Acílio Lara Resende
A engenheira química Graça Foster, presidente da Petrobras (e, também, sua ex-diretora de Gás e Energia), é servidora de carreira desde 1977. Formou-se pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mas é mineira de Caratinga. Sua presença no comando da empresa, pela sua respeitável história de vida, despertou, na época, curiosidade e esperança. Ela própria ocupou lugar de destaque entre os maiores executivos do mundo. Funcionária da estatal desde os 24 anos, a caratinguense corre o risco de ver jogados no lixo 37 anos de casa.
Em meio a um terrível temporal que teve início com a descoberta da megarroubalheira na Petrobras, em cujo buraco, cavado por seus agentes, poderá caber, finalmente, este imenso país, Foster vive os piores dias da sua vida. Omissa, no mínimo (omissão, em direito, é ação negativa), será levada pela enxurrada da corrupção. Segundo os jornais, a presidente Dilma se nega a substituí-la. Sobra-lhe, porém, ainda, sua exoneração a pedido. O gesto, acompanhado de uma confissão e de um pedido público de desculpas, seria muito bem recebido pelos brasileiros.
Já citei aqui a bela lição que deixará aos políticos e ao povo do seu país o presidente do Uruguai, José Alberto Mujica Cordano, vulgo Pepe Mujica, que completará 80 anos no dia 22.5.2015. Em entrevista à “Folha de S.Paulo” e em resposta ao espanto que sua vida simples (sempre a mesma, dentro ou fora do seu país) causa no mundo, respondeu: “Isso me entristece. Se minha forma de vida for a dos círculos economicamente privilegiados de meu país, ela não estará de acordo com o que vive a maioria. Vivo como vive a imensa maioria do povo”.
Mujica, ao justificar a sua vida simples de homem público, se lembrou, provavelmente, do ex-Lula, pois o atual já recebeu as chaves do seu apartamento de verão – um triplex de 297 metros quadrados, localizado na chique praia do Guarujá, em São Paulo. Conforme noticiou a imprensa, a obra foi terminada pela OAS. Mas não nos espantemos, leitor, com mais essa singela informação, pois ainda esteve envolvida, na venda dos apartamentos do prédio, a Bancoop, cujo presidente, João Vaccari Neto, é tesoureiro do PT. A cooperativa é ré em ação na Justiça por não ter entregado 3.000 casas a cooperados seus. E Vaccari é o mesmo que está, hoje, no epicentro do furacão da Petrobras, acusado de desviar 3% dos investimentos da estatal para o seu partido.
Lula, o rico, não sabe nem nunca soube de nada…
Enfim, a Comissão Nacional da Verdade (CNV), em funcionamento há quase três anos: o relatório que apresentou na semana passada me parece, de fato, capenga. Mesmo assim, seria extremamente importante que os militares de hoje (ainda que a “verdade” publicada seja oficial e, por isso, incompleta), que nada têm a ver com o golpe de 1964, reconhecessem logo o estúpido braço armado do Estado e as violências cometidas pelos seus agentes, sobretudo a nauseabunda tortura. Por outro lado, é lamentável que os integrantes da CNV, em respeito aos nossos jovens, não tenham feito (e mesmo que ela já tenha sido punida) nenhuma referência a uma esquerda armada que também praticou atos de violência. O que fizeram, na realidade, foi assepsia de pessoas. Ou de cadáveres. É lamentável que não lhes tenham contado o que defendia e pretendia a maioria desses movimentos, que não lutavam pela volta do regime democrático, mas pela implantação de outra ditadura.
Sobre a revogação da Lei de Anistia, quem está certa é a presidente. Ela conheceu os dois lados… Que Deus salve o Brasil!
Nenhum comentário:
Postar um comentário