E o povo vota nos mesmos...
por JamurJr.A notícia, matéria prima do jornalismo, passou à condição de coisa enfadonha e repetitiva no Brasil. Todos os dias, em todos os noticiários de rádio e televisão, se observa a repetição de informações sobre crimes, violência no futebol e corrupção. O jornalista, como sempre, cumpre seu dever profissional de fazer os registros desses acontecimentos – e mesmo que não goste do que vê diariamente, está sempre pronto e atento para informar. Há outros tipos de notícias que se repetem com menos frequência, mas são veiculadas sem grandes mudanças todos os anos. Alguns exemplos: matérias sobre a Pascoa, com os ovos e coelhos dominando tudo; o Natal, com a procura pelos presentes e poucas linhas sobre o significado religioso do evento; as enchentes anuais no Rio de Janeiro, onde os pobres sofrem com as chuvas, perdem tudo o que conquistaram durante anos e são obrigados a ouvir dos políticos que estarão recebendo como ajuda colchões, cesta básica e roupa velha. As promessas de resolver os problemas definitivamente, realizando obras que evitem os alagamentos, são repetidas a cada chuvarada e já perderam a força de motivar as pessoas e reavivar a esperança de dias melhores. Quando pressionados por jornalistas, alguns políticos responsáveis (ou irresponsáveis) pela falta de atenção adequada à população pobre que sofre com tudo, afirmam que o problema é que “eles moram em locais impróprios, sujeitos a alagamentos e desmoronamentos”. Moram sim. E quem permitiu isso? O padre, o jornalista ou os governantes municipais, estaduais e federais que costumam fechar os olhos para o que acontece ao seu lado e olham apenas para os votos futuros que possam garantir uma reeleição? Quando esses núcleos de moradores vão se formando em locais impróprios, nada fazem para evitar futuros problemas. Pelo contrário. Muitos deles estimulam a formação do que se pode chamar de “curral eleitoral”, de onde vão tirar vantagens nas urnas. Fazer jornalismo, sério e independente, fica cada dia mais difícil. As noticias são sempre as mesmas. Violência, miséria, corrupção e sofrimento de um povo que, apesar de tudo, vive com uma ponta de otimismo.
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