Enviado por Rogerio Waldrigues Galindo
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Curitiba, acredite, votou a favor do projeto do ônibus que segrega mulheres em ônibus da cidade. Não adiantou o relator, vereador Dirceu Moreira, mostrar que o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher é contrário à medida, justamente por considerá-la segregatória. Os vereadores, sob pretexto de “deixar que o plenário decida”, aprovaram a proposta por três votos a dois, derrubando o parecer do relator.
A proposta do vereador Rogério Campos, do PSC, é de se criar um ônibus em horário de pico, preferencialmente na cor rosa, para que as mulheres possam andar sem medo de ser assediadas. Os homens ficam banidos por serem, claro,todos irremediavelmente suspeitos de taras e comportamentos obscenos, Eis a beleza do projeto: consegue segregar as mulheres e discriminar os homens, que ficam sendo todos, imediatamento, suspeitos.
O populismo na Câmara costuma dar vitórias a projetos inusitados. Esse pode ser mais um. Ao invés de garantir a segurança no ônibus comum, vai-se criar um único veículo em que supostamente as pessoas estão garantidas. O resto dos passageiros, no resto dos horários? Vá saber…
Caro Galindo, concordo com voce. Isso é puro ato populacionista. Não é dessa forma que iremos resolver o problema de assédio. Depois, quando uma mulher entrar num ônibus, que não seja o destinada a ela, o que farão os homens que estarão dentro do ônibus?
O blog separou dez perguntas para serem respondidas pelos vereadores, imaginando que o projeto seja aprovado e que os tais ônibus entrem em circulação. Neste caso:
1. A cidade estará admitindo que não tem como garantir a punição para quem comete o assédio e por isso é preciso fazer a segregação?
2. A prefeitura admite que não tem como garantir a segurança de quem está nos ônibus comuns?
3. Se uma mulher for assediada num ônibus comum poderá se dizer que a cidade não tem culpa, já que ofereceu uma opção “melhor” para ela?
4. Namorados que não quiserem se separar na hora de entrar no ônibus terão de assumir riscos, já que estão optando por uma forma “violenta” de transporte?
5. Daremos aos machistas o gostinho de dizer que uma mulher que foi assediada num ônibus regular foi “porque quis”, já que podia esperar o panterão?
6. Estaremos presumindo que todo homem é um tarado em potencial e que se não separarmos os gêneros o caos é iminente e inexorável?
7. Se o convívio é impossível, devemos separar homens e mulheres em outras situações, sempre, começando na escola?
8. Consideraremos que melhorar o transporte coletivo a ponto de as pessoas não se empilharem no horário de pico é uma utopia inatingível?
9. Ao dizer que o transporte coletivo não é seguro e nunca o será, não estaremos incentivando as pessoas a irem, mesmo que seja ali pertinho, apenas se estiverem em seu carro, e de preferência com os vidros fechados?
10. É essa a cidade que queremos?
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