Da Dora Kramer, O Estado de S. Paulo:
Boas referências, pessoas, atos ou ideias nas quais a sociedade reconhece valores caros não necessariamente têm de se transformar em candidaturas à Presidência da República.
Compreende-se o “disse me disse”, o entusiasmo, quando não a firme crença, em alguns setores e ocasiões , na hipótese de que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, venha – ou pelo menos almeje – a disputar o posto de chefe da nação.
Em boa parte dos países, se não na maioria, o presidente é a figura máxima. Se por aqui boa parte da população, se não a maioria, achou o máximo a atuação de Barbosa como relator do processo do mensalão, natural que faça uma conexão entre uma coisa e outra. Em especial diante da carência de exemplos reconhecidos como merecedores de respeito.
Ao estruturar uma narrativa inescapável da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, o relator do processo levou o País à compreensão do que foi o esquema de desvios, fraudes e escambo de vantagens indevidas em troca de apoio político devido.
Foi acompanhado pelo tribunal na quase totalidade dos votos. O colegiado, com sua decisão, elevou o grau de confiabilidade do Judiciário, mas nem por isso se lançaram os nomes de outros ministros no fogaréu de vaidades do ambiente das disputas eleitorais no molde em que se dão.
Muito bem, Joaquim Barbosa virou um símbolo. Para alguns, parcial, arbitrário e, como se diz agora, midiático. Para muitos, um emblema de justiça e de intolerância com a ilegalidade para a qual defende tratamento igualitário entre poderosos e não poderosos.
Mas, daí a dizer que tal atributo seja um trampolim para a Presidência da República são outros 500 quilômetros a serem percorridos.
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