A metodologia fantasiosa e enganosa do governo em relação aos números do desemprego no Brasil foi o tema do pronunciamento do senador Alvaro Dias no Plenário, na tarde desta terça-feira (1º). O senador, ao propor uma comparação entre os índices oficiais e a situação atual verificada no mercado de trabalho, principalmente com a recessão instalada no País, afirmou que a imposição da realidade faz se dissipar a fantasia perpetuada pelo governo Dilma Rousseff.
“A população brasileira não pode mais conviver com uma metodologia oficial fantasiosa de medição do índice de desemprego. O indicador do nível de emprego é fundamental para orientar as políticas públicas e calibrar a política econômica no sentido de amenizar o flagelo provocado pelo desemprego na vida de cada pessoa e seus familiares. O que vemos é um índice oficial que sempre minimiza e mascara a dura realidade. E um governo que disfarça, mascara, dissimula, escamoteia dados sobre a taxa de desemprego que aflige sua população, não merece governar”, criticou o senador.
O senador Alvaro Dias, no seu discurso, explicou como funciona a metodologia aplicada pelo IBGE. Segundo o senador, o instituto classifica como pessoas ocupadas ou empregadas aquelas que na semana de referência trabalharam pelo menos uma hora completa em trabalho remunerado em dinheiro, produtos, mercadorias ou benefícios (moradia, alimentação, roupas, treinamento etc.). Também entram nesta classificação pessoas que tenham realizado trabalho sem remuneração direta em ajuda à atividade econômica de membro do domicílio ou, ainda, as pessoas que tinham trabalho remunerado do qual estavam temporariamente afastadas nessa semana. Para Alvaro Dias, esta metodologia não é consistente.
“Um cidadão que vende balas no cruzamento de uma rua durante uma ou duas horas por dia é considerado empregado. Também é considerado detentor de emprego o cidadão que ajudou a descarregar um caminhão em um determinado dia da semana ou, que fez um bico como motorista levando um carro de uma cidade à outra. Já como pessoas desocupadas ou desempregadas, o IBGE considera as pessoas que não tem trabalho, mas que tomaram alguma providência efetiva para consegui-lo no período de referência de 30 dias e que estavam disponíveis para assumi-lo na referida semana. Como se vê, os critérios estabelecidos para considerar uma pessoa como ocupada ou desocupada são escorregadios, nebulosos, fluidos, e não oferecem a consistência necessária à definição de índice tão relevante para a sociedade”, afirmou o senador.
Estatísticas irreais
Outro fato que, para o senador, causa estranheza, diz respeito a uma categoria, nos índices oficiais de desemprego, denominada pelo IBGE como “pessoas fora da força de trabalho”. Alvaro Dias destacou que neste item está inserido um contingente de 63 milhões de pessoas aptas ao trabalho. Como pessoas fora da força de trabalho, o IBGE denomina aqueles que não estavam ocupados nem desocupados nessa semana. Ou seja, trata-se de uma categoria residual. “Esse verdadeiro exército de 63 milhões de brasileiros esconde a dramática realidade não retratada pelas estatísticas oficiais”, disse.
De acordo com dados recentes publicados pelo IBGE e citados no Plenário pelo senador Alvaro Dias, a população brasileira conta com: 164.108 milhões de pessoas em idade de trabalhar, que são pessoas com 14 anos ou mais de idade na data da pesquisa; 100.566 milhões compondo a força de trabalho, pessoas ocupadas e as pessoas desocupadas no período da pesquisa; 63 milhões 543 mil fora da força de trabalho, categoria residual que não trabalha, devia trabalhar, mas que não é considerada desempregada na estatística oficial; 92 milhões 211 mil ocupados, que estão trabalhando pelo menos uma hora por dia; 8 milhões 354 mil desocupados, desempregados que procuram trabalho.
“Verifica-se, portanto, que o Brasil conta com 71 milhões, 897 mil habitantes com idade para trabalhar, fora do mercado de trabalho. O que representa uma desocupação de 43,8% daqueles em idade para o trabalho. Trata-se de um desperdício descomunal de capital produtivo. Com uma população total estimada em 204 milhões, temos a seguinte realidade: 45% da população total trabalhando e 55% sem trabalho. Podemos concluir que o número de desempregados oficialmente reconhecido pelo governo federal não inspira confiança. Não são, de fato, obtidos no Brasil real, mas sim em um universo paralelo, em uma realidade alternativa”, concluiu o senador Alvaro Dias.
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