Tribunal apoia Gilmar em resposta à recusa de investigar Dilma
O presidente do TSE, Dias Toffoli, foi um dos ministros que apoiaram Gilmar Mendes. (Foto: Nelson Jr)
O vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), ministro Gilmar Mendes, comunicou ao Plenário da Corte, na sessão
desta terça-feira (1º), que reiterou ofício ao procurador-geral
eleitoral, Rodrigo Janot, para que investigue indícios de ocorrência de
eventuais crimes no fornecimento de material pela gráfica VTPB à
campanha de Dilma Rousseff, reeleita presidente da República nas
eleições de 2014. O ministro é o relator das contas de campanha de
Dilma Rousseff, que foram aprovadas com ressalvas pelo Tribunal.
A Procuradoria-Geral Eleitoral decidiu arquivar o pedido de
investigação por não constatar irregularidades praticadas pela empresa
tanto na esfera eleitoral como penal. De acordo com o órgão, os fatos
mencionados não revelariam indícios de que a gráfica não teria prestado
os serviços relatados, nem indicariam majoração artificial de preços.
O ministro Gilmar Mendes lembrou que, em dezembro de 2014, o TSE
aprovou com ressalvas as contas de campanha de Dilma Rousseff. O
ministro disse que destacou expressamente, em seu voto na época, que a
aprovação das contas de Dilma “não representava chancela a eventual
ilícito de qualquer natureza passado ou futuro”. Diante desse entendimento adotado pela Corte, o ministro informou que
expediu ofícios a diversos órgãos chamando a atenção para situações que
tinham sido verificadas na prestação de contas apresentada por Dilma
Rousseff. Também por essa razão, Gilmar disse que proferiu despacho para
manter os dados da prestação de campanha na internet, por ser o
processo público. “Assim, a manutenção das contas no site do TSE apenas
teve o condão de facilitar o acesso da sociedade em geral aos
documentos”, salientou.
Em seguida, Gilmar Mendes revelou que um blog noticiou, em 27 de
abril de 2015, que a empresa VTPB, com sede em uma sala de 30 metros
quadrados, desativada, teria alterado seu objeto social em julho de 2014
(19 dias antes de emitir a primeira nota fiscal da campanha) a fim de
incluir a atividade de impressão de material para uso publicitário. O
ministro destacou que a VTPB recebeu mais de R$ 22 milhões da campanha
de Dilma pela prestação de serviços gráficos e figura como a terceira
maior fornecedora da campanha da candidata reeleita.
Diante de possíveis indícios de irregularidades referentes à empresa,
o ministro informou que no dia 7 de maio de 2015 oficiou o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a fim de que investigasse o
assunto.
O corregedor-geral eleitoral, ministro João Otávio de Noronha, pediu a
palavra para se juntar ao pronunciamento do ministro Gilmar Mendes.
“Estou apenas a defender a legitimidade de atuação jurisdicional de toda
a Justiça Eleitoral”, disse.
O ministro comentou alguns pontos do despacho de arquivamento da
Procuradoria-Geral Eleitoral. “Não se trata aqui de reabertura de
julgamento de prestação de contas. As contas apresentadas foram
julgadas. Aprovadas com ressalvas pela maioria deste Tribunal. Cuida-se,
isto sim, investigar indícios de irregularidades que, se comprovadas,
teriam o condão de atestar a ocorrência de fatos criminosos. No presente
caso, não há como negar haver elementos indicativos suficientes, ao
menos, para a abertura da investigação”, enfatizou Gilmar Mendes.Ele disse que “não se sabe e nem se está afirmando que haja ocorrido a
participação do prestador de contas, o que configuraria ilícito
eleitoral, eventualmente a própria campanha pode ter sido enganada por
prestadores de serviço”.O presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, ressaltou a importância
da Justiça Eleitoral, que, segundo ele, tem o papel de pacificadora
social. “O exercício dessa pacificação é em razão da sua ação e não da
sua não ação. É exatamente por agir e para coibir e garantir a liberdade
de voto do eleitor que a Justiça Eleitoral existe na parte
jurisdicional e para administrar a organização das eleições no âmbito da
gestão e da administração”.O ministro lembrou que o julgamento das contas da campanha vencedora
ocorreu, sem que houvesse prejuízo de outras análises referentes a
eventuais desvios, que, de acordo com ele, podem ter como vítima,
inclusive, a própria campanha.“Na medida em que o acórdão desta Corte determinou que as contas
foram aprovadas com ressalvas, mas diante de determinados elementos que
necessitariam aprofundamento nos fóruns adequados, não o eleitoral, esta
determinação não é isolada do ministro Gilmar Mendes. Isso é uma
determinação da Corte, daquele julgamento”, ressaltou o presidente do
TSE.O ministro destacou ainda que no dia 11 de agosto foi publicado no
Diário Oficial da União um acordo de cooperação técnica assinado entre o
TSE e o Ministério do Trabalho. O objetivo é dar acesso ao TSE à base
de dados da Rais do Ministério.
Segundo Toffoli, isso vai permitir que o setor de análise e de contas
do Tribunal faça uma verificação direta no banco de dados do Ministério
sobre a declaração de funcionários de uma empresa.O presidente do TSE lembrou ainda que foi apresentado recentemente ao Congresso Nacional um projeto de lei sobre a criação de cargos na Justiça Eleitoral específicos para o setor de prestação de contas.
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