesmos argumentos. (André Richter/Agência Brasil)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

STF deve flexibilizar pena de mensaleiros

Justiça, onde andas?

  por Fernando Tupan
Os membros do Tribunal Superior Eleitoral (STF) deverão flexibilizar as penas dos mensaleiros envolvidos no maior escândalo político da história depois da queda da ditadura militar.  Os petistas presos na Penitenciária da Papuda deverão ganhar liberdade durante o dia e poderão exercer trabalhos externos. Pela lei, eles teriam que aguardar um período maior na cadeia para se beneficiarem da medida. José Genoino poderá cumprir a pena em casa, mesmo depois que duas juntas médicas confirmarem que o caso dele não seria tão perigoso como os advogados dele insistem. A sessão será presidida por Ricardo Lewandowski, já que Joaquim Barbosa declarou-se impedido.

‘Ilusão de ótica’, de Dora Kramer


Publicado no Estadão desta sexta-feira
DORA KRAMER
Não parou em pé uma semana a justificativa de que os insultos dirigidos à presidente Dilma Rousseff na abertura da Copa foram obra de ação orquestrada pela “elite branca” presente ao estádio.
E quem a derrubou foi o mesmo Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, que em janeiro último pôs abaixo a versão oficial sobre os protestos de junho de 2013. Segundo o governo e o PT, a ebulição era produto do êxito das administrações petistas que tornaram as pessoas mais exigentes e o “Brasil mais forte”, na expressão da presidente.
Na ocasião, Carvalho falava no Fórum Social, em Porto Alegre, e desabafou com franqueza sobre as manifestações: “Ficamos perplexos, fizemos tanto por essa gente e agora eles se levantam contra nós”. Ele se dirigia a uma plateia amiga, como anteontem, quando disse a um grupo de blogueiros e militantes governistas que no Itaquerão “não tinha só elite branca”.

‘Acorda, jornalista!’, de Fernão Lara Mesquita


Publicado no Blog Vespeiro
FERNÃO LARA MESQUITA

Um golpe contra a democracia está em curso desde o último dia 26 de maio e a circunstância que o torna mais ameaçador do que nunca antes na história deste país é a atitude de avestruz que a imprensa tem mantido, deixando de alertar a população para a gravidade dessa agressão.
O decreto nº 8.243, assinado por Dilma Rousseff, que cria um “Sistema Nacional de Participação Social”, começa por decidir por todos nós que “sociedade civil” deixa de ser o conjunto dos brasileiros e seus representantes eleitos por voto secreto, segundo padrão universalmente consagrado de aferição da legitimidade desse processo, e passa a ser um grupo indefinido de “movimentos sociais” que ninguém elegeu e que cabe ao secretário-geral da Presidência, e a ninguém mais, convocar para examinar ou propor qualquer lei, política ou instituição existente ou que vier a ser criada daqui por diante em todas as instâncias e entes de governo, diretas e indiretas, o que afeta também os governos estaduais e municipais hoje na oposição.

Apesar da violência desse enunciado, a maioria dos jornais e televisões do país nem sequer registrou o fato. E mesmo os que entraram no assunto depois vêm diluindo o tema no noticiário como se não houvesse nada com que seus leitores devessem se preocupar. Prossegue a sucessão de manchetes em torno do golpe de 1964, mas para o de 2014 o destaque é próximo de zero. Nenhum critério jornalístico justifica isso.
Esse decreto é, na verdade, um excerto do Terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), que o PT já tentou impor antes ao país também por decreto – nas vésperas do Natal de 2009, no apagar das luzes do governo Lula –, mas que, graças à forte reação da imprensa e consequente mobilização da opinião pública, foi obrigado a abortar.
O PNDH-3 contém 521 propostas que, além da revogação da Lei de Anistia, que passou “no tapa” depois que a imprensa comprou a ideia do governo de que a prioridade nacional é voltar 50 anos para trás e não correr 50 anos para a frente, institui “comissões de direitos humanos” nos Legislativos para fazer uma triagem prévia das matérias que eles poderão ou não processar; impõe a censura à imprensa; obriga a um processo de “reeducação” todos os professores do país; veda ao Judiciário dar sentenças de reintegração de posse de propriedades “rurais ou urbanas” invadidas, prerrogativa que se torna exclusiva dos “movimentos sociais”; desmonta as polícias estaduais para criar uma central única de comando de todas as polícias do país, e vai por aí afora.
Ciente de que tal amontoado de brutalidades jamais será aprovado pelo Legislativo, o PT está tratando de fazer com esse Poder o mesmo que fez com o Judiciário. Os juízes não dão as sentenças que queremos? Substituam-se os juízes por juízes “amigos”. Um Legislativo eleito pelo conjunto dos brasileiros jamais transformará essas 521 propostas em lei? Substituam-se os legisladores por “movimentos sociais” amestrados sob a tutela da Presidência da República…
O argumento de que esse é o jeito de forçar o Congresso a reformas não é honesto. Para forçar reformas que o povo deseje, existem instrumentos consagrados tais como o do voto distrital com recall, que arma as mãos de todos os eleitores para demitir na hora os representantes que resistirem ou agirem contra a sua vontade. Este tipo de participação, sim, opera milagres estritamente dentro dos limites da democracia. Substituir os representantes eleitos por “representantes” que ninguém elegeu tem outro nome: chama-se golpe.
Depois da rendição do Judiciário com a renúncia de Joaquim Barbosa, só sobra a imprensa. E os feriados da Copa farão com que só haja pouco mais de meia dúzia de sessões legislativas completas em junho e julho somados. Depois é véspera de eleição. É bom, portanto, que ela desperte já dessa letargia, pois não haverá segunda chance: está escrito no PNDH-3 que a imprensa é a próxima instituição nacional a ser desmontada.

