Josias de Souza
O repórter Chico de Gois leva às páginas notícia sobre esse SUS dos sonhos. Sem desembolsar um mísero centavo, os senadores e seus dependentes dispõem de assistência médica pelo resto da vida. Não há carências nem limite de gastos. Basta apresentar a nota. Vale tudo, inclusive conta de dentista.
Há casos em que os reembolsos ultrapassam a casa dos R$ 100 mil anuais. Desde 2007, os ressarcimentos sorveram das arcas do Tesouro R$ 17,9 milhões. Incluindo-se os ex-senadores, a conta é engordada em R$ 72, bilhões. Salta, então, para R$ 25,1 milhões.
Sim, acredite, o seu dinheiro custeia também as consultas e os exames dos ex-senadores. Para desfrutar do “direito” de desafiar a paciência alheia, os pacientes do Senado nem precisam passar pelo inconveniente das urnas. Um suplente sem votos escala o Éden depois de exercer o mandato por escassos seis meses.
Para os ex-senadores, o ‘SUS do B’ impõe um teto de despesas: generosos R$ 32.958,12. Mas esse limite é frequentemente ultrapassado. Em 2008, o ex-senador Moisés Abrão Neto (PDC-TO) espetou na bolsa da Viúva despesas médicas de R$ 109.267.
No ano anterior, 2007, o ex-senador Divaldo Suruagy (PMDB-AL), fora do Senado desde 1994, teve ressarcida uma conta do dentista: R$ 41.500. De volta a 2008, contribuinte pagou R$ 67 mil pelo tratamento dentário da mulher do ex-senador Levy Dias (DEM-MS).
Há casos que, por inexplicáveis, dispensam explicações. Certos ex-senadores apresentam faturas médicas que coincidem com o teto de R$ 32,958,12. Valor exato, cravado até nos centavos. Foi o que sucedeu com pelo menos três ex-senadores: Lúdio Coelho (2009); Levy Dias, de novo ele (2010); Carlos Magno Barcelar (2011); e Antonio Lomanto Júnior (2011).
Afora os ressarcimentos de tratamentos privados, os senadores dispõem, no prédio do Senado, de um posto de saúde. Coisa fina, indisponível em muitos municípios brasileiros. Tratados assim, terão vida longa –os senadores, os ‘ex’, e a conta imposta aos contribuintes em dia com o fisco.
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