Mentor alegou que o pedido de vista é um procedimento regimental comum e que o parecer contra Vargas é superficial
Um pedido de vista do deputado
petista José Mentor (SP) impediu que a Comissão de Constituição e
Justiça da Câmara dos Deputados colocasse em votação um recurso do
deputado André Vargas (sem partido-PR) contra o processo de cassação
aprovado no Conselho de Ética. Com a manobra, a CCJ só votará o recurso
na próxima semana.
Após quase dois meses sem quórum
para apreciar o pedido na CCJ, o relator do recurso, deputado Sérgio
Zveiter (PSD-RJ), conseguiu ler seu parecer hoje e indeferiu o pedido de
Vargas para que o processo retornasse ao Conselho de Ética. Para
Zveiter, não houve “qualquer ato do conselho ou de seus membros que
tenha contrariado a norma constitucional”. “Entendo que deve ser mantida
a decisão do Conselho de Ética”, concluiu Zveiter.
Mentor alegou que o pedido de
vista é um procedimento regimental comum e que o parecer contra Vargas é
superficial. “A fundamentação dele (Zveiter) é muito superficial. O
relator não fundamentou adequadamente as razões dele”, justificou o
petista. Ele rechaçou a tese de manobra para beneficiar seu antigo
colega de partido e disse que o pedido de vista é um direito
parlamentar. “O exercício de um direito vira manobra… Estou exercendo o
direito de um parlamentar de pedir vista para aprofundar o estudo. Não é
manobra, é direito”, insistiu.
O petista disse que vai analisar
o caso como avaliaria qualquer outra situação de um parlamentar em
processo de cassação. “O problema não é o Vargas, é o processo de
julgamento de qualquer deputado, que não foi adequado”, afirmou. André
Vargas é acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na
Operação Lava Jato. A defesa de Vargas entrou com recurso contra
aprovação no Conselho de Ética do relatório do deputado Júlio Delgado
(PSB-MG) pedindo a perda do mandato parlamentar. No recurso, os
advogados alegam que houve cerceamento do direito de defesa do
ex-petista. Se o recurso de Vargas for deferido, o processo retornará
para o Conselho de Ética. Caso a CCJ negue o recurso, a cassação será
levada para votação no plenário da Câmara.(Daiene Cardoso/AE)
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