“Há quanto tempo o País debate o
sistema energético? Desde a época em que a presidente Dilma Roussef
ocupava o ministério de Minas e Energia e afirmava peremptoriamente que
jamais viveríamos o drama do apagão. E nós verificamos que há apagões de
toda a natureza, com o governo buscando explicações, mas não admitindo,
não fazendo a necessária autocrítica para reconhecer que não adotou as
medidas anunciadas há tanto tempo”. Essa contradição, entre o discurso e
a prática do governo, foi apontada pelo senador Alvaro Dias em discurso
no plenário, nesta terça-feira (18/03).
O senador citou um diagnóstico feito
pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura, dirigido pelo professor da
Universidade do Rio de Janeiro, Adriano Pires, a pedido do jornal Folha
de São Paulo. De acordo com o estudo, os gastos para evitar
reajustes na conta de luz, na gasolina e no diesel, às vésperas das
eleições, podem chegar a R$ 63 bilhões neste ano. A despesa já é quase
igual ao da assistência social, incluindo o Bolsa Família (R$62,5
bilhões), e supera os desembolsos com o seguro-desemprego e abono
salarial (R$46,4 bilhões). “Isso demonstra o custo da ineficiência e do
populismo que o atual governo impõe ao povo brasileiro. É evidente que,
mais cedo ou mais tarde, o nosso povo estará pagando essa conta”,
destacou Alvaro Dias.
Outro ponto do estudo, citado pelo
senador, mostra que as medidas “populistas” que o governo tem anunciado –
deixando para 2015 o pagamento de uma conta que já supera R$ 20 bilhões
– não são insuficientes para evitar o racionamento de energia, já que a
equação não fecha: o déficit de oferta de energia elétrica, o
acionamento das térmicas e o caixa das distribuidoras, que estão
expostas involuntariamente às variações de preço, comprando parte da sua
energia no mercado livre e vendendo mais barato aos consumidores. “Em
2001, a racionalização do consumo de energia elétrica evitou o apagão.
Cabe lembrar que, naquela ocasião, ninguém ficou sem luz. Se não chover e
o governo não admitir a gravidade do problema, poderemos ter apagão, de
fato, pela primeira vez na história deste País”, disse Alvaro Dias,
reproduzindo declarações do especialista Adriano Pires.
Para o senador, a reposição dos quadros técnicos e a adoção de medidas que garantam investimentos
mais expressivos no setor, especialmente nas linhas de transmissão de
energia, seriam fundamentais para reduzir os prejuízos da população: “O
governo nesse aparelhamento histórico do Estado brasileiro, com o
loteamento dos cargos, desqualifica setores que exigem qualificação
técnica em nome do interesse político-partidário para atender o apetite
fisiológico daqueles que o apoiam. E com isso puxa para baixo a
qualidade de gestão também no setor de energia”, finalizou.
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