Augusto Nunes
Estudantes protestam em frente da Catedral Metropolitana de Petropolis
COM PRESENÇA DE DILMA, MISSA EM PETRÓPOLIS É PALCO DE PROTESTOS, informou o título da seguinte nota publicada pelo site do
Globo:
A
entrada da Catedral São Pedro de Alcântara, de Petrópolis, onde nesta
segunda-feira se realizou a missa de sétimo dia das 33 vítimas das
chuvas da semana passada, se tornou palco de uma manifestação contra a
falta de ação das autoridades para preparar a cidade para temporais.
Cerca de cem pessoas pediram mais transparência nos gastos públicos e a
realização de obras de contenção de encostas. Os manifestantes
carregavam cartazes com mensagens como “Não queremos sua oração, mas sua
ação”, “Lamentar não ressuscita” e “Queremos atitude”. Os protestos
podiam ser ouvidos no interior da catedral durante a celebração feita
pelo bispo diocesano de Petrópolis, dom Gregório Paixão.
Por essa ela não esperava. Depois de dar um
pito nos mortos e repreender os sobreviventes que teimam em adiar a mudança para alguma das
6 mil casas que não construiu,
Dilma Rousseff imaginou que as coisas haviam ficado muito claras: os
culpados por tragédias causadas por inundações e deslizamentos são as
vítimas. Ao reaparecer na Região Serrana para a missa desta
segunda-feira, portanto, seria decerto recepcionada por uma demasia de
flagelados grávidos de gratidão, ansiosos por pedir-lhe desculpas e
agradecer a visita a Petrópolis.
Não é qualquer cidade que tem a honra de ver de perto uma recordista
mundial de popularidade. Segundo o Ibope, falta só a adesão de um
punhado de descontentes profissionais para que todos os brasileiros ─
dos bebês de colo aos nonagenários senis, dos doidos de pedra aos gênios
da raça ─ atravessem o dia aplaudindo de pé a supergerente que Lula
descobriu. Segundo o Datafolha, tudo anda tão bem que, se melhorar,
estraga. Tanto assim que, a um ano e meio da eleição, está resolvido que
Dilma continuará alojada no Planalto até 2018. Ou porque não foram
informados de que habitam o paraíso, ou porque são eles os gatos
pingados que impedem a chegada aos 100% de popularidade, dezenas de
nativos resolveram piorar o humor da visitante com a cobrança de
promessas não cumpridas.
Os manifestantes seriam milhares se a oposição oficial tivesse
voltado das férias para contar aos moradores da Região Serrana como foi a
passagem por Roma da comitiva mais gorda da história do Vaticano. O
Planalto não revelou o número exato de viajantes. É certo que passaram
de 50. A agenda oficial só previa a conversa de meia hora com o Papa
Francisco. Prevenida, a chefe convocou o exército que costuma mobilizar
nos giros pelo exterior (veja reportagem na seção
O País quer Saber).
Escoltada pelos ministros Aloizio Mercadante, Gilberto Carvalho, Helena
Chagas e Antonio Patriota, Dilma Rousseff enfrentou os rigores da
primavera europeia entrincheirada no Westin Excelsior. É um dos mais
caros da cidade. A diária da suíte Villa La Cupola, por exemplo, custa
astronômicos R$ 52 mil.
O restante da turma e parte da “equipe técnica” foram instalados no
também estrelado Parco dei Principi. A delegação brasileira ocupou,
segundo a
Folha, 52 suítes. Foram 25, corrigiu Helena Chagas.
Com a placidez de quem revela quantoacabou de gastar numa lojinha 1,99,
representantes do Itamaraty juraram que a viagem consumiu R$ 324 mil.
Espertamente, a conta excluiu a dinheirama investida num aparato
logístico de impressionar general americano no comando de tropas de
ocupação.
Para que os campeões do desperdício (e a montanha de malas atulhadas
de mercadorias italianas) circulassem com conforto e segurança, foram
alugados um carro blindado de luxo, sete veículos sedan com motorista,
quatro vans executivas com capacidade para 15 assageiros, um
microônibus, um caminhão-baú e dois furgões. Esse colosso sobre rodas
fez a gastança subir para mais de meio milhão de reais. Uma casa popular
custa cerca de R$ 60 mil. Dilma e seu bando torraram quase dez numa
única viagem.
A diária da suíte Via Veneto (foto) custa R$ 7.300
Uma
das casas destruídas pelas chuvas em Petrópolis, onde 33 pessoas
morreram soterradas. Nenhuma das 6 mil casas prometidas em 2011 foi
construída até agora.
Por falta de obras prontas, Dilma só pôde inaugurar em Petrópolis
outro monumento ao cinismo: prometeu construir em 2013 o que jurou que
entregaria em 2011. E aproveitou a missa para reapresentar a fantasia de
pecadora convertida. Cara de primeira comunhão, voz de noviça
obediente, caprichou na pose de quem já consegue distinguir um terço de
um colar e recitar sem tropeços a primeira parte do Salve Rainha. Falta
descobrir se aprendeu o sinal da cruz.
Em outubro de 2010, o vídeo gravado pela Band no Santuário Nacional
de Aparecida revelou ao país que a ex-aluna de colégio de freiras não
sabia quando nem como fazer os movimentos verticais e horizontais que
até recém-nascidos conhecem. Num momento, só ela deixa de movimentar o
polegar. Noutro, é a única que faz o gesto. E erra: em vez de mover o
dedo da esquerda para a direita, faz o contrário. Deve ter estudado
sinal da cruz com Frei Betto. Ou ensaiado com o ex-seminarista Gilberto
Carvalho.