Lula,
ao lado de Dilma, exibe o titulo de doutor honoris causa, observado por
Mercadante e Marisa Letícia (Foto: Jorge Araújo/Folhapress)
Vejam a imagem acima Ela é o retrato de um tempo.
Lula
exibe o seu diploma de doutor honoris causa, conferido pela
Universidade Federal do ABC. Até aí, tudo bem! O establishment
universitário federal, estadual, municipal ou privado é petista, com
exceções aqui e ali. Não há surpresa nisso. Títulos “honoris causa”
quase sempre são matéria de simpatia, de afinidades eletivas, não de
mérito. Mas não exclui a necessidade do decoro. E foi tudo o que faltou
na solenidade da UFABC. A começar, como de costume, do próprio
homenageado, que não sabe honrar o mérito da democracia e da República. E
foi seguido por um discurso indecoroso do reitor, um tal Helio Waldman.
Em sua fala de agradecimento, informa Diógenes Campanha, na Folha Online, Lula aproveitou para fazer proselitismo político-eleitoral:
“Eu já estou pensando no Brasil de 2022, quando a gente completar 200 anos de independência e fizer uma comparação do que era o Brasil. Aí vai ser duro, Dilminha, quando a gente falar do Brasil que nós deixamos em 2022 e o que nós pegamos”.
“Eu já estou pensando no Brasil de 2022, quando a gente completar 200 anos de independência e fizer uma comparação do que era o Brasil. Aí vai ser duro, Dilminha, quando a gente falar do Brasil que nós deixamos em 2022 e o que nós pegamos”.
Trata-se
de um discurso intelectualmente vigarista por vários motivos. Em
primeiro lugar, porque o país que o PT pegou era infinitamente melhor do
que, por exemplo, aquele que caiu no colo de Itamar e de FHC. Contra os
votos do PT, o PSDB liderou o esforço de combate à inflação, com o
Plano Real, e fez reformas que foram essenciais para os futuros governos
petistas. E teve de enfrentar as sabotagens do petismo. Se o PT ficar
no poder mais nove anos, completando 20, o mínimo que se espera é que
entregue um país melhor. Estará cumprindo a sua obrigação, não é? Mas
não estejam certos disso.
Ao
doutor honoris causa não bastava o raciocínio tautológico e
emburrecedor. Era preciso avançar na goela dos seus adversários. Ao
lembrar que um deputado petista apresentara a proposta de uma
universidade no ABC, afirmou:
“Três governos estaduais se sucederam sem atender à reivindicação, mesmo com a aprovação na Assembleia. O governo federal, quando foi procurado, no ano 2000, também rejeitou a proposta.”
“Três governos estaduais se sucederam sem atender à reivindicação, mesmo com a aprovação na Assembleia. O governo federal, quando foi procurado, no ano 2000, também rejeitou a proposta.”
Como
é fácil ser Lula! São Paulo tem três grandes universidades estaduais —
inclusive a USP, a maior do país — e, com efeito, não precisava de uma
quarta. Assim, os sucessivos governos tucanos fizeram muito bem em não
dar consequência ao projeto. Quanto à suposta recusa do governo federal,
Lula sabe muito bem que a proposta jamais chegou a ser debatida a
sério.
O Apedeuta continuou a espancar a verdade porque fala para desmemoriados. Leio na Folha (em vermelho):
Lula disse ainda que as gestões do PT no Planalto, a partir de 2003, criaram 290 escolas técnicas no país, ante 140 que haviam sido feitas “em um século”. “Porque houve um dia um governo que fez uma lei tirando a responsabilidade do governo federal pelo ensino técnico. Era como [se dissessem] faz quem quiser e quem Deus ajudar. Pois bem, nós revogamos a lei e voltamos a fazer escola técnica”, declarou.
“A lei é de 98″, disse Lula, para deixar claro que se referia ao final do primeiro governo de FHC (1994-1998), e foi aplaudido pela plateia.
Lula disse ainda que as gestões do PT no Planalto, a partir de 2003, criaram 290 escolas técnicas no país, ante 140 que haviam sido feitas “em um século”. “Porque houve um dia um governo que fez uma lei tirando a responsabilidade do governo federal pelo ensino técnico. Era como [se dissessem] faz quem quiser e quem Deus ajudar. Pois bem, nós revogamos a lei e voltamos a fazer escola técnica”, declarou.
