do Brasil 247
Nos primeiros dois anos do governo Dilma Rousseff, a relação entre ela e o ex-presidente Lula experimentou vários momentos de tensão. Um deles, a demissão de Antonio Palocci. Lula foi contra, mas sua posição não prevaleceu. O ex-presidente também tentou segurar outros aliados, como Alfredo Nascimento e Orlando Silva, mas sempre foi voto vencido diante dos argumentos apresentados por ela.
Passadas as turbulências, tudo voltava ao normal, sem nenhum ruído ou sinal exterior de tensão. E a relação crescia quando Dilma encarava a oposição, como quando escreveu uma nota contra um artigo de Fernando Henrique Cardoso em que Lula era atacado, ou nas vitórias eleitorais recentes.
Agora, no “caso Rose”, é diferente. Antes, Dilma demitia ministros indicados por aliados políticos – salvo a exceção de Palocci. Agora, o nome da crise é Lula, de quem ela se vê forçada a se desvencilhar.
Lula, quando chegou de viagem da Índia, onde recebeu o prêmio Indira Ghandi, se disse “apunhalado pelas costas”.
Interpretou-se que a fala era dirigida à sua ex-chefe de gabinete em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, que teria feito tráfico de influência sem o seu conhecimento.
No caso da Operação Porto Seguro, diversos constrangimentos teriam sido evitados, se o ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, tivesse maior controle sobre as operações mais sensíveis da Polícia Federal.
Não para que Rose fosse poupada ou protegida. Mas para que a demissão ocorresse sem estardalhaço.
Hoje, Lula enfrenta diversos constrangimentos. É acusado de favorecer nomeações, como a da filha de Rose na Agência Nacional de Aviação Civil, após conversas ao pé do ouvido. E pode ter caído no grampo da Polícia Federal.
Do ponto de vista pessoal, os problemas são ainda maiores. Rose já é chamada de “mulher de Lula” por blogueiros, como Reinaldo Azevedo. Outros tucanos, como Xico Graziano, espalham pelo Twitter que ela e o ex-presidente teriam um caso extraconjugal. E jornais publicam informações de que Rose era uma espécie de “madame” ou segunda-dama, usando cartões corporativos sem nenhum tipo de controle.
O nome da crise atual é Lula. Uma crise que, segundo aliados de Lula, deveria ter sido evitada.
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