O PT não
privatizou apenas a Petrobras, as estatais de maneira geral, os Poderes
da República e as instâncias do estado. Na sua vocação para substituir a
sociedade, para tomar o seu lugar, privatizou também o povo. Nesta
segunda, cerca de mil pessoas paralisaram por um tempo a Avenida
Paulista, em São Paulo, defendendo que as empresas privadas sejam
proibidas de doar dinheiro para campanhas eleitorais. O ato foi
promovido pelo MST e por um dos seus braços, um tal “Levante Popular da
Juventude”, que nada mais é do que o próprio movimento, mas com uma
pauta mais ampla do que só a reforma agrária. A turma, por sua vez, é
uma extensão do PT; é a sua face, digamos assim, de esquerda.
O MST e o
tal “Levante” se apresentam como grupos organizados da sociedade civil,
que seriam independentes de partidos. Falso como nota de R$ 3. Na
verdade, a pauta que eles levaram para a rua nesta segunda é do comando
do PT. E isso está documentado. Vamos ver.
No dia 10 deste mês, o Diretório Nacional do PT votou uma resolução contra a Emenda Constitucional 352 (íntegra aqui) —
que propõe justamente uma reforma política. O mais curioso é que o
coordenador do grupo que elaborou esse texto é o deputado Cândido
Vaccarezza, do PT de São Paulo. Ocorre que a direção do partido não
gostou. Por quê? A emenda 352 propõe, por exemplo, o financiamento misto
de campanha — isto é: permite também as doações privadas. A PEC 352
prevê ainda:
- fim do voto obrigatório;
- coincidência entre eleições municipais e federais e estaduais;
- para tanto, os prefeitos eleitos em 2016 teriam mandato de dois anos, podendo se recandidatar em 2018. E aí nada mais de reeleição no país!
- fim do voto obrigatório;
- coincidência entre eleições municipais e federais e estaduais;
- para tanto, os prefeitos eleitos em 2016 teriam mandato de dois anos, podendo se recandidatar em 2018. E aí nada mais de reeleição no país!
Vaccarezza
foi o coordenador de um grupo suprapartidário. O PT o desautorizou
publicamente, e há até facções que pedem a sua expulsão do partido, que
quer outra coisa:
- financiamento exclusivamente público de campanha;
- assembleia constituinte para fazer a reforma;
- voto em lista fechada;
- financiamento exclusivamente público de campanha;
- assembleia constituinte para fazer a reforma;
- voto em lista fechada;
Eis a íntegra do documento enviado aos militantes.
Financiamento
público, leitores, vocês sabem o que é: nós, os contribuintes,
pagaríamos as campanhas eleitorais. O voto em lista consiste no
seguinte: perderemos o direto de escolher o vereador e os deputados
estaduais e federais. Votaremos apenas no partido. E esse partido manda
para o Legislativo pessoas que compõem uma lista fechada.
A cara de pau é de tal sorte que, na mensagem enviada aos militantes (acima), a direção do PT escreve que “O Partido dos Trabalhadores elaborou um projeto de iniciativa popular”. Ora, das duas uma: ou o projeto é de iniciativa popular ou é do PT. E, no caso, é do PT.
Assim,
meus caros, a manifestação desta segunda não teve nada de “popular”. Foi
um ato do partido. Na quarta-feira, dia 16, a presidente Dilma voltou a
pregar a reforma política e a falar num plebiscito. Provavelmente, o
tema irá parar na sua campanha eleitoral. Se ela ganhar… Uma coisa
precisa ficar clara: se o financiamento exclusivamente público de
campanha e o voto em lista forem aprovados, esqueçam! O país ficará
refém do PT por muitos anos. E aí nem é o caso de pedir que Deus nos
acuda. Ele tem mais o que fazer. Será bem mais fácil o diabo se
interessar por nós.
E não
custa lembrar. Já demonstrei aqui que a tese da proibição da doação de
empresas a campanhas eleitorais — esposada pela OAB — é, originalmente,
uma tese Roberto Barroso, ministro do Supremo. Já há uma maioria
formada de seis votos na tribunal em favor dessa excrescência, que nada
tem de democrática. Afirmei, então, aqui que a OAB e o ministro atuavam,
objetivamente — não entro nas intenções —, como braços do petismo. Eis
aí a prova dos noves!
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