‘Tudo culpa da mídia’


Publicado no Estadão deste domingo

O PT não desiste: é tudo culpa da mídia. Depois de Lula ter proclamado aos quatro ventos que o lamentável episódio das ofensas dirigidas a Dilma Rousseff no jogo de abertura da Copa do Mundo foi obra da “zelite”, seu homem de confiança no Palácio do Planalto, o ministro Gilberto Carvalho, manifestou opinião diversa, mas não necessariamente divergente, que na verdade “aprimora” o argumento petista: a culpa é da “pancadaria diária” dos meios de comunicação no lombo do PT e de seu governo.
Ajudam a entender as intenções do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência as circunstâncias em que ele se manifestou. Circunstâncias que, de resto, demonstram claramente o que o PT entende por “democratização da mídia”: uma reunião, no Palácio do Planalto – patrocinada, portanto, com recursos de todos os brasileiros -, com blogueiros e ativistas militantes ou simpáticos ao lulopetismo, convocados para tratar da necessidade de se articularem e unificarem o discurso contra a “direita militante que não havia antes”, para fazer “o debate da mídia para valer” (não ficou claro se o “para valer” se referia ao debate ou à mídia)

‘Só um intervalo’


Publicado na edição impressa de VEJA
J. R. GUZZO

Um jogo de futebol, mesmo um jogo de abertura de Copa do Mundo e com o time brasileiro em campo, é apenas um jogo de futebol. Para a maioria da população brasileira, as aflições da luta diária e silenciosa pela sobrevivência são bem maiores, na prática, do que qualquer tristeza esportiva; ninguém tem tempo para ficar chorando quando é preciso encarar, logo na madrugada seguinte, três horas de ônibus, metrô e trem para ir até o trabalho. O ex-presidente Lula pode achar que é uma “babaquice” pensar em transporte público de primeira classe para quem vive na terceira, nesta bendita Copa que inventou de trazer para o Brasil sete anos atrás. Pode achar o que quiser, mas não vai aliviar em um grama a selvageria imposta à população para que ela exerça seu direito constitucional de ir do ponto A ao ponto B – e muitos outros prometidos em troca dos 30 bilhões de reais que custará a Copa mais cara da história, num país onde a classe média começa nos 290 reais de renda por mês. Do mesmo modo, as alegrias da vitória são apenas momentos que brilham, depois de leve oscilam, e se desfazem num prazo médio de 48 horas.

