quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

É patrulha implicar com o ministro Joaquim Barbosa por receber diárias para palestras oficiais no exterior durante as férias

Ricardo Setti

Ministro Joaquim Barbosa: por acaso representar a suprema corte do Brasil em palestras diante de auditórios qualificados na Europa acarreta algum prejuízo ao país ou a sua imagem? (Foto: José Cruz / Agência Brasil)
Ministro Joaquim Barbosa: por acaso representar a suprema corte do Brasil em palestras diante de auditórios qualificados na Europa acarreta algum prejuízo ao país ou a sua imagem? (Foto: José Cruz / Agência Brasil)

Tudo bem que quem está na chuva sabe que vai se molhar. O ministro Joaquim Barbosa, ao se tornar celebridade estelar por seu papel de relator do processo do mensalão, circunstância a que se acresceu de sua eleição para a presidência do Supremo Tribunal Federal, virou alvo natural das atenções da mídia para os mínimos detalhes de seu comportamento.
O temperamento explosivo do ministro só acentuou a atração natural, obrigatória, que sua figura exerce sobre os meios de comunicação.
Mas me parece patrulheira e exagerada a cobertura da interrupção das férias do ministro para pronunciar duas palestras — oficiais — na Europa, sobretudo o foco nos exatos 14.142 reais que, como funcionário em missão, receberá a título de diárias por um período de 11 dias.
Afinal de contas, o Supremo informou oficialmente que Barbosa interromperá suas férias para proferir as duas palestras. A primeira será em Paris, a convite da Agence Nationale de la Recherche, órgão do governo da França dedicado a pesquisas nos campos das ciências exatas e das ciências sociais. A segunda, em Londres, no prestigioso King’s College.
No primeiro caso, Barbosa abordará o tema da eventual influência da publicidade propiciada pelas transmissões ao vivo dos julgamentos pela TV na objetividade e racionalidade das decisões da Justiça, falando, naturalmente, sobre a experiência vivida com a TV Justiça, em funcionamento há onze anos.
No segundo caso, o ministro participará de um debate em que, primeiro, irá expor como funciona o Supremo Tribunal.
Por que esse estardalhaço todo com o pagamento das diárias, por que essa patrulha? O presidente do Supremo Tribunal do Brasil representando a corte diante de dois auditórios respeitáveis, na Europa, por acaso causa algum dano ao país ou à sua imagem?
Ressalta-se, com algo de escândalo, que o ministro permanecerá 11 dias na Europa. A explicação de Barbosa é de que visitará várias autoridades, em alguns casos retribuindo visitas que recebeu no Supremo. Perfeitamente razoável.
Ou vão achar que, além de tudo, o ministro é mentiroso?
Deixem o homem em paz!

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