por Fernando Tupan
O brasileiro já teve – várias vezes – motivos para se perguntar se o
PT é um partido ou uma organização criminosa que chegou ao poder. Essa é
uma dessas ocasiões. Mal o cidadão começa assimilar a ideia que o
ex-ministro chefe da Casa Civil de Lula, José Dirceu, e o ex-presidente
do PT, José Genoino, estão presos na Papuda por corrupção e formação de
quadrilha, e surgem novos eventos espantosos envolvendo Partido dos
Trabalhadores.
O livro-bomba do delegado Romeu Tuma Filho, “Assassinato de
Reputações – Um Crime de Estado”, divulgado pela revista Veja, é
chocante e estarrecedor em suas denúncias. Lula, vendido pelo PT como
destemido herói da classe trabalhadora, teria sido informante do Dops, a
temida polícia política da ditadura militar.
Enquanto Cazuza compunha seu hit
“Codinome Beija-Flor”, Lula, que usaria o codinome “Barba” e, segundo
Tuma Filho, dormia no sofá vermelho da sala da casa do delegado Romeu
Tuma, pai do autor das denúncias, então diretor-geral do Dops e, quem
sabe, contava a ele “segredos de liquidificador”.
A partir desse ponto o livro revela um rol enorme de denúncias
gravíssimas. É preciso destacar que Tuma Filho não é um denunciante
qualquer. Ele foi secretário nacional de Justiça do próprio Lula. No
livro conta, com minúcias, como o PT teria aparelhado o Estado para dar
combate aos inimigos políticos e pessoais do Partido dos Trabalhadores.
“A máquina de destruir reputações seguia um padrão O Ministério da
Justiça recebia um documento apócrifo, um dossiê ou um informe qualquer
sobre a existência de conta secreta no exterior em nome do inimigo a ser
destruído. A ordem era abrir imediatamente uma investigação oficial.
Depois, alguém dava uma dica sobre o caso a um jornalista. A divulgação
se encarregava de cumprir o resto da missão”.
A fábrica de dossiês, com ajuda dos ministros da Justiça petistas,
atacou senadores e governadores oposicionistas. O livro conta que até o
Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional (DRCI), também chefiado por Tuma Junior, chegou a ser
usado clandestinamente na tentativa de obter informações desabonadoras
sobre despesas sigilosas da ex-primeira-dama Ruth Cardoso.
Sobre o caso Celso Daniel, Tuma Filho, que comandou as primeiras
investigações, faz denúncias gravíssimas. “Fui falar com o Gilberto
Carvalho. Desabafei, chorei e ele começou a chorar comigo. Aí ele
falou:”Veja, Tuma, quanto fui injustiçado no caso Celso Daniel. Quando
saiu aquela história de que havia desvios na prefeitura, eu, na maior
boa-fé, procurei a família dele para levar um conforto. Fui dizer que o
Celso nunca desviou um centavo para o bolso dele, e que todo recurso que
arrecadávamos eu levava para o Zé Dirceu, pois era para ajudar o
partido nas eleições”. Fiquei paralisado quando isso aconteceu. Pensei
comigo: estou ouvindo uma confissão mesmo?”
Tuma Filho diz que em seu livro não tem nada que ele ouviu dizer.
Tudo o que está denunciado ali ele garante que viu. Seu conhecimento
sobre o caso Celso Daniel, por exemplo, é de primeira mão. “Eu era o
delegado da área onde o crime aconteceu. Fui o primeiro a chegar ao
local quando o corpo foi encontrado. Tanto que fui eu que reconheci
oficialmente que era o Celso Daniel e mandei abrir a investigação para
apurar a morte”.
Sobre a conta secreta do mensalão, a famosa conta do Zé Dirceu,
mais revelações gravíssimas. “Eu descobri a conta do mensalão nas Ilhas
Cayman, mas o governo e a Polícia Federal não quiseram investigar.
Quando entrei no DRCI, encontrei engavetado um pedido de cooperação
internacional do governo brasileiro às Ilhas Cayman para apurar a
existência de uma conta do José Dirceu no Caribe. Nesse pedido, o
governo solicitava informações sobre a conta não para investigar o
mensalão, mas para provar que o Dirceu tinha sido vítima de calúnia,
porque a Veja tinha publicado uma lista do Daniel Dantas com contas dos
petistas no exterior. O que o governo não esperava é que Cayman
respondesse confirmando a possibilidade de existência da conta. Quer
dizer: a autoridade de Cayman fala que está disposta a cooperar e aí o
governo brasileiro recua? É um absurdo”.
Quanto ao informante Lula, que teria o codinome “Barba”, Tuma Filho
é taxativo: “O Lula era informante do meu pai no Dops. Os relatos do
Lula motivaram inúmeras operações e fundamentaram vários relatórios de
inteligência. Como informante do meu pai no Dops, o Lula prestou um
grande serviço naquele período. Eu quero deixar isso muito claro. Graças
às informações que o Lula prestava ao meu pai, muitos relatórios foram
produzidos, muitas operações foram realizadas”.
Se as denúncias de Tuma Filho são verdadeiras, na década em que
Cazuza compunha a música “Codinome Beija-Flor”, Lula, para o Dops, era
outro tipo de ave. Era o que a gíria da repressão política denominava de
“ganso”. “Ganso”, na gíria policial, é aquele que serve para alertar a
polícia
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