A vitória do Brasil sobre a Croácia por 3 a 1, em sua estreia na mais grandiosa e emocionante disputa esportiva do planeta, foi um desses momentos que valem enquanto duram. Não garante nada, é claro, numa competição de alpinismo em que cada passo rumo ao topo é mais difícil que o passo anterior; garante mais, em todo caso, que uma derrota. Mas para a vida do Brasil e dos brasileiros é apenas um intervalo que não muda nada – justamente numa hora em que é urgente mudar tanto. É urgente porque o Brasil se encontra, neste mês de junho de 2014, em estado de desgoverno. A questão, a esta altura, não é dizer que o governo da presidente Dilma Rousseff tem tudo para ficar entre os piores que o país jamais teve. Isso muita gente, e cada vez mais gente, já está cansada de saber – segundo a última pesquisa do Pew Institute, organização americana de imparcialidade e competência indiscutíveis, mais de 70% dos brasileiros estão hoje descontentes com o governo; eram 55% em 2013. Esse nível de frustração, segundo o instituto, “não tem paralelo em anos recentes”. Que mais seria preciso dizer? O problema real, seja qual for o resultado final da Copa, é que o governo federal deixou de existir como autoridade responsável; traiu os eleitores, suprimindo o seu direito de ser governados sob o império da lei, e passou a agir no mundo da treva. Não se sabe se os donos do poder estão sonhando em arrastar o Brasil para uma aventura totalitária. Mas certamente dão a impressão de quererem algo muito parecido com isso.
Lula, Dilma, o PT e as forças postas a seu serviço não aceitam, por tudo o que dizem e sobretudo pelo que fazem, a ideia de perder a eleição presidencial de outubro. Por esse objetivo, mandaram a governança do país para o diabo e empregam 100% de suas energias, sua capacidade de cometer atos ilegais e seu livre acesso ao dinheiro público para impedir que a massa dos insatisfeitos possa eleger para a Presidência qualquer candidato que não se chame Dilma Rousseff. Uma greve ilegal e abusiva dos agentes do metrô de São Paulo, armada na zona escura dos apoios clandestinos ao governo, fez algo inédito: montou piquetes para impedir que os passageiros chegassem aos trens – dentro da estratégia de impor a desordem nos serviços públicos paulistas e, com isso, prejudicar candidatos da oposição. Um decreto da presidente criou, e quer tornar efetivos, uns “conselhos populares” com poderes e competências acima dos do Congresso Nacional e do Judiciário. Num país com 55 000 assassinatos por ano, o governo nega aos cidadãos o direito fundamental à vida, ao tornar-se cúmplice dos criminosos com sua tolerância máxima ao crime – em quase doze anos de governo, Lula e Dilma não disseram uma única palavra contra esse massacre, e muito menos tomaram a mínima providência a respeito. Ambos tiveram, ou compraram, o apoio de 70% do Congresso; o que fizeram de útil com essa imensa maioria? Zero. Ela foi usada apenas para impedir investigações sobre seus crimes, como na espetacular sequência de escândalos na Petrobras, por exemplo, e encher o PT e seus aliados com empregos públicos, verbas e oportunidades de negócio. O uso sistemático da mentira tor­nou-se a forma mais praticada de ação política. A presidente da República não fala ao público na abertura da Copa – fica num discurso pré-fabricado de elogio a seu governo.
Um Brasil como esse perde se perder e perde se ganhar.

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O almoço que precedeu a convenção nacional do PT deve ter sido bastante animado, sugere a frase em que Lula acusou a imprensa independente de fazer o que anda fazendo o orador há 40 anos: “A mídia golpeia, falseia, manipula, distorce, censura e suprime fatos”. O palanque ambulante quis caricaturar jornalistas que insistem em ver as coisas como as coisas são. Acabou desenhando um autorretrato.
E a sobremesa foi longe, informa o trecho da discurseira em que Lula reincidiu na celebração da ignorância. “Esse país foi a vida inteira governado por doutores, engenheiros e intelectuais, mas eu não vou citar nomes porque ele vai pensar que eu estou falando dele”, recitou. (“Ele”, claro, é FHC, que está para Lula como a kriptonita para o Super-Homem). “Por que, então, essa gente não resolveu o problema da educação no Brasil?”
Se não resolveram o problema por inteiro, os presidentes que sabiam ler e escrever ao menos evitaram que a rede de ensino público se transformasse na imensa usina de analfabetos funcionais inaugurada pelos inventores do Brasil Maravilha. E nenhum deles precisou fantasiar-se de doutor honoris causa para esconder o cérebro baldio, filho da vadiagem intelectual confessada por Lula no vídeo de 31 segundos.
Numa noite de 1981, intrigado com meia dúzia de citações declamadas pelo entrevistado do programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, o teatrólogo Flávio Rangel resolveu desvendar o enigma. “Você não está estudando nada? Você sente necessidade de estudar?”, pergunta Rangel ao líder metalúrgico que no ano anterior fundara o PT.
Daqui a muitas décadas, quando este estranho início de século for apenas um asterisco nos livros de História do Brasil, multidões de visitantes continuarão a aglomerar-se diante do vídeo exposto no Museu da Era da Mediocridade, assombrados com o que diz um futuro presidente da República.
A resposta se compõe de cinco frases. Nas quatro primeiras, Lula sucumbe a um surto de sinceridade:
“Primeiro, eu acho que eu sou muito preguiçoso. Até pra ler eu sou preguiçoso. Eu não gosto de ler, eu tenho preguiça de ler. Pelo hábito, isso é questão de hábito. Tem companheiro que passa um dia lendo um livro. Eu não consigo”.
A confissão do preguiçoso sem cura é interrompida pela quinta e última frase, que denuncia um feroz inimigo da verdade:
Eu tô com um livro pra ler, aquele, “1964, A Conquista do Estado”, e faz três meses que eu tô na página 300″.
A cara de quem está contando outra mentira confirma que, se é que abrira o livro, não havia chegado a 300 linhas. Passados mais de 30 anos, Lula não lê nem 30 palavras.

Governo deposita primeira parcela das progressões e promoções acumuladas

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Professores e funcionários da rede estadual de educação receberão, no dia 30 deste mês, a primeira das três parcelas do pagamento das progressões e promoções acumuladas. As outras parcelas serão depositadas em agosto e novembro.
O pagamento seguirá calendário estabelecido pela Secretaria de Estado da Administração. Nessa primeira parcela será priorizado o pagamento dos acumulados nas folhas de abril, agosto e outubro de 2013.

Leprevost agradece Richa por R$ 29 milhões para hospitais


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O deputado estadual Ney Leprevost agradeceu o governador Beto Richa pelos novos investimentos destinados nesta terça (24) a saúde. O comunicado aconteceu no Palácio Iguaçu, em Curitiba, e repassa R$ 29,5 milhões para 36 entidades e hospitais de pequeno porte do Estado.
Os recursos devem ser utilizados para custeio, obras e equipamentos e, de acordo com Ney, esta medida vai beneficiar a polpulação mais carente, que depende de hospitais com menor infra-estrutura.
O investimento faz parte da 3ª fase do HospSus, programa do Governo do Estado de apoio a hospitais públicos e filantrópicos do Paraná. Na terceira fase do HospSUS, o governo estadual vai fortalecer os hospitais com menos de 50 leitos.

A REJEIÇÃO É GERAL

Carlos Chagas
 
 
Um estranho fenômeno vem marcando a copa do mundo, depois da partida inicial no Itaquerão: a fuga dos políticos. Não é apenas a presidente Dilma, que em seguida à vaia inicial decidiu ficar diante de seu aparelho de televisão. Os demais candidatos presidenciais também não aparecem. Governadores, nem pensar. Ministros, só bissextamente, por obrigação, como o das Relações Exteriores para acompanhar o príncipe Henry, ou o dos Esportes, por sua própria razão de ser. Pior ficam as ausências quando se trata do Congresso. Nem presidentes da Câmara e do Senado, nem dirigentes dos partidos ou líderes da maioria e minoria. Todos fogem dos estádios como o diabo da cruz, com medo das vaias.
Se algum político desmentir essa conclusão, provando ter comparecido, basta indagar com que disfarce ele esteve presente: bigodes falsos ou peruca?
Logo depois da copa do mundo de 1950, com o Maracanã aberto ao povão por conta do baixo preço dos ingressos, o presidente Getúlio Vargas compareceu a um fla-flu de no mínimo cem mil torcedores. Anunciada sua presença pelos alto-falantes, ninguém vaiou, mas poucos aplaudiram. Atrás dele estava o prefeito do Rio, Angelo Mendes de Moraes, por sinal o construtor do maior estádio do mundo. Fiado em que seria aplaudido, mandou o locutor oficial registrar seu nome. Seguiu-se a primeira das centenas de milhares de vaias que marcam os campos de futebol: a multidão em peso gritou por muitos minutos: “água! Água!”, uma referência explosiva a uma das maiores mazelas da cidade maravilhosa, a falta da própria.
Nas décadas seguintes, Juscelino comparecia, mas nada de querer seu nome anunciado. No período militar, só Garrastazu Médici gostava de futebol, mas ia escondido, numa das cabines destinadas aos narradores do rádio. Isso até a conquista da copa pelo Brasil, em 1970, no México. Na véspera, o general reuniu a imprensa , alertada para não fazer perguntas políticas, só esportivas. Um puxa-saco indagou se ele arriscaria um palpite e veio a resposta: “Brasil, quatro a um”. Faltando dez minutos para o encerramento, ganhávamos de três a um, com o país dividido de alto a baixo. Quando o Pelé pegava na bola, metade da população colada nos aparelhos de televisão gritava “mais um, mais um”, enquanto a outra metade exortava o craque a chutar para trás ou para a lateral. Pois não é que depois de driblar um monte de italianos ele passa para Carlos Alberto, que vinha desabalado e consagrou a previsão do ditador! Dali por diante, Médici mandava anunciar sua chegada na tribuna de honra e, durante meses, era aplaudido de pé nas arquibancadas e na geral, do povão. Claro que durou pouco aquela ilusão, mas como foi difícil de aguentar…
Esses episódios se recordam porque agora tudo mudou. É o povo, elitizado ou não, segundo comentário do ministro Gilberto Carvalho, que manifesta seu repúdio a qualquer tipo de autoridade, começando pela presidente da República. Nos estádios e fora dos estádios, como ainda se viu dois dias atrás no Amapá. Os políticos estão certos quando preferem assistir os jogos pela televisão…

terça-feira, 24 de junho de 2014

Paraná ainda aguarda auxílio de R$ 2,1 milhões do governo federal

Léo Carioca/Futura Press/Folhapress
Léo Carioca/Futura Press/Folhapress / A chuva na capital do Rio Grande do Norte causou estragos na Avenida Sílvio  Pedroza A chuva na capital do Rio Grande do Norte causou estragos na Avenida Sílvio Pedroza
águas de junho

Ajuda humanitária, autorizada no dia 16, ainda não veio; Ministério da Integração Nacional aguarda plano de trabalho do governo estadual
 
Autorizado pelo governo federal há uma semana, o recurso de R$ 2,1 milhões para ajuda humanitária aos atingidos pela chuva ainda não chegou ao Paraná. Na sexta-feira, o Ministério da Integração Nacional informou que o auxílio virá na forma de kits (de alimentos e dormitório) e não em depósito bancário, como era esperado até então. Segundo a assessoria do governo do estado, até o fim do expediente, às 13 horas de ontem, nenhum kit havia chegado à Secretaria da Família e Desenvolvimento Social.
Procurado pela reportagem na tarde de ontem, o ministério disse não ter novidades em relação às informações já enviadas à Gazeta do Povo na última quinta-feira. Na ocasião, a União afirmou não ter recebido o pedido paranaense de R$ 160 milhões para a reconstrução das rodovias estaduais danificadas pela chuva. Apenas uma solicitação de R$ 3,15 milhões para a compra de óleo diesel a ser usado na recuperação de estradas rurais, estava nas mãos do ministério. A liberação do recurso depende do envio de um plano de trabalho detalhado, que, de acordo com a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, já está sendo providenciado pelo estado.
Na semana passada, no entanto, a assessoria do Palácio Iguaçu disse estar ciente de que a verba para reconstrução da malha rodoviária depende de um plano de trabalho, que só será feito quando a água baixar em todas as áreas afetadas. Estimativas do estado apontam que o prejuízo da chuva nos 155 municípios afetados deve ficar entre R$ 600 milhões e R$ 1 bilhão.
Dos pedidos feitos até o momento, o governo estadual afirma ter recebido apenas R$ 346 mil em recursos financeiros. Também já foram enviados ao Paraná 4,2 mil kits de alimentos (R$ 346,8 mil), 4,2 mil kits de dormitório (R$ 699,8 mil), apoio com helicópteros do Exército (R$ 90 mil), implantação de três pontes móveis (R$ 570 mil) e ações de socorro por parte do Exército (R$ 105 mil). Os R$ 2,1 milhões da segunda remessa estão divididos em 10 mil kits de alimentos (R$ 825,8 mil) e 8 mil kits dormitório (R$ 1,3 milhão). Já a solicitação de 9 mil kits de higiene, 9 mil kits de limpeza e 550 toneladas de ração animal, para alimentar criações de áreas afetadas pela chuva, também não teria chegado a Brasília.

Acompanhante de PcD pode ter gratuidade em cinema e teatro


Cinemas e teatros de Curitiba podem ser obrigados a reservar até três ingressos gratuitos por sessão para acompanhantes de pessoas com deficiência (PcD). O projeto de lei é do vereador Chicarelli (PSDC) e começou a tramitar nesta segunda-feira (23) com o código 005.00157.2014. “Acreditamos que a medida oferece condições objetivas de acessibilidade e inclusão social”, defende o parlamentar.

Segundo o projeto de lei, em cada sessão de cinema ou teatro, a pessoa com deficiência e seu acompanhante pagariam apenas o valor de meio ingresso (desde 27 de dezembro de 2013, por meio da lei federal 12.933/2013, a PcD e o seu acompanhante, quando necessário, tem direito à meia entrada – até 40% do total de ingressos disponíveis). “Através de informações da Secretaria Municipal do Trânsito, que faz o credenciamento de vagas exclusivas para deficientes, consideramos que a mudança não causaria grande ônus financeiro às empresas do setor”, defende Chicarelli.

A proposição determina que a Prefeitura de Curitiba, em caso de desrespeito à norma, notifique o estabelecimento que descumprir a norma da gratuidade ou exigir pagamento diferenciado de quem acompanha a pessoa com deficiência