O inquérito da Operação Monte Carlo revela que políticos do PT e do PMDB de Goiás recorreram ao contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para bloquear apurações do Ministério Público do Estado. Gravações da Polícia Federal mostram a força do contraventor na máquina oficial de investigações, recebendo pleitos do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), e do ex-governador Maguito Vilela (PMDB), atual administrador de Aparecida de Goiânia.
Em
uma das conversas interceptadas pela PF, Cachoeira diz a um
interlocutor não identificado que foi procurado por um emissário de
Maguito para que pedisse ao senador Demóstenes Torres (sem partido) que
usasse sua influência no MP para frear inquéritos abertos na Promotoria
de Patrimônio Público de Aparecida. O parlamentar é irmão do
procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres.
“O
Maguito me procurou, através daquele amigo meu, o senador, para ver se
resolve aquele problema lá de Aparecida. Quer dizer que ele está com
medo, não tem controle da situação. O cara tá pegando demais no pé
dele, um tal de Élvio”, relata Cachoeira no telefonema. O contraventor
se referia a Élvio Vicente da Silva, promotor de Defesa do Patrimônio
Público e responsável por seis ações civis públicas contra o prefeito,
com pedido de condenação por improbidade administrativa.
(…)
Em dezembro de 2011, Cachoeira também foi acionado pelo chefe de gabinete de Garcia para evitar investigação sobre desvio de verbas na obra de reestruturação do Parque Mutirama, executada pela prefeitura. Em fevereiro, a PF prendeu cinco pessoas, entre elas servidores do município, por fraudar medições para beneficiar a construtora Warre Engenharia.
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Em dezembro de 2011, Cachoeira também foi acionado pelo chefe de gabinete de Garcia para evitar investigação sobre desvio de verbas na obra de reestruturação do Parque Mutirama, executada pela prefeitura. Em fevereiro, a PF prendeu cinco pessoas, entre elas servidores do município, por fraudar medições para beneficiar a construtora Warre Engenharia.
Nas
conversas gravadas pela PF, Wladimir Garcez, ex-vereador apontado pela
PF como um dos principais aliados de Cachoeira, diz que teve
informações de que o MP, que investigava o caso, firmaria um termo de
ajustamento de conduta (TAC) com a prefeitura, o que evitaria o
aprofundamento das investigações. E pede ao contraventor que acione
contatos para evitar que o escândalo seja debatido na Câmara de Goiânia.
“O
Cairo ligou preocupado para não ter repercussão”, diz Garcez a
Cachoeira, em grampo divulgado por um blog. Acrescentava que todo o
processo caminhava para um acordo. Ele pede ao contraventor que, na
Câmara, neutralize a ação de um dos vereadores, que vinha encaminhando
denúncias ao MP.
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