Carlos Chagas
Movimentam-se camadas subterrâneas no reino dos companheiros, por conta da prevalência dos números do Lula sobre Dilma, na recente pesquisa da Datafolha. Ela não chega à metade dos consultados, que ele ultrapassa. Por coincidência, a divulgação dos percentuais de preferência eleitoral antecedem de alguns dias a Quinta Reunião Nacional do PT, marcada para a próxima semana. Não faltarão exortações na forma do tradicional “Volta Lula”, coordenadas pelo grupo insatisfeito com o tratamento recebido de Dilma em termos de ocupação do poder. Na verdade, são muitos os companheiros que gostariam da volta aos tempos em que mandavam no governo.
O ex-presidente não é bobo. Sabe muito bem que seu coração balança entre as exortações de lealdade para com a sucessora e a necessidade de preservação do poder pelo PT. Apenas a hipótese de a eleição descambar para o segundo turno seria capaz de levá-lo a descumprir o acordo implícito de apoiá-la com o máximo de suas forças. Por enquanto, os números indicam que Dilma é a preferida da maioria. Até subiu na previsões. Mas garantia não há de que, daqui a um ano, subiria outra vez a rampa do palácio do Planalto. Quanto a ele, inexistem dúvidas. Estaria tão eleito a ponto de levar Aécio Neves a candidatar-se ao governo de Minas e Eduardo Campos a almejar a prefeitura do Recife, daqui a dois anos. Teria como adversário, salvo engano, Randolfe Rodrigues.
Por tudo isso, é bom prestar atenção. O PT não admite correr riscos. Onze anos poder mudaram as estruturas do partido que um dia dispôs-se a mudar o Brasil. Os companheiros preferiram mudar do porão para o andar de cima. Instalaram-se nas melhores suítes e trocaram o banheiro coletivo por privadas individuais de luxo. Em vez do café requentado de todas as manhãs, tomam laranjada e até champagne, apesar de Dilma condená-los a uma dieta de arroz com feijão no resto do dia. Por que abririam mão das benesses um dia usufruídas pelo PMDB, o PSDB e penduricalhos, em favor do que conquistaram pelo voto?
É bom prestar atenção. A sorte da candidatura Dilma começa a ser lançada no próximo dia 12, estendendo-se até o dia 15. Qualquer sinal da inexistência de garantias para o segundo mandato levantará um tsunami de proporções olímpicas. Os companheiros não brincam
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