“A lei é de 98″, disse Lula, para deixar claro que se referia ao final do primeiro governo de FHC (1994-1998), e foi aplaudido pela plateia.
É mentira!
O ex-presidente está se referindo à lei Lei 9.649, que apenas estabelecida que novas escolas técnicas fossem criadas em parceria entre a União, os estados, o setor produtivo e entidades não-governamentais. A íntegra da lei está aqui. A questão de que Lula trata está no artigo 47, a saber:
O art. 3o da Lei no 8.948, de 8 de dezembro de 1994, passa a vigorar acrescido dos seguintes parágrafos:
“§ 5o A expansão da oferta de educação profissional, mediante a criação de novas unidades de ensino por parte da União, somente poderá ocorrer em parceria com Estados, Municípios, Distrito Federal, setor produtivo ou organizações não-governamentais, que serão responsáveis pela manutenção e gestão dos novos estabelecimentos de ensino.
§ 7o É a União autorizada a realizar investimentos em obras e equipamentos, mediante repasses financeiros para a execução de projetos a serem realizados em consonância ao disposto no parágrafo anterior, obrigando-se o beneficiário a prestar contas dos valores recebidos e, caso seja modificada a finalidade para a qual se destinarem tais recursos, deles ressarcirá a União, em sua integralidade, com os acréscimos legais, sem prejuízo das sanções penais e administrativas cabíveis.
O ex-presidente está se referindo à lei Lei 9.649, que apenas estabelecida que novas escolas técnicas fossem criadas em parceria entre a União, os estados, o setor produtivo e entidades não-governamentais. A íntegra da lei está aqui. A questão de que Lula trata está no artigo 47, a saber:
O art. 3o da Lei no 8.948, de 8 de dezembro de 1994, passa a vigorar acrescido dos seguintes parágrafos:
“§ 5o A expansão da oferta de educação profissional, mediante a criação de novas unidades de ensino por parte da União, somente poderá ocorrer em parceria com Estados, Municípios, Distrito Federal, setor produtivo ou organizações não-governamentais, que serão responsáveis pela manutenção e gestão dos novos estabelecimentos de ensino.
§ 7o É a União autorizada a realizar investimentos em obras e equipamentos, mediante repasses financeiros para a execução de projetos a serem realizados em consonância ao disposto no parágrafo anterior, obrigando-se o beneficiário a prestar contas dos valores recebidos e, caso seja modificada a finalidade para a qual se destinarem tais recursos, deles ressarcirá a União, em sua integralidade, com os acréscimos legais, sem prejuízo das sanções penais e administrativas cabíveis.
Como se vê, a fala dele é mentirosa. Tratava-se, em suma, de uma boa lei.
Será
que o PT criou todas essas escolas mesmo? A ver. Há quatro anos, a
verdade era bem outra, como notou, então, Paulo Rento, ministro da
Educação de FHC em artigo. Transcrevo:
“Segundo as informações do Ministério da Educação, em 2003 o número de alunos matriculados nas escolas técnicas federais era levemente superior ao da rede de escolas técnicas de São Paulo: 79 mil no Brasil inteiro e 78 mil nas escolas técnicas estaduais paulistas. Seis anos depois, em 2009, o Estado de São Paulo registrava 123 mil alunos nas suas escolas técnicas, ante apenas 87 mil nas escolas federais. Assim, entre 2003 e 2009, a expansão das matrículas no governo federal foi de apenas 9%. Nesse mesmo período, o ensino técnico público paulista cresceu 58%, sob o comando de dois governadores do PSDB – Geraldo Alckmin e José Serra.”
“Segundo as informações do Ministério da Educação, em 2003 o número de alunos matriculados nas escolas técnicas federais era levemente superior ao da rede de escolas técnicas de São Paulo: 79 mil no Brasil inteiro e 78 mil nas escolas técnicas estaduais paulistas. Seis anos depois, em 2009, o Estado de São Paulo registrava 123 mil alunos nas suas escolas técnicas, ante apenas 87 mil nas escolas federais. Assim, entre 2003 e 2009, a expansão das matrículas no governo federal foi de apenas 9%. Nesse mesmo período, o ensino técnico público paulista cresceu 58%, sob o comando de dois governadores do PSDB – Geraldo Alckmin e José Serra.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário