quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

INDIGNAÇÃO E DESESPERO

CARLOS CHAGAS

Melhor oportunidade não haverá do que um ano eleitoral para despertar   a energia da indignação e acionar  a explosão do desespero. Em especial porque o ensaio geral  aconteceu a partir de  junho do ano passado. Vem coisa por aí, não é preciso ser profeta para imaginar. Porque nada mudou de essencial desde as manifestações de protesto diante dos péssimos serviços públicos, do descalabro na educação e na saúde, dos deficientes transportes coletivos, da falta de oportunidades para a juventude, da corrupção, da impunidade e do desdém  que os privilegiados  dedicam às massas.
O grave é que não há um comando central, muito menos uma ideologia a impulsionar esses  movimentos gerados pela  frustração social. Décadas de descaso encoberto pela propaganda e  pela truculência levaram a maioria à situação de não haver retorno.  Certos governos e algumas elites bem que demonstraram sensibilidade, mas foram levados de roldão pelo aumento das necessidades e das  exigências.  Assistencialismo dirigido não basta.
É bobagem imaginar que tudo não passará de baderna praticada pelos black-blocs, pois eles nada mais são do que  espuma encimando vasto tsunami prestes a invadir o território nacional.  Seria bom prevenir,  ao menos para evitar que o processo eleitoral  não venha a constituir-se no maior  sacrificado no altar da   indignação e do desespero. Chegamos ao limite em que concessões não adiantam mais. É preciso mudar, reformar, até revolucionar.  Mas como? E com quem?
Nunca será de mais buscar exemplos na História. Luis XVI  tentou evitar o caos. Convocou os Estados Gerais, aceitou a diminuição da influência e dos privilégios  da nobreza e do clero, reconheceu a Assembléia Nacional, depois Assembléia Legislativa,  até botou no chapéu os laços tricolores. Mesmo assim, acabou levado à força de Versailles a Paris para depois ser guilhotinado. Antes, ao tomar conhecimento da queda da Bastilha, indagou se era uma rebelião. Responderam-lhe que não.  Era a revolução.  Na França, a  explosão popular acabou com a monarquia. Só que depois veio Napoleão…
TARSO FINCA PÉ
Exigência do governador Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, para candidatar-se à reeleição: que a presidente Dilma compareça apenas ao seu palanque, durante a campanha.  Como PMDB e PP terão candidatos, e  ela tem no segundo mandato sua prioridade maior, o governador talvez venha a desiludir-se…

Diário do Poder

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