Hoje,
em Murici, povoado de Sapeaçu (município a 150 km de Salvador), será o último
dia de trabalho da médica mineira Junice Moreira, 47, no posto de saúde da
família. "Eu estava de plantão na quarta-feira da semana passada quando me
ligaram. Disseram que eu tinha que dar lugar a um cubano", afirma.
O
aviso da demissão partiu da Coofsaúde --cooperativa que faz o pagamento dos
médicos que trabalham no município, por meio de contrato com a prefeitura. A
Coofsaúde confirma a saída de Junice e também que, em seu lugar, entrará um
profissional do programa federal Mais Médicos. A Prefeitura de Sapeaçu nega que
o substituto de Junice será um médico cubano.
Ao
ser informada pela cooperativa, a brasileira diz ter se
surpreendido."Respondi que não tinha entendido, que não tinha feito nada
errado", afirma a médica. "Mas deixaram claro: 'Está vindo aí um
médico de Cuba e a senhora vai precisar ceder a vaga a ele'", completa
Junice, que mora no interior da Bahia há sete anos, na vizinha Cruz das Almas.
Não
teve como resistir. Desligada a tempo de não constar na folha salarial de
setembro, Junice diz que seus pacientes chegaram a chorar e a levar lembranças
para ela assim que souberam da demissão."O pessoal de Murici me
adora." Ao todo, foram seis meses trabalhando no "postinho",
como chama o local. Ela diz que a cooperativa até lhe ofereceu uma
transferência para outro lugar, mas não aceitou.
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