sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

André Vargas manobra para evitar cassação por envolvimento com Youssef



Do Ucho

Fila do abate – Coordenador da fracassada campanha da senadora Gleisi Hoffmann (PT) ao governo do Paraná, o ainda deputado federal André Vargas (sem partido-PR) vem adotando medidas desesperadas para tentar evitar a cassação de seu mandato por associação com o doleiro Alberto Youssef, o braço financeiro do esquema corrupção desmontado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
Vargas impetrou no Supremo Tribunal Federal (STF) mandato de segurança contra decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, que rejeitou o recurso no qual o parlamentar requereu a anulação do parecer do Conselho de Ética da Casa, que recomendou a cassação de seu mandato. O pedido, encaminhado na última terça-feira (2), está nas mãos do ministro Luís Roberto Barroso.
As relações entre o deputado, Gleisi Hoffmann e o marido da senadora, o ministro Paulo Bernardo da Silva (Comunicações), são antigas e profundas. Vargas foi coordenador de campanhas de Paulo Bernardo à Câmara dos Deputados e os ambos já foram processados pela prática de “caixa dois”. Na campanha de 2010, André Vargas foi o principal financiador dos candidatos do PT do Paraná, tendo distribuído recursos para todos os eleitos pelo partido.
O destino de Vargas, que está a um passo de perder o mando e tornar-se inelegível, é acompanhado com preocupação por Gleisi e pelo marido, que temem pelo contágio em efeito cascata. A própria Gleisi foi acusada pelos delatores da Operação Lava-Jato como beneficiária de R$ 1 milhão do carrossel de corrupção que girava em algumas diretorias da Petrobras. A avaliação é que a cassação de André Vargas transformaria a ex-chefe da Casa Civil na bola da vez. Tanto é assim, que Gleisi peregrinou no Senado Federal, batendo à porta dos gabinetes, para tentar evitar sua convocação pela CPMI da Petrobras.
Em 11 de novembro, após sucessivos adiamentos, a CCJ decidiu rejeitar, em votação simbólica, o pedido do deputado. Vargas argumentou que as provas utilizadas como base para a recomendação de sua cassação foram ilícitas. O ex-petista é investigado por manter relações nada ortodoxas com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato, deflagrada pela Polícia Federal em março passado. Entre as muitas estripulias que o colocaram no olho do furacão, Vargas viajou para o Nordeste em um jatinho pago pelo doleiro e também seria sócio de Youssef em um laboratório-lavanderia criado especialmente para lesar o Ministério da Saúde.
No recurso apresentado ao STF, a defesa de Vargas argumenta que o processo por quebra de decoro parlamentar resultou do vazamento ilícito dos primeiros dados da Operação Lava-Jato, relacionando o deputado com o doleiro Youssef na mediação de contratos da empresa Labogen e do laboratório EMS com o Ministério da Saúde. O parecer do Conselho de Ética da Câmara pode ser colocado em votação até o final deste ano. A iminência da votação teria motivado Vargas a recorrer ao Supremo, que se acolher o pedido suspenderá a tramitação do procedimento administrativo, acarretando a volta do processo ao Conselho de Ética.

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